Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Manifesto da mocidade metodista da Remne

Prezados/as  Irmãos/as em Cristo:

Graça e paz!

Realizamos em julho de 2007 o I Congresso e Encontro Regional da Juventude Metodista. E durante este Congresso foi elaborado, pela Juventude, um manifesto, no qual falamos sobre a nossa indignação a respeito da violência contra a mulher, da prostituição infantil, etc.

Gostaríamos, se for possível, que todos /as divulguem, mandem para os orgãos públicos de suas cidades, mas não deixe calar a voz da nossa Juventude.

Segue o manifesto em anexo.

Em Cristo Jesus, que nos chama à reflexão...

Ana Paola Leite

Conselheira Regional dos Juvenis do Nordeste - Igreja Metodista  

MANIFESTO DA MOCIDADE METODISTA DA REMNE

Diante do contexto político e social brasileiro os/as juvenis e jovens metodistas no Nordeste enfatizam o compromisso de "testemunhar a alegria e a esperança do serviço". Este propósito, definido nos Concílios Geral e Regional da Igreja Metodista, provoca um questionamento: como podemos investir nossos talentos e dons com uma ação efetiva em favor do povo nordestino?

Com pouco mais de 46 milhões habitantes, o que representa 28,9% do total do Brasil, o Nordeste é a região mais pobre do país, onde 50,12% da população têm renda de meio salário mínimo. A expectativa de vida é a menor do Brasil: aproximadamente 64 anos de idade. A maioria dos nordestinos se concentra na zona urbana (60,6%), e o maior contingente de pobres e miseráveis está entre os nove estados nordestinos, que também registram os mais elevados níveis de desigualdade social.

Segundo relatório do Unicef publicado em 1999, as 150 cidades com maior taxa de desnutrição infantil estão no Nordeste. Nelas 33,66% das crianças menores de cinco anos são desnutridas. De acordo a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, em 2002, havia 14,6 milhões analfabetos no Brasil (11,8 % da população de 15 anos ou mais de idade, contra 17,2% em 1992). A situação se agrava particularmente na zona rural nordestina, que concentra 8,3 milhões de analfabetos. A defasagem entre idade e série escolar atinge 84,1% das crianças de 14 anos no Nordeste, contra 51,8% do Sudeste. A educação é dever do Estado e direito do cidadão assegurado pela Constituição Brasileira. Cremos que a capacidade de ler e escrever só se complementam quando são garantidas as condições do indivíduo se tornar sujeito, protagonista de sua história, a partir da "leitura" crítica e cidadã da sociedade e do mundo que o cerca.

A mocidade metodista nordestina está convicta de que a raiz do problema não reside no status social de nossa região, mas na vontade política, na capacidade de gestão do poder público, no funcionamento das instituições e no exercício da cidadania, a fim de promover uma sociedade mais justa e fraterna.

O Nordeste é a região do país que abriga o maior número de Patrimônios Históricos e Culturais da Humanidade. A beleza de nosso litoral e a diversidade cultural atraem turistas brasileiros e estrangeiros. O turismo gera divisas, emprego e renda, estimulando a economia da Região. Uma das faces da presença maciça de turistas estrangeiros em nosso litoral é a exploração sexual de crianças e adolescentes. Estatísticas oficiais apontam que na região Nordeste existem 436 destinos turísticos onde é praticado o aliciamento de menores. As denúncias de pais que oferecem seus filhos em "promoções" de R$ 1,99 são comuns. Na rota de aliciadores, meninas (e meninos) se tornam vítimas não apenas da desestruturação familiar ou econômica, mas da omissão do poder público e do silenciamento da sociedade.

No Brasil, existem 28 milhões de jovens entre 15 e 22 anos, o que representa 16% da população. Não somos apenas numerosos, empregamos nosso vigor e criatividade no mercado de trabalho, ajudando a construir o país de hoje e do futuro. Jovens e adolescentes que trabalham correspondem a 18% da população economicamente ativa, segundo o IBGE. Entretanto, a conjuntura do país, firmada na desigualdade social e na concentração de renda, compromete o amplo acesso do jovem ao mercado de trabalho. Prefeituras e Estados devem criar mecanismos para inserir a juventude em programas de iniciação ao mercado de trabalho e de capacitação profissional.

Mais informada e bem ajustada às novas tecnologias, a juventude aprofunda o abismo entre o conhecimento e a prática, à medida que o amplo acesso à informação deu ao jovem a capacidade de apreender a realidade, mas não o impediu de ter uma postura decisiva diante dos fatos.

No campo das drogas, segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 25% dos estudantes de ensino fundamental e médio já consumiram algum tipo de substância química, entre elas o álcool e o tabaco. Jovens de 15 a 24 anos são as maiores vítimas de acidentes automobilísticos. Pernambuco, ao lado do Rio de Janeiro, é um dos estados onde a violência contra o jovem é maior. Segundo o IBGE, em Pernambuco, em 2000, havia 198 homicídios para cada 100 mil homens jovens, 91% deles com armas de fogo. De 1991 para 2000, o crescimento das mortes de homens jovens por armas de fogo foi de 121%, passando a taxa de 80,9 por 100 mil para 179,5 por 100 mil.

Pesquisa do Ministério da Saúde revela que a faixa etária dos 16 aos 25 anos é a mais bem informada sobre Aids. No entanto, esse conhecimento não se reflete em um comportamento seguro, visto que os jovens são os que mais se expõem a risco sexual.

Diante desse contexto desafiador, entendemos que nosso envolvimento com a sociedade precisa ter uma dimensão evangelizadora. O zelo missionário não pode estar desvinculado de um olhar consciente para a condução política de nossos estados e país. É da maior urgência que a moralidade e a ética na política sejam resgatadas. Cremos firmemente que ética não se negocia e o carisma não substitui o caráter. Não queremos comprometer nosso discernimento com justificativas improcedentes, raciocínios falaciosos e conchavos políticos.

De que vale o crescimento da economia sem respeitabilidade na gestão da máquina pública? Reordenar os rumos do nosso país é condição necessária de nossa missão. Não queremos nos esconder entre os escombros da omissão porque a maioria dos integrantes de nossos poderes está com a moral suja. As vítimas do caos aéreo não podem "relaxar" diante do descompromisso do governo em fazer "decolar" o planejamento e o controle de pessoal e equipamento. Não vamos deixar a vida nos levar.

Não queremos mudança de legenda, ou alternância de CPI´s, mas investigações sérias e efetivas, comprometidas com o social, a fim de que os "mensaleiros" e ladrões sejam julgados. Queremos cultivar a esperança em um país onde as instituições funcionam, os líderes assumem seu papel com decência e integridade e comprometidos com o serviço ao povo. Assim, o respeito coroará os honestos e a justiça disciplinará os culpados.

A mocidade metodista no Nordeste se identifica com os que sofrem sem Deus, sem salvação e relegados ao esquecimento pelo governo e a sociedade. A mancha da corrupção sangra a nossa bandeira, mas não pode apagar a chama de nossa brasilidade. Nossa pátria nos une, nossa fé nos faz irmãos e deve ser uma permanente fonte de motivação para penetrarmos com leveza, e profundidade, no campo das diferenças.

O Espírito Santo nos impulsiona a encarnar o amor de Jesus Cristo, sendo cada metodista um/a missionário/a, cada lar uma igreja, espaço de acolhida em favor dos que sofrem, sejam crianças, jovens, homens e mulheres. A juventude metodista no Nordeste assume sua missão de levar a esperança, multiplicando as boas novas, compartilhando sonhos, e projetando o Reino de Deus. Nossa vocação e herança metodista nos impulsionam a semear. Lancemos as redes!

Recife, 15 de julho de 2007


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