Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
fora das medidas
Acredito que grande parte da população ficou inconformada como eu, em relação à morte da modelo Ana Carolina Reston, de 21 anos, em São Paulo no último dia 14, em conseqüência de uma anorexia nervosa.
Se isto já não fosse suficiente, no domingo, 19/11, morre uma segunda jovem da mesma maneira, desta vez, uma estudante de moda, Carla Sobrado Casalle, que faleceu com a mesma idade de Ana Carolina, 21 anos.
Segundo dados da imprensa, a anorexia está entre as doenças psiquiátricas mais fatais, matando entre dez a 20 por cento dos doentes. Atinge, sobretudo, as mulheres jovens, mas também afecta crianças e homens.
O caso é tao sério que tempos atrás a Espanha proibiu qualquer modelo adulta de desfilar se tiver um Índice de Massa Corporal (IMC) de risco, ou seja, inferior a 18,5, indicado pela Organização Mundial de Saúde. E, a que tudo indica, outros países devem seguir o mesmo exemplo.
Mas se pensarmos bem, veremos que a tragédia deflagrada pela morte dessas duas moças não se restringe ao circuito da moda, pelo contrário, ela é ampla e desastrosa!
Tenho comigo que a causa da morte dessas meninas não foi a anorexia por si só... mas o exagero, o excesso... o descontrole da vaidade, da competitividade, da escravidão do mercado modista.
Alíás, se o exagero, sob todos os aspectos, fosse diagnosticado como moléstia, os índices de mortalidade a ele atribuidos seriam vultuosos! Nas mais variadas direções, existem pessoas morrendo de exagero, de falta de medida das coisas que fazem, que comem.
Uns/umas, sofrem de magreza, outros/as, de gordura... uns/umas, de excesso de açúcar, outros/as da falta dele, nuns/numas, o coração é forte demais, noutros/as, fraco ao extremo.
E não é só na questão física, existem ainda os exageros no campo emocional, intelectual, até no espiritual, que também matam, que, de igual modo, degradam o comum da vida e excedem a normalidade, causando desequilíbrio e doença!
Precisamos entender que os exageros fazem mal sempre! Toda vez que existe abuso, excesso, a saúde, sob qualquer aspecto, fica ameaçada!
Mesmo as coisas boas, em exagero, fazem mal! Agradar uma pessoa, por exemplo, é muito bom, mas se não tiver medida, sufoca! Tomar água, da mesma forma, faz um bem enorme, no entanto, se isto extrapolar, causa dor e até morte! Talvez não haja algo mais agradável que cantar, porém, se isto for em exagero, pode causar um distúrbio vocal ou mesmo no ouvido e, quem sabe, na paciência de quem estiver por perto!
Um texto interessante na Bíblia, na verdade um conselho de Salomão, fala sobre a questão da amizade e diz: "Não sejas freqüente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça" (Prov. 25:17). Isto pode nos causar muita estranheza, uma vez que a maioria das pessoas entende que a amizade verdadeira tenha a ver com abrir a geladeira da casa do/a amigo/a sem pedir licença, mas Salomão nos surpreende atribuindo também aos relacionamentos de amizade o princípio de que tudo que é demais faz mal, mesmo amizade, mesmo proximidade, mesmo liberdade!
Nesse prisma, é preciso pensar e repensar a vida de forma geral... se ela não está fora das medidas do bom senso, da naturalidade, do que seja adequado, saudável.
A morte daquelas duas jovens traz à discussão um tema muito relativizado em nosso tempo: a medida certa das coisas.
Não foi a vaidade que levou aquelas moças à morte, tampouco a anorexia! A doença foi uma conseqüência do exagero, da quebra dos limites da normalidade... foram vítimas do mesmo mal que tira a vida dos/as obesos/as,dos/as alcoólatras, dos/as dependentes químicos, dos/as fumantes, dos/as sedentários/as, dos/as fanáticos/as de toda sorte!
As medidas erradas de coisas boas matam de maneira sutil!
Espero, sinceramente, que exista bom senso em tudo que fizermos! Espero que saibamos dar valor, tempo, crédito, atenção, dedicação a coisas e pessoas na medida certa para não cairmos no engodo do exagero!
E que tenhamos vida plena, como Cristo desejou pra nós!
Na graça e na paz,
Rev. Nilson da Silva Júnior
Pastor Metodista em Cândido Mota/SP
5ª Região Eclesiástica.
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Reportagem do Jornal Folha de S.Paulo.