Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 28/05/2012
Falecimento: Rev. Aahron Sapsezian (1926-2012)
Faleceu nessa segunda-feira, 28, o Rev. Aharon Sapsezian, pastor da Igreja Reformada Armênia e o primeiro Secretário Geral da ASTE - Associação de Seminários Teológicos Evangélicos. Sapsezian estava em casa, na Suiça, bastante debilitado em função de problemas cardíacos.
"Foi uma vida muito valorosa, estudando e depois lecionando em nossa Faculdade. Foi o responsável pela dinamização da formação teológica no Brasil e a publicação dos livros, bem como a fundação da ASTE. Louvamos ao Senhor por sua vida e ministério e rogamos a sustentação para sua esposa e familiares". Bispo Nelson Leite
"Foi com pesar que a Comunidade da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista (São Bernardo do Campo-Brasil) recebeu a notícia da perda do seu ex-aluno, irmão e amigo Rev. Aharon Sapsezian (segunda, dia 28/05). Seu legado como pastor e como líder ecumênico é herança significativa que certamente dá sentido ao presente e contribuirá com futuras gerações de cristãos e cristãs do Brasil e do mundo. Particularmente, a vivência do irmão Aharon na nossa comunidade será para sempre marcada com a autoria do desenho do logo, feito nos anos 50, que ora marca a identidade da nossa instituição. Recebam o nosso abraço solidário na esperança de que o Senhor da Vida preencha o vazio desta perda." Prof. Dr. Paulo Roberto Garcia, Reitor da Fateo.
O Reverendo Aharon Sapsezian foi autor de inúmeros estudos sobre Educação e Teologia e um dos personagens principais da história do ensino teológico brasileiro: foi Secretário de Estudos da Confederação Evangélica do Brasil, Secretário-Executivo da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos e dirigiu por 13 anos o Programa de Educação Teológica do Conselho Mundial de Igrejas, primeiro em Londres, depois em Genebra.
Aharon Sapsezian também foi professor da Faculdade de Teologia, onde lecionou Teologia Contemporânea e Ecumenismo. Nascido em 1926 em um campo de refugiados armênios, sobreviventes do genocídio que se iniciou em 1915 e dizimou mais de um milhão e meio de pessoas, com apenas um mês e meio de vida Aharon migrou para o Brasil, com os pais e o irmão. A família se tornou membro da Igreja Evangélica Armênia de São Paulo, de onde foi pastor por muitos anos, depois de se formar na FaTeo nos anos 50. No livro “Memórias de um Brasarmênio” o professor Aharon fala de sua passagem pela Faculdade de Teologia.
Brasarmênio é o termo que ele mesmo cunhou para tentar, numa única palavra, reunir as duas culturas que formaram sua identidade. No livro Memórias de um Brasarmênio, um saboroso livro de contos autobiográficos, seus tempos de seminarista da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista são descritos com bom humor, saudade e leveza. Aharon Sapsezian diz que compartilhar memórias é uma forma de perenizá-las. Para a Faculdade de Teologia, a memória de Aharon Sapsezian está eternizada em seu próprio emblema.
Leia abaixo o trecho do livro Memórias de um Brasarmênio em que ele fala da criação do logo da Faculdade de Teologia.
“Mas, quero terminar esse parágrafo futebolístico com uma nota mais risonha. Certa noite resolvemos comprar camisetas novas para o nosso time. Conversamos sobre cor, dístico e também sobre a criação de um emblema que ornasse as camisetas e que tivesse algum significado. A ideia me ficou na cabeça e, numa daquelas aulas soníferas de História Eclesiástica, sentado no fundo da sala e fingindo que estava tomando notas, fui rabiscando e desenhando um emblema. Tomei como base um círculo (símbolo da eternidade) contendo o clássico monograma do nome de Cristo em grego (XP), verticalizado; desenhei, em dois dos seus setores angulares opostos, as letras alfa e ômega (que Jesus disse ser), e no terceiro um candeeiro (luz do Evangelho); o quarto já estava preenchido com o meio-círculo da letra P (“ro”). Isso tudo num fundo azul (pureza) e vermelho (abnegação e coragem). E, na circunferência , os dizeres “Faculdade de Teologia da Igreja Metodista”.
Os colegas aprovaram meu desenho, o fabricante das camisetas o passou a limpo e o bordou a máquina nas camisetas azuis. Ficou realmente bonito. Nosso time tinha agora um uniforme vistoso e significativo... Fiquei alegremente surpreso quando, anos depois, me contaram que aquele emblema fora adotado pelo próprio seminário, e que era reproduzido nos documentos oficiais e até nos diplomas da instituição. Há poucos meses, um amigo e atual professor do seminário me presenteou com um broche de lapela e um chaveiro comemorativos do aniversário da instituição: traziam o mesmo emblema...”
Com informações Assessoria de Comunicação da Fateo