Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Mariani
foto: José Geraldo Magalhães Júnior Esta é a Mariâni Soares Gomes, 15 anos, de Juiz de Fora, MG. Ela é a nova presidente da Confederação Metodista de Juvenis e esteve em São Paulo, conhecendo a Sede Nacional da Igreja Metodista. Chegou na sexta à tarde e voltou no sábado, para não faltar à sua igreja no domingo. O compromisso do juvenil com a igreja local tem sido uma ênfase do trabalho realizado pelos conselheiros. Mariâni diz que gostaria de, junto com as federações, de motivar os juvenis a sentirem "vontade de estar na Igreja, não apenas pelo relacionamento, mas por Cristo".
Passamos quatro dias acompanhando e participando, como Conselheira local, do Congresso Nacional de Juvenis ocorrido, em Teresópolis-RJ, na Escola de Missões da Igreja Metodista. Muitos foram os louvores cantados, mas jamais vi um cântico ser cantado como tanta expressão de sentimento como "Eu quero é Deus!". Foram dias de grandes experiências com Deus e meu coração foi enormemente alcançado com o pedido incessante e vibrante de todos os juvenis: Eu quero é Deus...
Eram oitocentos e cinqüenta juvenis que cantavam e choravam na presença de Deus e, ávidos pela palavra, participaram ativamente da programação com alegria, sem necessidade de qualquer repreensão. Ao contrário: presenciei por vezes tamanha motivação e envolvimento que o culto terminava, mas o louvor não! Nesses dias a única coisa difícil foi convencê-los de que necessitavam também dormir!
Damos graças a Deus pelas bênçãos e especialmente por ter levantado pastores(as) e muitas pessoas nas igrejas locais que se dispuseram a trabalhar de modo a possibilitar que o desejo de Deus em alcançar o coração dos juvenis fosse concretizado.
Em minha trajetória de quase quarenta anos de metodismo, acompanhei várias Junames e o diferencial que testemunho desta é que, neste evento, o relacionamento não foi somente interpessoal. Presenciei um intenso relacionamento intrapessoal com Deus. Creio ter saído uma nova geração de adoradores, de obreiros, de missionários, comprometida com a unidade do corpo de Cristo, com o respeito às diferenças e com as diferentes formas de manifestação do poder de Deus. Talvez, uma geração menos míope que a minha.
Embora comovida e grata a Deus por seu agir, por vezes, ao pensar em nossas igrejas, tão esvaziadas de crianças e adolescentes, tive o coração muito entristecido e cheio de muitas interrogações. Onde estão as ovelhinhas de Jesus? O que se tem feito para arrebanhá-las? Por que o coração da moçada não se alegra mais em "ir para a casa de Deus"? Por que os filhos(as) dos "crentes" não se tornam "crentes" ? O que será do futuro da Igreja Metodista?
Sinto-me desafiada enquanto educadora a trazer algumas reflexões à nossa comunidade de fé, mas dirijo-me especialmente aos pastores(as), obreiros (as) e autoridades das Igrejas que receberam como missão a seguinte ordenança: "apascenta as minhas ovelhas" e ainda: "educa a criança no caminho que deve andar e quando for grande não se desviará dele".
Não se ensina uma criança da mesma forma como se ensina um adulto. Muito menos se ensina, hoje, como fomos ensinados no passado. Nós, educadores(as) cristãos(as), estamos presos(as) a um saudosismo em relação ao que vivemos, ou ao que fomos. Amados(as), os tempos modernos ou pós-modernos, como querem alguns, têm como premissa uma nova linguagem, um novo jeito se ser, do qual precisamos nos apropriar, caso desejemos nos comunicar com as crianças e com os adolescentes.
Por vezes tenho a sensação de que nossas crianças são tidas como invisíveis na igreja. São tratadas como se não fossem parte. São tidas como aquelas que atrapalham os adultos, a quem cabe a responsabilidade de prestar o culto. Às crianças cabem somente o silêncio, o não andar, o não correr. Irmãos e irmãs, essa concepção de criança, sem capacidades de interagir, de dizer, de ser e fazer, é própria da concepção educativa do século XV, e ainda estamos arraigadas a ela.
É obvio que a criança deve ser ensinada também a se portar no culto, mas o que quero mostrar é que nossa postura de superioridade em relação à criança é ingênua, pois temos muito que aprender com elas.
É bom não nos esquecermos das palavras de Jesus Cristo: "Deixai vir a mim os pequeninos, por que dos tais é o reino dos céus". Portanto, façamos da Igreja, um lugar inclusivo, que acolhe, que ama, que compreende e permite a ação do Espírito de modo livre, tanto em nós quanto nos pequenos, a quem muitas vezes entendemos que não estão "prontos" para serem parte da família cristã. Quem prepara e amadurece é Deus. A nós cabe a responsabilidade pelo ensino, freqüente intercessão por todas as pessoas responsáveis pelo ministério de educação cristã e o permanente compromisso com uma vida cristã exemplar.
Ao contrário do que muitos acreditam essa nova geração "QUER DEUS" e sem demora, devemos rever nossas práticas litúrgicas, nossos espaços educativos, nossos projetos de Igreja e permitir que elas sejam tratadas com respeito, dignidade, sejam cuidadas com amor e especialmente que possam assumir, com o protagonismo e criatividade que lhe são peculiares, espaços de fala e liderança, de modo a levantar um novo tempo para o Metodismo em que haja crescimento qualitativo e quantitativo, sob a orientação de nosso Deus.
Eunice Maria Nazarethe Nonato, Coordenadora do Ministério de Educação Cristã da Igreja Vila Jardim