Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
jovens líderes religiosos
São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009
Publicado na Folhateen
Diego largou a namorada para ser padre; Gihad vai ser xeque e se casará com quem seus pais escolherem; Felipe troucou a farra por um futuo como pastor; Allyne ensina espiritismo, mas escondia sua religião na escola; Ione é proibida de tocar pessoas em períodos de aprendizado do candomblé; Prana mudou de nome ao virar monge hare Krishna e Aron estudou em dois continente para ser rabino; saiba por que esses sete jovens querem ser líderes religiosos A turma do primeiro ano do Seminário Nossa Senhora da Assunção, que forma padres em São Paulo, tem 11 alunos. Pela média da instituição, quatro deles devem desistir antes de completarem o curso. O percurso é longo, soma oito anos: um ano de propedêutico (introdução religiosa), mais três anos de graduação de filosofia e quatro anos de faculdade de teologia. Gihad Mazloum, 17, está no primeiro ano do curso para se tornar um xeque -líder religioso do islamismo. Quando Felipe Pereira, 17, terminou o ensino médio, pensava em ser veterinário ou administrador. Desistiu da primeira carreira quando o cachorro de um amigo o mordeu. A segunda saiu de perspectiva quando o pastor da igreja batista que frequenta há cinco anos disse que a comunidade, em Guarulhos (SP), precisava de um sacerdote jovem. Há sete anos, Allyne Lopes, 19, não contava para nenhum colega de escola que ia a um centro espírita. Tinha medo de sofrer preconceito, caso eles pensassem que ela tinha o dom de ver e de receber espíritos. "Receava que dissessem que eu era macumbeira", conta, rindo. Candomblé Aos quatro anos de idade, Ione de Souza não pronunciava quase nenhuma palavra. Depois de ir, em vão, à fonoaudióloga, foi com a mãe a uma casa de santo, onde ouviu que precisava de uma "cura espiritual". Iniciou-se no candomblé e saiu de lá falando. É difícil crer que a voz calma de Prana Natha Das, 25, cantou ska em uma banda antes de entoar mantras hare Krishna. Judaísmo A barba longa, sem aparar, esconde a pouca idade do rabino Aron Kurc, 25. A maturidade que ele demonstra enquanto explica à reportagem porque decidiu seguir a vida religiosa, também. |
Viver para crer
Perguntas e respostas - Jovens/Religião
De: Diego Macedo, 19, seminarista católico
Para: Gihad Mohamad Nazloum, 17, estuda para ser xeque
O que o islã diz a respeito da guerra?
A palavra ?islã? quer dizer paz, submissão a Deus. Algumas pessoas ligam o islã ao terrorismo, confundem o homem muçulmano com um terrorista e uma mulher muçulmana com uma pessoa sempre pronta para a guerra. O Corão diz que não podemos gerar conflitos sem sermos provocados, se por acaso você for tocado, você pode se defender. As pessoas que vão para a guerra vão porque foram provocadas e vão por Deus, isso é o Gihad, como meu nome, que significa enfrentar as coisas por amor a Deus. Não podemos guerrilhar com quem não nos fez nada
De: Gihad Mohamad Nazloum, 17, estuda para ser sheikh
Para: Felipe Carlos de Souza Pereira, 17, batista, estudante de teologia
O que lhe motiva a estudar sobre a sua religião?
Motivo-me pela fé que tenho em Deus, pelas confirmações de que fiz a escolha certa e pela vontade que tenho de estudar. Em qualquer área que estamos começando a estudar, pensamos que as coisas são de uma maneira, mas depois vemos que são de outra. Não foi diferente na faculdade de teologia, me assustei quando vi que teria que estudar português e filosofia, por exemplo, mas hoje vejo como são matérias importantes e me sinto mais estimulado
De: Felipe Carlos de Souza Pereira, 17, batista, estudante de teologia
Para: Allyne Lopes, 19, espírita
No mundo de hoje sem muita religião, qual a ação do espiritismo para atrair mais jovens?
O espiritismo busca sempre ligar suas atividade à caridade e ao trabalho voluntário. Hoje, trabalhar com o próximo é uma coisa que atrai a juventude, não é mais um "mico" ou uma vergonha, mas motivo de orgulho. Essa nova consciência faz com que mais jovens se identifiquem com o espiritismo e com as atividades voluntárias. Essas ações dependem muito de cada casa espírita, umas trabalham com música, outras com crianças carentes, por exemplo
De: Allyne Lopes, 19, espírita
Para: Prana Natha, 25, hare Krishna
- Por morar no templo, vocês está o tempo todo em contato com a religião. Sente que isso o aproxima mais de Deus?
As pessoas que se voltam à sua religião assumem as mesmas características de Deus. Muitas dessas pessoas, sejam cristãos ou muçulmanos, acabam tendo as mesmas características entre si quando se dedicam exclusivamente a Deus: são mansos, sábios e pensam primeiro no próximo. Da mesma maneira, se uma pessoa, independente da sua religião, se dedica totalmente ao serviço a Deus, ela está alimentando a raiz de uma árvore e não somente as folhas e toda a humanidade se beneficiará
De: Prana Natha, 25, monge hare krishna
Para: Ione Evenise de Souza, 23, se prepara para ser mãe de santo
-Como a sua religião lhe ajuda em seus desafios pessoais?
A religião me ajuda com equilíbrio espiritual, me dá forças para dar continuidade às coisas, ver os problemas de outra maneira. Aprendi a ter mais paciência, que é assim que os problemas serão resolvidos, com calma. É um ponto de equilíbrio. Aprendo com as rezas, com as conversas com minha mãe de santo. Eu sempre quero que as coisas aconteçam do meu jeito e na hora que eu quero, a religião me ajuda a controlar isso, ser menos impulsiva e mais paciente
De: Ione Evenise de Souza, 23, se prepara para ser mãe de santo
Para: Diego Macedo, 19, seminarista católico
-Qual o papel da igreja em relação à fome no mundo?
A igreja católica tem inúmeras associações que ajudam a amenizar a fome no país e no mundo. Também em nossas paróquias e comunidades, disponibilizamos cestas básicas às famílias carentes. Porém, para extinguirmos este mal que assola a humanidade é necessário acabarmos com a pobreza atacando suas causas tal qual a ganância que resiste a uma justa distribuição de renda. Ainda agimos através de iniciativas como o Ceat (Centro de Atendimento ao Trabalhador) da Arquidiocese de São Paulo, que procura ajudar os pais de família a encontrarem um emprego digno para amenizar o sofrimento em seus lares