Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
estudo bíblico Josué
"Venha, faça para nós deuses que nos conduzam..." (Ex 32.1b)
Moisés estava a 40 dias no monte Sinai e não descia... "Ora, façamos nós mesmos os nossos deuses e sigamos em frente!". Pensaram os hebreus impacientes. Podemos considerá-los um povo tolo. Mas ainda assim, buscamos também durante nossas vidas o nosso "bezerro de ouro", que vai, através de sua imagem aparentemente brilhante, nos guiar em nossa trajetória de vida. O que queremos encontrar para nos conduzir? Um ídolo ou a Deus? Na verdade, continuaremos a viver normalmente com qualquer um dos dois. Mas antes é bom fazermos a distinção entre ídolos e Deus:
1) Ídolos: Falsas e falhas imagens de Deus.
Os hebreus fizeram algo que nós fazemos constantemente e não percebemos: Queriam algo em que mirassem os olhos e pudessem dizer "Estão vendo! Este é o nosso deus e é feito de ouro puro doado por nós mesmos!" Ídolos não criam, são criados! Quando se busca um ídolo, o adorador enxerga apenas a perfeição do momento: beleza, voz, carisma, a ideologia...O ouro para criar um ídolo adquire várias formas, de acordo, com o gosto de cada um. Um ídolo é o que motiva seu seguidor a viver. Porém, ídolo não dá vida, pois ele é inerte, é fruto da projeção humana, do querer "ser igual ao ídolo" e isso provoca todo esse fervor de emoções. Porque um ídolo requer "sacrifícios" e não pode oferecer nada em troca...pois não tem como oferecer. Um ídolo mais do que adorado é bajulado, é objeto de "paixão"...necessita da submissão e de pessoas que o sigam cegamente.
Os hebreus libertos, como nós cristãos libertos...não queria tão somente a ação de um Deus invisível, queriam mais. Os outros povos tinham seus deuses, que na verdade eram ídolos, e eles podiam ver, tocar...ainda que nada fizessem esses deuses...eram belos, alguns eram a reprodução perfeita do ser humano, outros eram uma simbiose entre seres humanos e animais, provocando uma visão aterradora e ao mesmo tempo atraente. Podemos dizer com toda certeza que na verdade esses ídolos eram a representação da personalidade humana, o desejo da imortalidade, do poder, da beleza...os ídolos, os deuses eram nada mais do que "eu queria ser assim!" Por isso os ídolos são tão perigosos, em toda a esfera da vida...ídolos são criados quando o ser humano materializa a sua insatisfação consigo mesmo. Passa a sua auto-estima para a imagem que ele gostaria de ser. Por isso o panteão de deuses gregos, egípcios, escandinavos e outros era tão diversificados...as pessoas adotavam o deus que lhe eram mais simpáticos, ou seja, o que mais se aproximava de seu ideal de ser.
Os ídolos não são apenas imagens esculpidas ou pessoas, mas também podem se manifestar com outros aspectos: ideologia (capitalistas, comunistas, ecologistas), dogmas (sacramentais, legislativos, sociais) ou até mesmo a própria pessoa...os egocêntricos são os mais fieis adoradores de ídolos...porque seu ídolo (ele mesmo) está sempre em primeiro lugar em todos os momentos de sua vida. Tudo que venha a tomar o lugar da dignidade e preservação da vida é uma forma de cultivar ídolos. Tudo que tome a prioridade da solidariedade e despeje opressão, ansiedade ou egoísmo é uma forma de ídolo... Todos que pensam apenas em si mesmo e em seu próprio beneficio criam seu ídolo de ouro...seu rei...seu deus. Mas a verdade é que, não precisamos de um bezerro de ouro, não precisamos criar nossos ídolos...Nós temos um Deus verdadeiro...
2) Deus: A verdade libertadora.
A manifestação divina e verdadeira já nos foi apresentada, não a vemos, não tocamos...não deixou fotos, desenhos, não deixou nada escrito...justamente porque sabia dessa "necessidade" humana de ídolos...o Deus que se mostrou a nós, revelou a verdadeira manifestação do divino, não pela aparência, mas pela essência interior...não pelo toque, mas pelo sentir...Gosto de um aspecto do Judaísmo em que nem mesmo o nome de Deus pode ser pronunciado. "Não farás para ti imagens..." Também nomes são imagens, são ídolos...Deus quer tirar o véu e lá revelar não a imagem esculpida de um corpo perfeito ou de um ser assombroso, mas sim encontrar o seu próprio coração.
Deus não se mostra a nós como uma imagem visível, mas quer que vejamos o mundo e as pessoas através dEle...realmente Deus não quer que o vejamos, mas nos convida para vermos com Ele. Os hebreus queriam, através do ouro doado por eles, moldar a deus. Porém, Deus não é moldado, não é criado...Deus é eternidade. Quando Deus quis se mostrar ao mundo, o fez de forma frágil, humana...
Os ídolos são aspectos humanos que tentam a divinização. O Deus verdadeiro fez o caminho reverso, foi a divindade única, verdadeira e absoluta que se dignou a ser humano. O corpo de Deus é o Espírito gracioso, capaz de sorrir, capaz de gerar e de morrer de amor. Nenhum ídolo é capaz disso, nem mesmo o meu próprio eu, porque a morte assusta e nos lembra o que somos...muitos homens e mulheres são adorados e são postos como deuses...humanos divinizados! Prefiro estar com o meu Deus humanizado...esse Deus que tem o conhecimento de saber de mim e de meus limites.
O Deus verdadeiro, é o Deus crucificado, sacrificado, Deus de redenção, lágrimas, Deus que chora...Deus vítima...Deus que nos enche de esperança e não de ilusão...O Deus que acredito, nos diz muitas vezes: "É necessário esperar!" É o Deus que na mensagem da ressurreição revela: "Em esperança somos salvos. Mas esperança não se vê, se guarda..." A humanidade de Deus nos incomoda...Queremos ser deuses, ter deuses e Deus tornou-se homem! Através de Jesus de Nazaré, Deus mostrou do que Ele é feito. Querem saber do que Deus é feito? Como Deus é? Jesus respondeu com sua vida: Deus é amor!
3) Conclusão:
Outro dia, em uma conversa com um pastor, ele me dizia algo que me fez pensar muito. Ele disse: "O ser humano busca mais reputação do que dignidade!" E cheguei a conclusão que isso é o que moveu o povo hebreu naquele momento e nos move muitas vezes...ter uma boa reputação é uma forma de idolatria, mas para manter esse "ídolo" chamado reputação é preciso algumas vezes sacrificar a dignidade. Todo "ídolo" tem uma reputação a zelar e faz qualquer coisa para mantê-la. Que diferença para o Deus verdadeiro! Deus coloca a dignidade acima da reputação! E mais: coloca a minha dignidade, a sua, acima de sua própria dignidade. Por isso, não faça do Deus verdadeiro um ídolo...Ele é Deus e não há definição para isso...é Amor e não somente paixão...Deus precisa que o amemos e não que o idolatremos ou simplesmente nos apaixonemos.
Como eu disse, você pode caminhar e continuar vivendo seguindo a um ídolo qualquer, seja ele qual for. Mas trago aqui as palavras de Josué ao povo hebreu diante da renovação da aliança. Ele, Josué, a frente do povo falou:
Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor. Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais;
porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.
Que seja essa sempre a nossa escolha!
Assim seja!
Antônio Carlos Soares dos Santos, pastor IM Altamira