Um relatório do comitê de currículo da Universidade de Harvard concluiu que, dentre outras coisas, a formação de um aluno daquela instituição deve incluir, nos tempos atuais, "o papel da influência da religião sobre os eventos contemporâneos, históricos ou futuros - seja em nível pessoal, cultural, nacional ou internacional". Artigo publicado no The Washington Post (23/10) diz também que, por este motivo, todo estudante de Harvard vai precisar escolher, como parte de sua formação geral da Graduação, um curso na área que foi denominada pelo comitê de "Razão e Fé". A necessidade de tais cursos na universidade foi defendida com argumentos como: a falta de entendimento, os conflitos e a turbulência que caracterizam a interação do povo americano com o mundo islâmico; os debates sobre o ensino da evolução; e a influência das crenças religiosas sobre as disputas em torno de temas como pesquisa com células-tronco, aborto, eutanásia e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também se falou que as comunidades religiosas são importantes para o fortalecimento da coesão social e a cultura cívica de uma nação, assim como para prover serviços comunitários, especialmente para os mais necessitados. O relatório do comitê também constatou um ambiente acadêmico profundamente secular afetando os estudantes que chegam na universidade, o que não é um privilégio daquela instituição. Segundo os articulistas: "Séculos atrás, estudiosos, cientistas e artistas concordavam que convicções de fé eram totalmente compatíveis com os mais altos níveis de razão, questionamento e criatividade. Mas, atualmente, isto foi posto em prova e as declarações de fé foram marginalizadas e banidas dos departamentos acadêmicos e currículos universitários. Requerer cursos na área de "Razão e Fé" pode vir a ser um bom passo em direção a reintroduzir a Fé no ambiente da academia". Sobre o conteúdo dos cursos, o comitê de Harvard explica que seu propósito não é a apologética religiosa, mas sim o estudo das "interrelações entre a religião e os vários aspectos da cultura e da sociedade. A fé, a religião e as instituições religiosas e seu impacto no mundo". Segundo a interpretação dos articulistas do diário americano, a recomendação terá forte repercussão, já que Harvard é a mais conceituada casa de educação superior americana, seguida em suas iniciativas por outras instituições. Segundo os autores da matéria (Rev. John I. Jenkins, diretor-presidente da Universidade de Notre Dame, e Thomas Burish), "se Harvard diz que fazer um curso de religião é necessário para uma boa formação, é provável que muitas outras universidades em breve farão a mesma descoberta".
|