Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Funai
12/07/2008 - 08h02
Funai restringe entrada de religiosos e imprensa a aldeias
RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, de Campo Grande
Mencionando a necessidade de "reduzir a violência", a Funai restringiu o acesso de não-índios a
38 aldeias e 18 acampamentos indígenas que abrigam mais de 40 mil índios guaranis e caiuás,
na região sul de Mato Grosso do Sul. O texto traz recomendações específicas quanto à entrada de
policiais, jornalistas e religiosos.
A autorização para ingresso às áreas só será concedida mediante "solicitação expressa" do
interessado e a apresentação de documentos. Segundo o texto da portaria nº 491/2008, a
administração executiva da Funai na região deverá considerar os pedidos de acordo com o grau
de risco que ofereçam "ao bem estar e a segurança" da comunidade indígena.
"Esta foi uma demanda da própria comunidade", diz a administradora regional Margarida
Nicoletti, que será a responsável pela triagem dos visitantes. "As lideranças [indígenas]
reclamavam muito da falta de controle sobre o acesso às áreas. Isso facilita a entrada de álcool
e drogas, que são os fomentadores da violência."
A portaria diz que permissão de acesso às polícias Federal e Militar deverá ficar restrita aos
efetivos que tenham "perfil para o trato com as populações indígenas". Estes policiais deverão,
ainda, participar de "oficinas de qualificação e reciclagem" a ser promovidas pela Funai. "Todos
deverão ter uma formação específica sobre os costumes e a cultura", diz Margarida Nicoletti.
No caso dos religiosos, segundo ela, a restrição não atingirá os grupos já estabelecidos _muitos
mantêm igrejas dentro das áreas. Mas Nicoletti adverte que eles também terão de seguir um
código de conduta. "Tivemos notícia de que alguns desses grupos vêm tentado mudar hábitos e
práticas culturais. Quem insistir nisso perderá o direito à entrada", afirma.
O texto diz ainda que os "órgãos de imprensa" deverão fazer cadastro próprio e de seus
funcionários para "realizar seus trabalhos". A administradora regional diz que, no caso de
"matérias diferenciadas", será preciso apresentar "o conteúdo ou uma proposta de trabalho".
"No caso de reportagens do dia a dia, isso não será exigido."