Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Lutero pr Ronan

A NECESSIDADE DE SE MANTER O ESPÍRITO DA REFORMA

Rev. Ronan Boechat

Jesus pregou o Evangelho do Reino e o ensinou aos discípulos. Os discípulos por sua vez foram fazendo novos discípulos e os ensinando a fé cristã. Mas ao longo da história da Igreja vemos o quanto a mensagem de Jesus foi deturpada, adequada, adaptada e até esvaziada em seu sentido original.

Alguns cristãos ao longo da história perceberam isso e lutaram por reformas na vida da Igreja, ou seja, confrontar nossa fé com a pessoa fundante do cristianismo, Jesus Cristo, e sua mensagem original. Voltar às fontes. Praticamente todas as vezes que vamos sair de casa e que nos arrumamos, nos colocamos defronte do espelho, para ver como está a aparência: o cabelo, a maquiagem, a roupa, etc... É um rito quotidiano.

Estamos sempre usando o espelho para dar aqueles retoques necessários à nossa aparência. Na Igreja, a Bíblia e a história de Jesus, o Deus que se fez homem, deveriam ser o espelho da Igreja. E a Igreja constantemente colocar-se frente a esse espelho, que revela não apenas a aparência mas quem de fato nós somos. Não colocar-se diante de um texto bíblico retirado de seu contexto como tanto temos visto, e que ao invés de nos revelar nossos desleixos e distorções, acaba legitimando as distorções, próprias de interpretações equivocadas, fragmentárias..., como se uma pessoa se olhasse diante daqueles espelhos côncavos ou convexos que deformam a imagem.

Aí se acredita que a verdadeira imagem da igreja é a deformação. Essa edição de nossa revista trata da Reforma Protestante de 1517. E com ela a história de um homem corajoso e de fé, que conseguiu (acreditamos!!) sob as bondosas mãos de Deus, fazer a igreja cristã confrontar-se com ela mesma, denunciando as práticas deformadas e clamando que tivéssemos o Jesus histórico (o Deus encarnado!) por parâmetro e modelo, voltando às origens e às fontes originais do Evangelho.

É verdade que embora o nome de Martinho Lutero seja o do herói da Reforma Protestante (e ele deve ser lembrado por nós com essa justa homenagem), não podemos nos esquecer dos que o precederam e abriram caminhos para a Reforma enfrentando, inclusive, a perseguição de uma igreja cruel e intolerante e o martírio.

Quero lembrar nessa edição os nomes de Tomás Bradwardine (teólogo e matemático inglês do século XII), Gregório de Rimini (teólogo italiano), João Wycliffe (professor da Universidade de Oxford), João Huss (sacerdote da Boêmia que foi queimado em praça pública por ordem do Concílio de Constança em 1384), João de Wessel (teólogo alemão que morreu em 1489 na prisão após ser condenado pela "heresia" de querer que os sacerdotes tivessem uma vida semelhante  com a de Jesus e por opor-se à venda das indulgências), Jerônimo Savonarola (monge dominicano italiano que foi enforcado em 1498 por denunciar a imoralidade papal), Desidério Erasmo, também conhecido como Erasmo de Roterdam, (humanista holandês que satirizou ironicamente os desvios da Igreja em seu famoso livro "Elogio da Loucura"). E ainda precisamos lembrar dos nomes dos outros Reformadores ao lado de Lutero, a saber: Ulrico Zuínglio, João Calvino, João Knox, Tomás Münzer, André Von Carlstadt, Felipe Melâncton, Matias Flácio Ilírico, Martinho Chemnitz, Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano, João Ecolampádio, Guilherme Farel, Martinho Bucker, Henrique Bullinger e Teodoro Beza, entre outros.

Homens dos quais, segundo Hb 11:38, "o mundo não era digno". Louvado seja Deus, porque se há desvios na vida da Igreja, também háo Espírito Santo que usa homens e mulheres para promover as reformas necessárias na vida de sua igreja.


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