Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Inclusão Social na Semana Wesleyana

Centenário do Credo Social Metodista suscita debates na Semana Wesleyana

Vós sois o sal da terra: 100 anos de Credo Social Metodista - experiências e perspectivas. Esse foi o tema que a Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, em São Bernardo do Campo, debateu na 57ª edição da Semana Wesleyana, entre os dias 26 e 30 de maio.

O Credo Social nasceu em 1908, no Concílio Geral da Igreja Metodista Episcopal, nos Estados Unidos, com o nome de "A Igreja e os Problemas Sociais". O texto da época dá grande ênfase às condições de trabalho. No Brasil, na década de 20, o pastor Guaracy Silveira, deputado federal pela Assembléia Constituinte de 1933, foi um dos grandes divulgadores do documento que afirmava a justiça social e a defesa do trabalhador. O Credo Social foi um documento norteador do Plano para Vida e Missão da Igreja Metodista, aprovado em 1982.

E hoje, que Credo Social pede o nosso tempo? Essa foi a preocupação central das palestras, debates e oficinas da Semana Wesleyana, baseadas na certeza de que "o cristianismo é essencialmente uma religião social, e tratar de torná-lo uma religião solitária é, na verdade, destruí-lo", como dizia o teólogo John Wesley. Wesley afirmava que o metodismo tinha a vocação histórica de "reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra". Por isso, os metodistas não deveriam afastar-se do mundo, mas agir como age o fermento que leveda a massa, "levedando tudo o que os rodeia". Essa foi uma das afirmações marcantes do palestrante Aldo Fagundes que, junto com Lydia Santos (que trabalhou na Junta Geral de Ação Social da Igreja), fez um resgate histórico da atuação social da Igreja Metodista nas décadas de 60 e 70. Metodista,  ex-presidente da Sociedade Bíblica do Brasil e deputado federal por quatro legislaturas, ele afirmou que o lema metodista "espalhar a santidade bíblica sobre a terra" evidencia o "invadir o mundo", e não nos "evadirmos" dele. Quando questionado sobre o pequeno número de membros da Igreja Metodista diante de outras denominações religiosas, ele foi categórico. "São as minorias que promovem mudanças".

Nas palestras da semana, problemas sociais como desemprego, violência, prostituição e crise dos alimentos vieram à tona. O Bispo Paulo Ayres, um dos palestrantes, lembrou-se de uma experiência chocante pela qual passou sua irmã, que realizava trabalho de ação social no morro Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro. Ela encontrou lá um menino que conhecia, portando uma metralhadora e tentou alertá-lo para o perigo de ingressar no crime. A resposta dele foi categórica: "Meu pai foi pobre a vida inteira. Se eu morrer, pelo menos morro de Nike no pé". Ayres afirmou que o tráfico de armas, o narcotráfico e a prostituição respondem, segundo pesquisas, por 61% da circulação de recursos econômicos em todo o mundo. Ou seja, 61% da economia mundial têm origem ilícita. Há, ainda, outras questões para as quais as igrejas devem acordar, como a questão agrária, indígena, a luta dos quilombolas, o racismo que ainda impede expressões culturais afro-brasileiras nos templos protestantes, a inclusão dos portadores de necessidades especiais. Para quem tem a vida de Jesus como referência de fé, esses são - desde sempre -  assuntos da Igreja.

 

VEJA TAMBÉM: Como foi a 57ª Semana Wesleyana 2008 na Fateo. 


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