Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Jonas Brothers
Depois de Menudo, New Kids on The Block e Rebeldes, a vez agora é dos Jonas Brothers. Os irmãos Nick, Kevin e Joe Jonas formam o trio de sucesso que está mexendo com o mundo teen. Há quem diga até que eles são os novos Beatles. Exageros à parte, a verdade é que a música dos meninos comportados de ternos bem cortados está na boca da garotada.
Além de música, filme, fãs, turnês mundiais e muita badalação, o trio volta e meia se depara com perguntas sobre seus anéis da pureza. Esse anel é fruto de um movimento pentecostal norte-americano denominado "True Love Waits" (o verdadeiro amor espera) que surgiu entre os jovens, no início da década de 90, pregando abstinência sexual antes do casamento. |
Diferente dos irmãos Jonas, que não dão muita ênfase nisso, volta e meia o anel da pureza usado por eles, por Miley Cyrus (intérprete de "Hannah Montana") e outras estrelas teens está na mídia e hoje faz parte do acessório de muitos adolescentes, principalmente das meninas.
Em tempos nos quais virgindade e caretice são sinônimos, entre os jovens e adolescentes, não é de se espantar que qualquer movimento contrário a isso cause certo frisson. O fato é que os Jonas Brothers, além de ganharem as adolescentes com sua música e o seu jeitinho de "príncipes encantados", ganham também o coração de pais e mães que, aliviados, vêem os anéis nos dedos e a idéia da castidade na cabeça das filhas e filhos.
A pergunta que se levanta nesse quadro é: Até quando? Sim, porque o que vemos no cenário midiático mundial são pessoas e eventos que vêm e vão, como poeira na estrada. Será prudente deixar a educação e o comportamento sexual da galera teen a mercê das estrelas cadentes? Diz-se já de muito tempo que contra fatos não há argumentos. Como fato, temos uma pesquisa feita pelos norte-americanos sobre a "manutenção da castidade" entre jovens e adolescentes que utilizaram o anel da pureza. Segundo a pesquisa que entrevistou doze mil pessoas, 88% revelaram ter quebrado a promessa.
Mais um fato é preciso citar: o portal Educacional fez uma pesquisa sobre o/a jovem brasileiro/a da 8ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio e uma das perguntas era "como o jovem brasileiro encara a questão da sexualidade". Dentre os resultados obtidos, vale destacar que 86% já tinham "ficado" com alguém pelo menos uma vez. No que diz respeito às relações sexuais, no caso das meninas a primeira vez acontece geralmente aos 15 anos de idade, enquanto que com os meninos, por volta dos 14. Cerca de 70% das meninas teve relações sexuais com parceiros fixos, no caso, namorados, enquanto que a maioria dos garotos, em torno de 57%, relata experiências com parceiras eventuais. O uso da camisinha foi apontado com boa freqüência; entretanto, muitas das meninas, quase a metade, acreditaram que poderiam ter engravidado e 31,5% delas utilizaram-se da danosa "pílula do dia seguinte".
Neste sentido mais perguntas nos cabem: Como Igreja, nós deixamos nossos/as adolescentes e jovens a mercê das estrelas teens e dos anéis de pureza? Acreditamos que o perfil dos jovens brasileiros traçados pela pesquisa não contemplam os/as adolescentes e jovens evangélicos?
O Colégio Episcopal, em sua carta pastoral sobre sexualidade, a partir da página 33 nos aponta algumas pistas pastorais para o encaminhamento desta questão. Dentre elas gostaria de citar a responsabilidade da igreja em "colocar-se como um espaço saudável, onde adolescentes e jovens possam exprimir seus sentimentos, falar sobre suas dúvidas e medos, promovendo encontros onde se discutam temas ligados à sexualidade humana. Se não oferecermos em nossas comunidades esse lugar, certamente eles e elas o encontrarão fora da igreja, sendo que o que é transmitido nesses espaços nem sempre está em acordo com os princípios ético-cristãos de responsabilidade em relação ao próprio corpo, de compromisso, e de capacidade de amar e cuidar" (p.35).
Doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e relações superficiais têm feito, sim, parte do cenário juvenil, e não podemos nos omitir diante de tudo isso. À Grande Comissão (Mateus 28. 18-20), da qual fazemos parte, cabe ensinar e para isso é preciso não se omitir. Nesse sentido, algumas possibilidades se mostram:
- Procure evidenciar um casal na igreja local que tenha empatia com os juvenis e jovens e estimule-os a promover um espaço prazeroso e acolhedor para tratarem dos assuntos pertinentes à sexualidade. Quando esse ambiente confortável e de confiança for formado, busque a contribuição de profissionais especializados para conversas específicas a partir de dúvidas e demandas que o próprio grupo exija.
- A educação é a melhor aliada na luta contra o preconceito. Conheço muitas adolescentes grávidas que acabaram se afastando da comunidade por não encontrarem nela a acolhida necessária. Muitas vezes as ações pastorais inadequadas e o preconceito da igreja acabam por afastar quem mais precisa de acolhida, vamos nos atentar a isso.
Pelo que pude ler e pesquisar sobre os irmãos Jonas, vi que o que faz a diferença na vida deles são pais amorosos e dedicados, que lhes dão um modelo familiar saudável. Acho que isso é muito mais forte do que qualquer anel de castidade. Muitos de nossos adolescentes e jovens não têm isso, mas precisam encontrar na igreja a orientação e a estabilidade necessária. Anel de castidade é apenas um adereço... educação, compromisso, responsabilidade e amor, isso sim, protegem e orientam as pessoas a uma vida abundante e responsável.
Na paz de Cristo,
Andreia Fernandes
pastora da Igreja Metodista do Jabaquara, São Paulo