Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Estou em casa
Estou em casa
Tenho lido os profetas e pensado no significado do exílio. O exílio é um enigma. Ele é a "não casa".
O exílio é o lugar do contraditório, do questionamento, da releitura e da reflexão.É lugar de dor que faz brotar esperança.
O exílio é o lugar de introspecção e de dúvida.
O exílio é o lugar do distanciamento e, a partir dele perceber os acontecimentos e os encaminhamentos que afetam os sonhos e a vida. Assim, o exílio nos faz perceber que a dor da ferida é mais dolorida. Que a esperança dos que esperam tem muito de utopia.
O exílio faz perceber mais dolorosamente os contornos das ideologias e das hipocrisias que caracterizam algumas pessoas do nosso círculo de relacionamentos e noz faz encontrar a honestidade e a sinceridade em muitas outras.
Do exílio a soberba e a vaidade parecem muito mais gritantes, muito mais devastadoras e aniquiladoras da humildade e da fraternidade. É do exílio que se conhece os solidários, os servos, os santos, os amigos.
Parece que no exílio fica-se mais fragilizado e suscetível às tensões e desgastes emocionais. Por outro lado, fica-se mais sensível às dores e lamentos dos que sofrem. Parece que o choro é mais dolorido e o lamento mais sofrido. O exílio é pastoral.
Os que criaram o exílio (os poderosos) se sentem ameaçados com ele, pois ele é gerador de força e vigor para que a luta pelos ideais libertadores seja vitoriosa.
Os poderosos não esquecem o exílio, pois no exílio estão os que incomodam, estão os que se incomodam com as coisas mais elementares da vida, portanto sagradas, como dignidade, respeito, complacência e decência.
O exílio é lugar de inspiração. O exílio é casa de oração.
O exílio indica um ponto de encontro e de equilíbrio, um caminho de conciliação e de reconciliação, uma atitude de perdão e de superação das diferenças, uma réstia de esperança e de paz.
No exílio se descobre que a esperança vira utopia, ou seja, um sonho que parece distante, mas que é plenamente realizável, não de forma mágica, mas sim construída com luta, consciência crítica, conscientização da liderança e amor, que é o dom maior.
Assim, quando alguém escreve estando no exílio transforma-o em sua morada.[1]
Josué Adam Lazier
Bispo Honorário da Igreja Metodista
[1] ADORNO, Theodor. Citado pelo prof. Bruno Pucci, do PPGE da UNIMEP, em aula no dia 21 de agosto de 2008.