Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

indios em aracruz

O apoio da Pastoral de Convivência Guarani às comunidades indígenas da quarta região

 

 No dia 15 de setembro, o pastor Adahyr Cruz, da Pastoral de Convivência Guarani, da 4ª Região, esteve na Assembléia Legislativa de Vitória em manifestação de repúdio a uma campanha que a empresa Aracruz Celulose tem feito, junto à opinião pública, contra as comunidades indígenas do Espírito Santo. Nas fotos ao lado e abaixo, você vê uma amostra dessa campanha.

 

 

 

Os Tupinikim e os Guarani repudiam postura da Aracruz de negar a identidade destes povos

A Comissão de Caciques e Lideranças Tupinikim e Guarani rebateu hoje (15/9), durante uma coletiva concedida à imprensa capixaba, as acusações da Aracruz Celulose de que as comunidades "não são formadas por legítimos índios" e "estariam cometendo atos violentos contra os trabalhadores da empresa".

A coletiva foi concedida no plenário da Assembléia Legislativa, em Vitória, com presença de cerca de 200 índios, entre idosos e crianças, e foi precedida pela manifestação do pastor da Igreja Metodista Adahyr Cruz, que leu uma carta de repúdio à Aracruz Celulose, que está jogando a opinião pública do Estado contra as comunidades indígenas.

A carta aponta a postura da empresa como racista, ao negar aos Tupinikins sua identidade indígena e também negar que no município de Aracruz existiam aldeias e comunidades indígenas.

O discurso da empresa contradiz, inclusive, a história e os historiadores capixabas que atestam em seus livros não só a presença de índios no litoral do Espírito Santo como a secularpresença dos Tupinikins na região.

A Comissão de Caciques anunciou que pedirá apoio ao Departamento Jurídico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para estudar medidas legais contra as afirmações da empresa de negar a identidade dos Tupinikins.

"A empresa não tem prerrogativa de apontar o dedo e dizer se somos índios ou não ou se os quilombolas são quilombolas ou não. Ela nos acusa de cometer atos violentos, mas o que é violento? É a Polícia Federal tirar nosso sangue como fez em 20 de janeiro quando nos expulsou da aldeia que reconstruímos e que a empresa destruiu para plantar eucalipto ou é nossa ação de cortar os eucaliptos? Nós estamos agindo porque o governo não se posiciona e não agiliza o andamento do processo de demarcação", disse o cacique Jaguareté, de Caieiras Velha.

As comunidades iniciaram no dia 6 passado e continuaram até ontem o corte de eucaliptos como forma de pressionar a Funai e o Ministério da Justiça (MJ) a serem mais ágeis na análise e tramitação do processo de demarcação de 11.009 hectares de terra, hoje ocupados com a monocultura do eucalipto.

O processo estava na Funai e deveria ter sido encaminhado ao MJ no dia 20 de agosto, mas só seguiu na noite da última segunda (11), com três semanas de atraso. O parecer da Funai comprova, mais uma vez, que as áreas do município de Aracruz são território dos povos Tupinikim e Guarani e devem ser demarcadas. Os documentos se referem às áreas de Comboios, Caeiras Velha e Pau Brasil.

O Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos tem agora 30 dias, a contar do dia 11, para assinar a portaria que declara os 11.009 ha como área indígena ou então retornar o processo à Funai pedindo mais informações, o que certamente interessa à Aracruz Celulose.

Pressão

A Comissão de Caciques também repudiou a postura da empresa de articular com seus prestadores de serviço e entidades empresariais do Espírito Santo a publicação de várias notas, nos jornais de maior circulação no Estado, criticando as últimas ações dos índios e dizendo que os mesmos estão coagindo funcionários e desrespeitando a ordem pública.

Desde ontem carros de som estão circulando no centro de Aracruz informando que trabalhadores que prestam serviço para a empresa vão fazer uma manifestação na tarde de hoje, no centro de Aracruz, contra a ação dos índios, "que há muito tempo estão radicalizando contra a empresa com apoio de entidades estranhas e prejudicando os trabalhadores".

Além disso, a empresa está agendando visitas nas escolas da rede municipal para dar sua versão no processo de demarcação e dizer que os povos Tupinikim não são originários do município. 

 

Carta de repúdio

ARACRUZ CELULOSE PRATICA CRIME HEDIONDO CONTRA ÍNDIOS!

A sociedade civil através das entidades, movimentos e pessoas abaixo-assinadas vem a público manifestar sua indignação com a campanha difamatória e a prática de racismo da Aracruz Celulose S/A contra os povos Tupinikim e Guarani.

A estratégia de defesa adotada por esta multinacional nos últimos meses, quando se vê diante da decisão eminente sobre a devolução das terras indígenas por ela invadidas, tem sido a de negar a existência desses povos tradicionais em território capixaba e de desqualificar e ridicularizar sua identidade indígena. ISTO É RACISMO! RACISMO É CRIME HEDIONDO E INAFIANÇÁVEL!

A posição da Aracruz Celulose demonstra não só desrespeito com a história, com a memória e a cultura do povo capixaba, mas também que esta empresa não tem escrúpulos quando se trata de garantir seus interesses, as custas da miséria e da destruição dos povos tradicionais e do meio ambiente. Campanhas milionárias financiadas por esta empresa vêm escamoteando os impactos gerados pela monocultura de eucalipto no Brasil e expondo os povos tradicionais desta terra a humilhações inomináveis.

Aqueles que conhecem a história do nosso estado não podem ficar de braços cruzados diante da violação da dignidade e dos direitos dos Tupinikim e Guarani. Se por um lado vemos a empresa Aracruz Celulose cooptando sindicatos, financiando políticos, manipulando governos, prestadoras de serviços, ONG?s utilizadas para isentá-la de impostos, além da grande mídia comprometida com os interesses desta, vemos por outro lado os indígenas lutando incansavelmente - há mais de 40 anos - pela retomada de sua terra e da sua liberdade, reduzidas.

Neste momento, o Estado brasileiro, através do Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, tem a oportunidade histórica de corrigir graves erros cometidos até agora, contra os Tupinikim e Guarani no Espírito Santo, efetivando seu direito constitucional demarcando integralmente seu território, já identificado pela FUNAI e reconhecido como tal pelo ex-Ministro Íris Resende, através do despacho ministerial de 06/ 03/ 98.

Apelamos a todas as cidadãs e os cidadãos que se manifestem publicamente contra as práticas racistas da multinacional Aracruz Celulose e seus aliados. De nossa parte tomaremos todas as medidas legais cabíveis contra esse crime hediondo, exigindo que a Constituição da República do Brasil seja respeitada.

NOSSA SOLIDARIEDADE AOS POVOS TUPINIKIM E GUARANI!

 

21/09/2006 - Ministério Público/ES vai instaurar inquérito sobre cartilha da Aracruz Celulose

O Ministério Público Federal (MPF/ES) vai instaurar um inquérito civil público para apurar eventual excesso nas informações da cartilha divulgada pela Aracruz Celulose, que afirma que os índios Tupinikim e Guarani nunca existiram no Estado. O material chama os indígenas de "supostos" índios e foi denunciado por entidades de direitos humanos e pelo Fórum de Entidades Negras do Estado como discriminatória.

A informação sobre o inquérito é do procurador geral da República, André Pimentel, da Procuradoria Federal em São Mateus, norte do Estado. Segundo ele, o inquérito será instaurado em duas semanas, quando o procurador retornará de uma viagem a trabalho.

A denúncia sobre a cartilha chegou ao MPF pelo Fórum de Entidades Negras, dos índios Tupinikim e Guarani e antropólogos e historiadores, que também denunciaram a postura da empresa na Assembléia Legislativa, na última semana.

Segundo eles, a cartilha vem sendo distribuída entre funcionários e até nas escolas da rede pública de ensino do município de Aracruz. A iniciativa foi classificada como racista, discriminatória e hedionda, e gerou uma carta de repúdio assinada por estas entidades e a Igreja Metodista.

Isaías Santana, do Fórum de Entidades Negras do Estado e presidente licenciado do Conselho Estadual de Direitos Humanos, ressaltou que a empresa está, através de seus funcionários, entrando nas escolas e difundindo a mentira de que os índios são baderneiros, invasores de terras e além de tudo, falsos. Ele alertou também sobre o fato da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e do município, não se manifestarem sobre estas ações.

A denúncia ao MPF também será feita ao Ministério Público Estadual (MPE), como prometeu Isaías. A intenção, segundo ele, é cobrar providências que censurem esse tipo de ação da empresa, impedindo a difamação da comunidade indígena perante toda a sociedade brasileira.Em denúncia feita na Assembléia Legislativa na última sexta-feira(15), o antropólogo Sandro José da Silva, da Universidade Estadual do Espírito Santo (Ufes), também caracterizou a ação da empresa como uma negação ao Estado Brasileiro, lembrando que a presença dos índios no Espírito Santo, assim como a legitimidade de suas terras, são incontestáveis.

As palestras difamatórias em defesa da Aracruz Celulose nas escolas desqualificam a cultura indígena Tupinikim e Guarani no Estado, assim como seus costumes, pintura, músicas e crenças. Além disso, a empresa está passando uma lista de assinaturas contra a demarcação das terras indígenas, como informou os índios.

Segundo a carta da comunidade indígena Tupinikim e Guarani, em resposta às acusações da transnacional, os índios viviam na região do rio Piraquê-Açu, onde em 1556 foi fundada pelo jesuíta Afonso Brás a Aldeia Velha (Santa Cruz). Além disso, há registros da etnia Tupinikim na região de Aracruz nos escritos de André Thevet, Hans Staden, e dos jesuítas José de Anchieta e de Fernão Cardim.
Diário

Fonte: CIMI e blog Metodistas&Ecumênic@s

LEIA TAMBÉM

Entrevista com o Cacique Werá Djekupé, que proferiu palestra no 18º Concílio Geral da Igreja Metodista . Clique AQUI

 Livro analisa trabalho missionário entre os índios de uma perspectiva antropológica e histórica. Clique aqui


Posts relacionados

Geral, por Sara de Paula

Nota de falecimento | Bispo Paulo Ayres Mattos

É com pesar que comunicamos o falecimento do Bispo Emérito da Igreja Metodista brasileira, Paulo Ayres Mattos. O culto de despedida será realizado na Igreja Metodista em Rudge Ramos, onde o bispo era membro e a cremação será no crematório da Vila Alpina, em São Paulo.

Geral, por Sara de Paula

Semana de oração pelas mulheres metodistas

"Sabemos que cada igreja do nosso Brasil tem propostas incríveis e inovadoras para celebrar o Dia Internacional da Mulher, mas as encorajamos a principalmente utilizar este material, honrando e fortalecendo nossa conexidade metodista, linda e preciosa." 

Destaques Nacionais, Oficial, Educação, Geral, por Marcelo Ramiro

NOTA DE FALECIMENTO - Reitora Prof.ª Elaine Lima de Oliveira

É com grande pesar que comunicamos a perda de um membro inestimável de nossa comunidade granberyense. A Reitora do Instituto Metodista Granbery, Prof.ª Elaine Lima de Oliveira, faleceu na tarde deste domingo, 7 de dezembro.

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães