Publicado por Sara de Paula em Destaques Nacionais, Colégio Episcopal - 02/08/2019

Manifesto sobre a morte de indígenas brasileiros/as e outras violências

MANIFESTO SOBRE A MORTE DE INDÍGENAS BRASILEIROS/AS E OUTRAS VIOLÊNCIAS
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O Colégio Episcopal da Igreja Metodista, em sua missão de pastoreio e cuidado para com as vidas humanas, vem a público declarar sua consternação e ardor profético em favor das comunidades vitimadas pela violência nos últimos meses, particularmente aquelas em vulnerabilidade, como quilombolas, assentadas e indígenas. O recrudescimento da violência, com a morte de lideranças ocorrendo no interior de suas comunidades, sob as vistas de suas famílias, e ao estilo de execuções sumárias, não pode ser tolerado em nosso País como um Estado Democrático de Direito. Dentre os mais recentes episódios, destaca-se a morte do líder indígena Emyra Wajãpi, sob a alegação de que houve invasão da terra indígena Wajãpi por garimpeiros armados. Mas este não foi um episódio isolado.

Não se pode permitir o retrocesso que, há alguns anos, fazia das manchetes de chacinas um termo comum na vida do povo brasileiro, em disputas por territórios para exploração de recursos naturais como minerais preciosos, água ou madeira, entre outros. Grandes proprietários de terras e conglomerados econômicos, inclusive internacionais, muitas vezes foram encontrados por trás dessas ações ilegais que deixaram em desamparo famílias inteiras, alijadas de seus pais e mães que militavam pela defesa de seus direitos.

 A Igreja de Cristo tem diante de si a chamada bíblica: “Abre a tua boca em favor dos que não podem se defender; sê o protetor dos direitos de todos os desamparados! Ergue a tua voz e julga com justiça, defende o pobre e o indigente” (Provérbios 31.8-9).

Conclamamos nossas lideranças políticas, em todas as esferas, a conduzir suas falas de modo mais conciliatório, lembrando que todos os brasileiros e brasileiras estão sob sua guarda e égide enquanto governantes. Que sigam o exemplo de Isaías, no qual vemos o reflexo de Cristo, quando postula o modelo de liderança que agrada a Deus: "Eis o meu Servo a quem sustenho, o meu eleito, em quem tenho toda a alegria. Tenho nele o meu Espírito e ele fará justiça às nações! Não usará de gritos, nem clamará ou levantará a voz pelas ruas. Não quebrará o caniço rachado e não apagará o pavio que esfumaça. Em verdade e fidelidade implementará a justiça" (Isaías 42.1-3).

Às Igrejas Cristãs em geral e à Igreja Metodista em particular, nós, bispos e bispas, rogamos um posicionamento como corpo de Cristo, que acolhe o ferido, ama a desvalida, ampara a criança carente, protege o idoso e a idosa que sofre e entende que todas as famílias da terra, independentemente de sua etnia, são abençoadas em Cristo e devem ser protegidas de toda forma de violência. Devemos entender nosso papel, como representantes do Evangelho, uma vez que “conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por amor de vós, para que pela Sua pobreza vos tornásseis ricos” (2 Coríntios 8.9).

Cristo, como modelo que acolhe, ama e se entrega em favor da pessoa humana,  demanda que nos tornemos porta-vozes da paz e da justiça, num mundo contaminado pelo ódio, egoísmo e pecado. Doutra forma, não podemos ser considerados discípulos e discípulas de Jesus. Nossa herança na história do Metodismo desde seus primórdios nos constrange e mostra que devemos seguir a direção de Cristo. 

Orando para que haja paz nas cidades, nos campos e aldeias, seguimos afirmando que o amor de Deus deve ser o verdadeiro juiz no trato entre as pessoas e que a dignidade humana deve ser preservada, clamamos pelo fim da violência e cremos no mover de Deus para a promoção da justiça e da paz.

Em Cristo,

 

Colégio Episcopal da Igreja Metodista

02 de agosto de 2019.

 


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