Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 02/02/2012

Marcha Nacional da Água sensibiliza população para reconhecer a água como direito humano

Marcha Nacional da Água pede fim do projeto mineiro Conga e reconhecimento da água como direito humano

Teve início na quarta-feira (1º), no Peru, a Grande Marcha Nacional da Água. Delegações de todas as partes do país se dirigiram para Cajamarca, de onde partiu a manifestação que terá duração de 10 dias e se encerará em Lima. Os primeiros locais a serem visitados durante a caminhada são as lagoas que o projeto Conga planeja danificar para extrair ouro e cobre.

A grande marcha está sendo impulsionada pelo governador do departamento de Cajamarca, Gregorio Santos, e recebeu o apoio de diversas organizações de povos indígenas, coletivos de jovens, organizações mundiais que defendem a água e o meio ambiente, pesquisadores e trabalhadores peruanos.

O objetivo principal é a defesa da água e da Terra, especialmente a proteção das lagoas que serão afetadas pelo projeto Conga. Com vistas nisso, pedem a proibição do uso de cianureto e mercúrio na mineração, o fim das atividades mineiras nas cabeceiras de bacias e zonas de recarga hídrica e respaldo à Ordem 036 do Governo Regional de Cajamarca, que declara Conga inviável. Outro forte motivo para a realização da peregrinação é tentar sensibilizar a população a demandar ao governo do presidente Ollanta Humala que reconheça a água como direito humano.

Os dias de marcha serão repletos de atividades, sendo que os principais momentos serão o Fórum de Justiça Hídrica, agendado para o dia 9, em Lima, e uma grande mobilização pacífica e festiva pela água no dia 10, também na capital peruana.

Paralelamente à marcha, outras atividades de apoio deverão acontecer. Em Lima, coletivos de juventude, organizações sociais e organismos de direitos humanos realizaram hoje uma caminhada pelas ruas para apoiar e celebrar o início desta manifestação pacífica e democrática. Também em Cusco, Espinar, Canchis, Tambo, Arequipa, Tacna, Ancash, Iquitos e outros lugares das macro-regiões Norte, Centro, Sul e Oriente do país serão realizadas concentrações e mobilizações.

Com o mesmo intuito de defender os recursos hídricos da região, cerca de 500 moradores de Quiruvilca e Santiago de Chuco farão uma marcha de sacrifício saindo da serra da Liberdade rumo a Lima. A ação, que acontece na próxima sexta-feira (3), busca defender cinco lagoas localizadas na jurisdição e impedir que suas águas sejam usadas para beneficiar a mineração.

Os povos indígenas amazônicos também estão tendo suas terras e recursos naturais gravemente afetados. O problema desta população se deve à presença abusiva e contaminante das empresas petroleiras. Para lutar contra a tentativa de dominar as riqueza da região, a Organização Regional de Povos Indígenas do Oriente (Orpio) também se organizou para manifestar descontentamento. A ação aconteceu nesta quarta-feira na cidade de Iquitos.

Antes destas atividades, outras ações já estavam em andamento provando que o povo de Cajamarca está empenhado na proteção de seus bens naturais. De acordo com informações de Magdiel Carrión Pintado, presidente da Confederação Nacional de Comunidades do Peru Afetadas pela Mineração – Conacami, junto com organizações do Pacto de Unidade foi interposta medida cautelar ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para proteger a vida e a integridade das pessoas, já que a "defesa da água é a defesa da vida”.

Outra medida que está sendo tomada por parte da Conacami é a tentativa de criar uma Comissão da Verdade sobre a Mineração, que investigue todos os prejuízos causados pelas indústrias extrativas nos últimos 20 anos.

Projeto Conga - o Projeto Conga da transnacional Newmont-Buenaventura-IFC (Mineira Yanacocha) vem causando transtornos à população de Cajamarca desde o ano passado, isto porque o projeto de exploração de cobre e ouro deve desaparecer com quatro lagoas localizadas nas zonas altas de Cajamarca e causar danos ambientais irreparáveis à região. A população local teme uma emergência hídrica, já que boa parte da água utilizada vem destas lagoas, localizadas na cabeceira de bacias.

A aprovação do estudo de impacto ambiental foi um dos estopins das reclamações, pois este, mesmo tendo sido questionado pelo governo federal, foi aprovado, descumprindo a lei peruana que assinala que lagoas altandinas, bofedales (zonas alagadas altandinas) e geleiras constituem ecossistemas frágeis e que podem sofrem grandes efeitos com qualquer intervenção.

Natasha Pitts / Adital

Veja também o Blog oficial da Marcha


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