Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
liturgia
Ministério de Ações Afirmativas Afro-descendentes - AA-Afro
Igreja Metodista - Terceira Região Eclesiástica
novembro 2006
Intruções para ambientação do espaço cúltico
Ambientação: tecidos de cores fortes, instrumentos, painéis com motivo afro;
Altar: sobre a mesa usar toalhas em cores: verde, preta, amarela e vermelha. Vaso com planta ou uma árvore pequena, vela ou castiçal, Bíblia, vaso de vidro com água e frutos da terra variados e coloridos.
Simbologia das cores:
Verde: período litúrgico, reflexo de nossas florestas (natureza);
Preta: evoca o mistério, o sagrado, a ação de louvor a Deus pela existência da etnia e pertencer a ela, ou seja, nascido "negro/a";
Vermelha: evoca vida, aliança, salvação pelo sangue de Cristo. Traz à memória o sangue derramado de nossos irmãos e irmãs ancestrais.
Para o momento da confissão: Preparar um painel no templo e colar textos, imagens, recortes de jornal ou revistas sobre a condição social dos/as negros/as e afro-brasileiros/as no Brasil.
Recepção na entrada do templo: organizar duas equipes: uma para o rito de purificação das mãos ? essa recepcionará oferecendo a cada pessoa água para lavar as mãos: ter à mão jarro com água, bacia para depositar a água usada, toalhas de papel. Após lavar as mãos, uma outra equipe recebe a pessoa com um abraço fraterno, acolhedor e acompanha-a ao espaço templo ou onde acontecerá a celebração.
Acordar (A-COR-DAR) com Alegria para a Vida
Chegada: Ritual de purificação das mãos [à entrada do templo]
Água - milagre renovador e purificador da vida
"A Alegria do Senhor é a Nossa Força"
Prelúdio: som suave de tambor/atabaque
Palavra de Acolhida
D: Como é bom, agradável e motivador que os irmãos e irmãs de fé e de sangue vivam em união. Sejam bem-vindos homens, sejam bem- vindas mulheres, jovens e crianças, adultos e idosos, de todas as classes, de todas as etnias, de todas as cores e todos os lugares. A casa é de Deus e foi Ele quem nos fez. Ele nos convida a celebrar a alegria e a esperança pela vida. Neste encontro trazemos na memória que é tempo de Consciência Negra, a lembrança de um povo alegre, bonito e cheio de vida que, apesar do sofrimento, do escárnio da escravidão, do exílio da África, da dor da morte violenta, revive em sua descendência o orgulho de sua história, cultura; resistência e esperança de justiça; de fé no Deus que é Pai de toda família humana e derrama sua Graça sobre todos/as. Com as mãos limpas e com o abraço acolhedor, marcas da hospitalidade africana e afro-brasileira, recebemos a cada um e cada uma com todo carinho, porque você é presente de Deus para nossa comunidade.
Cântico comunitário: Água [Simei Monteiro - Cancioneiro Cantos de Fé]
Aqui chegando, Senhor, que poderemos te dar,
Um simples coração e uma vontade de cantar;
Recebe o nosso louvor e tua paz vem nos dar.
A tua graça, Senhor, melhor que a vida será.
E o teu amor em nós será manancial
De água boa a jorrar, pra nossa sede estancar.
Litania de Adoração
D. Deus, nosso Pai, aqui viemos para te adorar.
C: É verdadeiramente digno, justo e de nosso estrito dever, que em todos os tempos e lugares Te rendamos graças, ó Senhor, Santo Pai, Onipotente e Eterno Deus. Portanto louvamos e engrandecemos o teu glorioso nome, Exaltando-Te sempre e dizendo:
T. Santo, Santo, Santo, Senhor Deus onipotente, Os céus e a terra estão cheios da tua glória. Glória te seja dada, Ó Senhor altíssimo. Amém.
Cântico comunitário: Wa, wa, wa, Emimimo [língua Yoruba-Nigéria - Cancioneiro CEBEP XVII SAT/1997]
[Vem Espírito de Deus, Vem derrama o Teu poder]
Wa Wa Wa Emimimo - Emioloye
Wa Wa Wa Alagbara - Alagbara meta.
Wao, Wao Wao. Emimimo
"Celebrar é nos libertar e contribuir para libertar o mundo"
Convite à confissão:
Quem ou o que nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, angústia, perseguição? Será fome, nudez, perigo ou espada?" Será classe social, cor da pele ou etnia? O que pode te distanciar do amor de Deus?
Ato de confissão:
a. apresentação da condição social dos/as negros/as e afro-brasileiros/as no Brasil ? painel com textos, imagens, recortes de jornal ou revista;
b. Apresentação dados estatísticos sobre crianças, violência com jovens, mulheres, doenças a que a população negra está mais vulnerável, etc.
c. Deixar que as pessoas denunciem fatos e situações discriminatórias.
Silêncio: confessemos nossos pecados e os pecados da humanidade que têm agredido a vida, roubado a paz, crescido na injustiça e gerado dor, sofrimento, tristeza e morte.
Cântico/leitura de poema: Tem piedade [Cancioneiro Cantos de Fé]
Tem piedade de mim, Senhor,
Tu que és amor fiel
Pela tua bondade imensa, apaga minha culpa.
Lava toda minha iniqüidade.
Só tu senhor podes purificar-me do meu pecado.
Tem piedade de mim, Senhor.
Palavra de Vida: "Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel..." {Ex 3.7,8}
Cânticos:
Bate, batuque [CD Todas as Crianças]
Tempo de Esperança [CD Todas as Crianças]
"Fala que Edifica e Acorda para a Vida"
Reflexão: Se as pessoas podem aprender sobre a guerra e a morte elas
podem também aprender sobre a paz e o amor (N. Mandela). "A fala pode criar a paz, assim como pode destruí-la. É como fogo. Uma única palavra imprudente pode desencadear uma guerra, do mesmo modo que um graveto em chamas pode provocar um grande incêndio." [adágio malinês - Hampaté Bâ, História Geral da África]. "Fala é dom de Deus. Pode-se ver, ouvir, cheirar e saborear a fala."
Partilha - Trazemos à memória:
(A comunidade é convidada a lembrar nomes de pessoas e personalidades negros/as que fizeram parte da história da Igreja Metodista, de famílias da comunidade ou da História brasileira)
"Por existir horizontes, seguimos o caminho." E "Por existir Esperança, Sonhamos com a Igualdade"
Leitura Bíblica: "Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por
meio daquele que nos amou." (Rm 8.37)
Intercessão:
D: Senhor Deus ajuda-nos a viver a dimensão da tua graça que nos torna plenos:
C: Que como povo de Deus, sejamos sensíveis às situações de pobreza, miséria, discriminação e racismo.
D: Ajuda-nos a trilharmos pelas sendas da igualdade, da tolerância, do respeito e cuidado pelo nosso irmão e pela nossa irmã sem perdermos dignidade;
C: Que no que depender de nós, tenhamos sempre ações que promovam vida, saúde, justiça com o povo negro;
D: Oramos, Senhor, pedindo-te que acabes com as formas destrutivas que os homens e mulheres insitem em praticar.
C: Que acolhamos os nossos irmãos e as nossas irmãs africanos[lcr1] refugiados pelas guerras. As famílias e as vítimas de enfermidades características de nossa etnia, como anemia falciforme, e pelas casas de atendimento a esses casos.
D: Intercedemos pela juventude negra vítimas dos crimes e da violência. Pelas crianças que desde cedo são excluídas das escolas, que perambulam pelas ruas em busca de seu ganha-pão.
C: Que como Igreja sejamos agentes de libertação, transformação, e eqüidade. Que a aliança multicor do teu amor, ajude-nos a a-cor-dar para uma vida rica em plenitude para todos e todas.
Envio
D: Irmão e irmãs, num gesto de confiança e compromisso olhe para os(as) que estiverem ao seu lado... que o seu sorriso seja contagiante... e seus braços e mãos extensões do seu coração. Agora que vamos partir desse lugar lembremo-nos: nossa luta é grande, mas maior ainda é aquEle que vai conosco. Nas lutas sejamos obstinados e ternos, sem perder a esperança. Conte comigo porque eu conto com você em nosso sonho de tornar esse mundo mais justo, mais igual, mais feliz e melhor.
Bênção cantada/declamada - Neusa Cezar (formar uma roda)
A bênção de Deus nosso Pai [mãos erguidas para o céu]
A bênção de Deus, o filho Jesus [mãos tocando o chão]
A bênção de Deus, Espírito Santo, [mão no ombro das pessoas ao lado]
Seja com todos nós.
D:- Dirigente C: - Comunidade T: todos e todas
Liturgia elaborada por: BasileleMalomalo, Diná da Silva, Edson César da Silva, Juliana de Souza, Luiz Carlos Ramos e Neusa Cezar
(Algumas informações estatísticas que podem ser usadas na confissão ou intercessão)
DIGA NÃO A DISCRIMINAÇÃO E ÀS INTOLERÂNCIAS
A Igreja Metodista é chamada a ouvir o clamor do povo negro brasileiro:
1. As mulheres negras morrem durante a gravidez principalmente por causa da hipertensão arterial o que pode denotar má qualidade de atenção prestada durante o pré-natal e ao parto ou ainda menor acesso aos serviços. (Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2005. (http://200.214.130.54/svs/)
2.Três vezes mais mulheres negras morrem na idade reprodutiva por complicações na gravidez, parto e puerpério (pós-parto) em comparação com as mulheres brancas ( Fonte: Manual de assistência à saúde da mulher negra)
3 - Risco de morte por doenças infecciosas e parasitarias: 60% maior em crianças pretas e pardas com menos de 5 anos que outras crianças(Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2005. (http://200.214.130.54/svs/)
4 - No Brasil 40% das mães dos nascidos vivos referiram ter feito 7 ou mais consultas de pré-natal. Os menores percentuais foram observados para mães pretas, pardas e indígenas. Nas regiões norte e nordeste o numero de consultas cai, independentemente da escolaridade da mãe.
(Fonte: Brasil. Ministério da Saúde, 2005. (http://200.214.130.54/svs/)
5 - As mulheres negras - pretas e pardas - recebem 50% a menos que brancas, diz IBGE; renda média foi de R$ 330 para R$ 300 no Sudeste pesquisa mostra que mulheres negras e pardas ganham ainda menos do que as brancas. Em 2000, elas recebiam em média 51% do rendimento médio das brancas. A diferença salarial é maior na área urbana do Estado do Rio, onde as pretas e pardas chegam a ganhar só 48,6% da renda das brancas.( Fonte:Folha de São Paulo DINHEIRO, de 23 /05/ 2006)
6 - Segundo pesquisa do SEADE aponta que 39,0% dos desempregados eram negros/as
7 a população negra do Estado de São Paulo é de 27,2%
8 - Fonte: Agência Estado:26 Set /09/2006
A segunda edição da pesquisa Retrato das Desigualdades, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), aponta que :
Os/as negros compõem 71% do grupo do grupo dos mais pobres da população brasileira enquanto que entre os 10% mais ricos os negros representam apenas 18% contra 82% de brancos.
O grupo que mais sofre discriminação - racismo e sexismo - é o de mulheres negras: demoram mais para conseguir trabalho, têm menos escolaridade e menos acesso a cuidados para a saúde, trabalham mais tempo e têm a pior remuneração.
O estudo mostra que em 1993 os brancos estudavam 2,1 anos a mais que os negros, e que em 2004 a diferença caiu para 1,9 ano ..
O acesso à saúde também é diferenciado, aponta a pesquisa.
44,5% das mulheres negras nunca haviam realizado exame clínico de mamas em 2004, o total de brancas sem o exame era de 27%
20% da população negra nunca fizeram consultas odontológicas, contra 12% da população branca.
Em relação à exclusão digital, 92,4% da população negra não tinham acesso a um computador em 2004, contra 76,9% da população branca.
O percentual de negros que não tinha acesso à internet era de 94,7% e o de brancos, de 82,2%.
9 - Cotistas da UFABC se superam: A instituição destinou 50% das suas 1.500 vagas a alunos provenientes da escola pública, com uma subcota para negros e indígenas. Se o sistema não tivesse sido adotado 158 dos 750 estudantes não teriam tido acesso à Universidade. Segundo os dados divulgados pela Universidade a nota máxima dos aprovados não cotistas foi 88,8 contra 84,6 dos cotistas. A nota mínima dos não cotistas foi 58,3 contra 53,7 dos cotistas, diferenças consideradas praticamente insignificantes. ( Fonte: Afropress - 12/9/2006)
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