Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Jane
"E agora, irmãos, eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas são as primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço dos santos): que também vos sujeiteis a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador e obreiro". 1 Coríntios 16.15
Do jornal Compartilhar, da Região Missionária do Nordeste, trazemos uma entrevista com a diaconisa Jane Blackburn, de Olinda, Pernambuco. Metodista desde 1980, ela logo percebeu que sua área de atuação na Igreja era o serviço diaconal. Aqui, Jane fala sobre os desafios do diaconato e como a Igreja Metodista pode apoiar essa importante missão. |
Na Igreja Metodista, o que é um diácono ou diaconisa?
A ordem diaconal na Igreja Metodista é uma categoria eclesiástica leiga. Diaconia significa SERVIÇO. O serviço é a identidade da Igreja. A fé e a relação com Deus necessariamente precisam se expressar em serviço. Não um serviço no sentido de "ser servil", mas no sentido de promover o bem do/a outro/a e da comunidade, no sentido de promover e defender a vida que vem de Deus. O serviço que se expressa em todas as áreas da Igreja como o culto, a pregação da palavra, ação social etc. Na Igreja Metodista, a diaconisa ou diácono é ligada/o à Região Eclesiástica ou Missionária na qual serve e não à igreja local.
O que fez você achar que a sua área de atuação na Igreja era o serviço diaconal?
Em 1980, quando eu comecei a participar na Igreja Metodista, a Igreja estava começando a se organizar em dons e ministérios e muitas reflexões interessantes foram feitas. Há certa tentação na Igreja, pelo menos na minha experiência, de todo/a "leigo/a que dá certo" ser transformado/a em pastor/a. Várias vezes me perguntaram sobre a possibilidade de ingressar no pastorado. Começamos então a refletir na Escola Dominical, no grupo de mulheres etc., sobre o papel do/a leigo/a, sobre o papel do/a pastor/a etc. e ficou claro para mim que minha área de atuação na Igreja era o SERVIÇO DIACONAL.Pensando a missão da Igreja, a ação diaconal é uma área importante como possibilidade de uma intervenção em favor da vida nas situações de sofrimento e exclusão, com base no amor de Deus. Essa ação inclui a compreensão da realidade, a atitude de solidariedade, a confiança na graça de Deus e a esperança escatológica da vida eterna.
Que caminhos a pessoa que freqüenta a Igreja Metodista deve seguir para tornar-se diácono/diaconisa? O que é preciso para servir à Igreja como diácono ou diaconisa?
Em primeiro lugar a pessoa precisa se sentir chamada e ter uma prática de serviço na Igreja. Reconhecendo essa prática, a Igreja irá acolher e consagrar. É ideal que se tenha formação de 2° ou 3° grau e formação teológica de acordo com o Plano Nacional de Educação Teológica da Igreja Metodista, mas pessoas que não possuem o segundo grau completo podem ser admitidas se a sua capacidade for reconhecida.A pessoa passa então por um período probatório e, recomendada pelo bispo ou bispa da Região, é votada no Concílio Regional. (Veja os artigos 17, 18 e 19 dos Cânones 2007.)
Quem consagra a pessoa como diácono ou diaconisa?
O bispo ou bispa da Região
É preciso receber, anualmente, designação do bispo(a) da Região e prestar relatório ao Concílio Regional?
Recebemos, anualmente, designação do bispo ou episcopisa da Região e prestamos relatório ao Concílio Regional.
O diácono/diaconisa recebe alguma remuneração?
Pode ser um trabalho voluntário ou remunerado, dependendo da necessidade.
Qual o papel da diaconia na Igreja Metodista?
Na Igreja Metodista a diaconia está de acordo com a idéia de dons e ministérios e da participação efetiva dos leigos e leigas na missão.
O que faz um diácono ou diaconisa?
Em geral, o diácono ou diaconisa serve em um ministério especial na área regional, como pastoral carcerária e outras pastorais, no trabalho com mulheres ou crianças, ou pessoas da terceira idade, na assessoria a projetos sociais etc.
Quantos diáconos e diaconisas existem na REMNE atualmente? Quem são eles(as)?
Atualmente somos apenas duas diaconisas: Elizete e eu.
Que trabalhos você vem desenvolvendo como diaconisa, ou seja, em que área você vem atuando?
Já servi como diaconisa coordenando uma Creche na Igreja Metodista em Alto da Bondade, periferia de Olinda, Pernambuco, por dois anos e, por nove anos, na Equipe Regional de Ação Docente, uma equipe de seis pessoas, que era responsável pelos programas de capacitação na Região Missionária do Nordeste. Há dez anos sirvo na assessoria a projetos.
O trabalho que você desenvolve tem algo emcomum com a sua formação de psicóloga?
O que a gente aprende faz parte da gente e no trabalho com pessoas psicologia é sempre um conhecimento útil, mas meu trabalho como diaconisa não está diretamente ligado à minha profissão.
A Igreja Metodista tem investido no diaconato?
Há algumas iniciativas tímidas de regulamentar a ordem diaconal, mas na verdade não tem havido um investimento significativo nessa área.
Existe alguma medida que você gostaria de ver implantada na Igreja Metodista para facilitar o serviço do diácono/diaconisa?
Na área regional gostaria a de ver criação de espaços e instrumentos de comunicação que possibilitassem o compartilhar das experiências e a troca de idéias entre pessoas que desenvolvem o trabalho diaconal, mesmo sem serem consagradas diáconos/diaconisas. Gostaria de ver implantada uma cultura de participação, para que a ação diaconal promova cidadania; a consciência de que o serviço diaconal é parte essencial da missão da Igreja e, também, a divulgação do caminho a ser percorrido para se tornar diácono/diaconisa.
Keuly Valois, do jornal Compartilhar Pastoral