Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 03/09/2012

Leia a reportagem especial sobre a Escola Dominical na Igreja Metodista

Ela é essencial para edificação na igreja. Tem no currículo milhares de cristãos/ãs convertidos/as pelo mundo. Propaga os valores do Reino de Deus e oferece educação para todas as idades, dispondo apenas do trabalho voluntário. Esta é a Escola Dominical. Curioso, é que mesmo com tantos atributos e resultados, esta ferramenta bicentenária de educação cristã tem sido negligenciada.

A ascensão de novas estratégias de crescimento de igreja é uma das causas apontadas para o enfraquecimento da Escola Dominical. Os membros hoje têm livre acesso também a materiais de estudo bíblico, vídeos, livros e informações em diversas fontes na internet e na televisão. A concorrência é grande e os responsáveis pela educação nas igrejas precisam se adaptar e encontrar saídas.

Outro obstáculo da Escola Dominical, talvez o principal, é o desvio da visão. Em muitas igrejas, o enfoque evangelístico parece ter ficado de lado. A ED tornou-se uma ferramenta de manutenção e não de crescimento. O papel desta importante agência não deve se limitar a comunhão e ensino bíblico. A Escola Dominical precisa ir ao encontro do cumprimento da Grande Comissão.

“Alinhar o propósito da Escola Dominical com o de Jesus é questão crucial para o crescimento equilibrado da igreja. Esse continua sendo o desafio dos programas de ensino e da Escola Dominical, em particular”, acrescenta o bispo João Carlos Lopes (6a Região).

O pesquisador norte-americano Ken Hemphill argumenta que poucos contestariam o papel significativo da Escola Dominical na história do crescimento da igreja. Porém, devemos fazer um retrospecto e aprender algumas lições. “A Escola Dominical não perdeu sua eficácia como ferramenta de crescimento, mas, o que acontece, é que nós não mais fazemos uso dela como no seu propósito original. A chave de fenda é uma ferramenta útil quando usada adequadamente, embora totalmente ineficaz para servir de martelo”.

Missão - o papel da Escola Dominical como agente de crescimento e expansão está comprovado. Muitas Igrejas Metodistas foram abertas no Brasil, por causa do trabalho de ensino bíblico, especialmente com as crianças. “A educação metodista sempre foi um dos veículos mais utilizados e eficientes para cumprir a missão. A Escola Dominical para a vida e a missão da Igreja é inquestionável”, declara o Coordenador Nacional de Educação Cristã, rev. Eber Borges da Costa.

Os membros mais antigos nas igrejas são frutos da ED, ou conhecem alguém que o seja. Testemunhos não faltam. O rev. Luiz Rodrigues, da Região Missionária da Amazônia, conheceu Jesus numa Escola Dominical em 1990. “O Senhor transformou a minha vida e gerou conversão no meu caráter. Sou fruto da ação de Deus através da Escola Dominical”.
No Rio de Janeiro, rev. ­Ronan Boechat vivenciou uma expe­riência semelhante. Ele teve um encontro com Deus, estudando uma lição da revista Flâmula Juvenil, em 1974 na igreja em Itaperuna-RJ. “Senti meu coração aquecer. Não sabia o que estava acontecendo comigo, só mais tarde fui saber. Eu havia sentido a presença de Deus e nunca mais deixei de ir à igreja e de ter uma vida espiritual”.

O desafio das igrejas hoje é gerar mais testemunhos de conversão, por meio da Escola Dominical. O que não acontece, de acordo com a pedagoga metodista Célia Bretanha Junker Silva, em parte, devido a falta de clareza da missão pedagógica.

“O clima de desmotivação gerado pelo desconhecimento da verdadeira função da Escola Dominical demonstra que ela tem deixado de cumprir sua função educativa, que é, dentre outras, a de transformar as pessoas e a sociedade de um estado de morte - opressão, frustrações, falta de propósito - para uma qualidade de vida baseada nos princípios cristãos - amor, liberdade e direitos humanos”, argumenta a educadora.

Outro problema apontado é a falta de preparo do corpo docente. Sem embasamento teórico, psicológico, bíblico e didático, não há como criar expectativas de crescimento e de interesse dos/as alunos/as. Na maioria das escolas dominicais, as principais baixas são de adolescentes e jovens.

O metodista Jorge Wagner de Campos Freitas estudou a evasão de alunos/as entre 12 e 18 anos na Escola Dominical, especialmente da 5a Região Eclesiástica. Na pesquisa, ele afirma que, em geral, a linguagem e o modo pedagógico adotados não são adequados para esta faixa etária. “As características desta fase e o clima cultural da atualidade contribuem para desmotivar os/as adolescentes”.

Renovação - A Igreja Metodista reconhece as dificuldades e tem investido na Escola Dominical. Após quase três anos sem poder publicar revistas, em função de um problema judicial com a editora, o Departamento Nacional de Escola Dominical lançou, no segundo semestre do ano passado, novos exemplares.

“O retorno tem sido o melhor possível! Todas as críticas e sugestões entram no nosso processo de avaliação e construção dos materiais. Além da preocupação com um conteúdo de qualidade desejamos um material visualmente atrativo para os/as leitores/as. É nesse sentido que trabalhamos!”, conta a revda. Andreia Fernandes, Coordenadora do Departamento Nacional de Escola Dominical da Igreja Metodista.

As revistas para o segundo semestre de 2012 estão disponíveis. Ainda este ano, deve ser lançada a revista Bem-Te-Vi Crescer para crianças até três anos. O material terá uma versão para professores e ilustrações das histórias infantis com os Aventureiros em Missão na versão bebê.

“Estou muito feliz pelas novas revistas da Escola Dominical. O conteúdo das lições é de alto nível e está bem acima de tudo o que já experimentamos”, elogia João Bértalo, coordenador de ensino da Igreja Metodista em Honório Gurgel-RJ. O Departamento Nacional ainda planeja para 2013, a publicação de um material permanente para a classe de candidatos/as ao batismo. Está prevista ainda a produção de revistas para casais e outros temas sobre família.

A campanha nacional intitulada: Escola Dominical feita pra mim e pra você, lançada em 2010, também alcançou bons resultados de fortalecimento e renovação nas igrejas locais. Eventos de capacitação em nível distrital e regional foram estimulados e concretizados.

Direção - O Plano Nacional Missionário da Igreja Metodista tem como uma das ações afirmativas o desafio de fortalecer e promover o processo de educação, reafirmando a Escola Dominical como principal agente na vida da igreja. Há no documento referências claras quanto ao papel de preparar os/as participantes para a missão de ser e fazer discípulos/as.    
No Plano para Vida e Missão – um dos documentos mais importantes da caminhada missionária da Igreja Metodista, a Escola Dominical também é apresentada como uma ferramenta de expansão. “O currículo da Escola Dominical deve estar voltado para o preparo missionário dos leigos”, complementa o texto aprovado em 1982. O pleno funcionamento da Escola Dominical é tão importante para a Igreja Metodista, que é um dos requisitos básicos para uma congregação se tornar autônoma.

História - A primeira Escola Dominical metodista foi fundada por Ana Ball, em 1769 e funcionou por muitos anos. Após esta iniciativa, outras escolas dominicais foram criadas. Inclusive a de Robert Raikes, que é considerado o Pai da Escola Dominical. “Ele estabeleceu a primeira ED em 1780, onze anos depois de Ana Ball”, conta a educadora metodista revda. Renilda Martins Garcia.

Por conta da crise econômica, política e social que a Inglaterra passava, as crianças trabalhavam para contribuir com o sustento da família. Na época, muitas ficavam fora da escola. Comovido com a situação, João Wesley iniciou um trabalho educativo a partir da Escola Dominical. Ele dizia que o ensino afastava as crianças dos vícios e ensinavam-lhes boas maneiras.

A Igreja Metodista trouxe a Escola Dominical para o Brasil. Em 1836, o Rev. Justin Spaulding organizou no Rio de Janeiro, entre estrangeiros, uma congregação com cerca de 40 pessoas e abriu uma Escola Dominical com 30 alunos. Alguns brasileiros participavam, mas as aulas eram em inglês.

Spaulding encerrou suas atividades no Brasil em 1841 e retornou aos Estados Unidos. Em 1867, 25 anos depois, o rev. Junius Eastham Newman chega ao Brasil para reiniciar as atividades. Em abril de 1869, Newman mudou-se para Saltinho-SP. O trabalho de evangelização teve bons resultados e foi organizada a primeira Igreja Metodista. Em 1879 a família Newman mudou-se para Piracicaba-SP, dando continuidade a tradição educacional metodista.

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