Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

liberdade ameaçada em Rondônia

Em agosto a Diocese de Ji-Paraná, da Igreja Católica, e o Sínodo da Amazônia, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil IECLB) e outras entidades divulgaram um cartaz com a foto de 23 deputados estaduais que estão sendo investigados pela Polícia Federal por corrupção e desvio de recursos públicos. Neste cartaz constava a foto do atual governador de Rondônia, também candidato, Ivo Cassol, que está sendo processado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de formação de quadrilha, desvio de dinheiro público, extração e contrabando de diamantes da reserva Roosevelt.
Em função deste episódio, o bispo católico recebeu ameaça anônima de morte e foi processado por injúria e difamação juntamente com outras pessoas que com ele se solidarizaram, entre elas os pastores luteranos Walter Sass e Jandira Keppi.

No último dia 15 de setembro, o grupo foi condenado e o TRE decidiu manter a liminar concedida ao governador do estado da Rondônia, Ivo Cassol que proíbe a divulgação dos cartazes e ainda impõe multa diária no caso de manutenção do material.
Diante disso a IECLB, reunida com expressivas e representativas lideranças nacionais, achou imprescindível manifestar-se a respeito da situação, expressando sua inconformidade. Fruto da expressão coletiva, a nota é assinada pelo Pastor Presidente da IECLB e também moderador do Conselho Mundial de Igrejas, Walter Altmann. Abaixo, segue a nota na íntegra.

NOTA À IMPRENSA

O Deus Eterno diz ao seu povo: "Sigam a justiça e façam o que é direito, pois daqui a pouco vou livrá-los, mostrando assim o meu poder salvador." (Isaías 56.1)

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB, como parte da Igreja de Cristo no Brasil, em reunião nacional de seus pastores e pastora sinodais, bem como dos presidentes dos conselhos sinodais de todas as regiões do país, reunidos em São Leopoldo/RS, nos dias 14 a 16 de setembro de 2006, manifesta sua solidariedade ao Bispo D. Antônio Possamai da Igreja Católica Apostólica Romana - Diocese de Ji-Paraná, à Pastora Jandira Keppi e ao Pastor Walter Sass, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Sínodo da Amazônia, e ainda às pessoas representantes do Fórum de Transparência de Ji-Paraná, que vêm sendo ameaçados e processados junto ao Tribunal Regional Eleitoral, pelo Governador de Rondônia, por terem manifestado seu descontentamento e sua indignação pela corrupção institucionalizada em diversas áreas governamentais e não-governamentais no Estado de Rondônia.

Tal situação, que até agora não teve a devida divulgação na mídia nacional, é uma agressão à livre expressão de opinião e, portanto, ao estado de direito em nosso país.

            A pressão e a tentativa de calar todas aquelas pessoas defensoras dos direitos humanos no Brasil não têm sido nem casos isolados nem episódios sem maiores conseqüências. Lembramos da Irmã Dorothy Stang que, mesmo tendo informado às autoridades que corria risco de morte, não recebeu proteção especial e, uma semana após, foi barbaramente assassinada no estado do Pará.

Não queremos que algo semelhante aconteça em Rondônia com outras pessoas que têm um compromisso com a vida e a verdade. Por isso, a população brasileira precisa tomar conhecimento das pressões e dos processos, por que passam todas as pessoas que denunciam as arbitrariedades que têm ocorrido naquele Estado.

É preciso dar um basta às intimidações a pessoas e instituições que denunciam a corrupção. Denunciamos que elas estão sendo constrangidas a processo por defenderem o interesse público, numa legítima expressão da sociedade civil organizada, da qual fazem parte também as igrejas.

Não podemos calar-nos diante de tanto descalabro, pois cremos que numa democracia todo poder emana do povo, e que o poder delegado tem a finalidade única de bem servir ao povo em suas necessidades, e não para dele se servir em proveito próprio ou de grupos particulares de interesse. Só assim também estará cumprindo com a vontade de Deus.

Porto Alegre, 19 de setembro de 2006.

Walter Altmann

Pastor Presidente


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