Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 05/09/2012

Entrevista com Coordenadora do Departamento Nacional de Escola Dominical

A contribuição da Escola Dominical para a Igreja Metodista no Brasil é inquestionável. São muitos frutos e resultados importantes ao longo da história. Com as vitórias do passado, se consolida o presente e projeta-se o futuro. A cada domingo a Escola precisa se redescobrir. É neste sentido que o Departamento Nacional de Escola Dominical trabalha. Muitos alvos já foram alcançados e há muitos projetos em andamento. Conheça alguns planos e estratégias nesta entrevista com a coordenadora nacional revda. Andreia Fernandes Oliveira.

A Escola Dominical na Igreja Metodista é uma ferramenta importante, mas está entrando em extinção?
Andreia Fernandes: A Escola Dominical na Igreja Metodista é uma parte fundamental. O fato de ter uma diminuição do número de escolas dominicais, do número de alunas e alunos assíduos, na minha perspectiva, não está atrelado à importância da escola dominical em si, mas a outros fatores, como, por exemplo, a importância que pastoras e pastores, leigos e leigas dão à educação cristã na sua própria vida, na vida da sua família e consequentemente na vivência comunitária.

Pensar essa perspectiva é desafiador, tenso, mas extremamente necessário. Em tempos onde as máximas que guiam a sociedade se resumem a explicar tudo em 140 caracteres, precisamos nos perguntar: que tipo de educação desejamos? E mais especialmente, que tipo de educação cristã Jesus deseja para nós? Sim, isso é determinante para o processo de incentivo ou desvalorização da Escola Dominical, como um espaço privilegiado para educação cristã na dinâmica da Igreja.    

No último Encontro Nacional de Pastoras e Pastores, pude participar, juntamente com o pastor Fernando Cesar Monteiro da 6a Região e a Bispa Marisa de Freitas, de um seminário de Escola Dominical. Em sua exposição, a bispa Marisa nos apresentava, à luz das considerações do sociólogo Zygmunt Bauman o conceito de uma sociedade que vive uma modernidade líquida, que nas palavras do próprio autor, significa tempo do desapego, provisoriedade e do processo da individualização; tempo de liberdade ao mesmo tempo em que é o da insegurança.

Nesse sentido, a regularidade entra em choque com a necessidade consumista de uma ­novidade a cada dia, a cada domingo. Tornamos-nos reféns de uma criatividade, de uma inovação, que deve priorizar a satisfação pes­soal ao invés do que está em Deuteronômio 6.5 a 8 e Atos 2.42, isto é, um chamado ao contato permanente e perseverante com a palavra de Deus balizado no estudo, na partilha e no ensino de geração a geração. A Escola dominical é e sempre será um importante espaço de educação e partilha!

Modelos de discipulado e grupos pequenos enfraquecem a Escola Dominical?
AF: O Colégio Episcopal tem sido enfático em dizer que a dinâmica de grupos pequenos e a Escola Dominical podem e devem coexistir; elas não são mutuamente excludentes. Eu me permito afirmar que eles são interdependentes, ou seja, discípulas e discípulos de ­Jesus Cristo comprometidos com o processo de discipulado que vivenciam, entendem a necessidade de serem alunas e alunos da Escola Dominical.

A participação e valorização da Escola Dominical, na minha perspectiva, são frutos de uma vivência cristã baseada no discipulado. No evangelho de Lucas, capítulo 6 versículo 40, Jesus Cristo afirma: Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre. O que é a Escola Dominical se não um espaço específico para instrução, reflexão e formação de discípulos e discípulas à luz do Caráter de Cristo e dos valores do Evangelho?

Quais são as estratégias do Departamento Nacional de Escola Dominical para fortalecer o trabalho nas igrejas locais?
AF: A continuidade e o fortalecimento das escolas dominicais não estão atrelados apenas à ação do Departamento Nacional da Escola Dominical, mas vários agentes e fatores contribuem para o bom andamento, por exemplo, pastores, pastoras, coordenadores/as locais e regionais, etc.
No que diz respeito ao Departamento Nacional de Escola Dominical temos muitas frentes de trabalho, algumas já em atividade e outras ainda por vir. O que já funciona a partir das iniciativas do DNED é a Campanha Nacional de Escola Dominical  intitulada Escola Dominical feita pra mim e pra você, que estimula as igrejas locais a realizarem atividades periódicas para fortalecimento/ revitalização da ED; a proposição de liturgias para as datas comemorativas; um programa de celebração do Dia Nacional da Escola Dominical (3o domingo de setembro) postado anualmente no site da área nacional.

Temos disponibilizado vídeos motivacionais; criamos um site para a Escola Dominical; estimulamos e contribuímos na formação de professores/as e coordenadores/as da ED em níveis regionais, locais e distritais. Organizamos ainda o Encontro Nacional de Escola Dominical que acontece uma vez a cada período eclesiástico. Há ainda muito por fazer e as nossas próximas ações convergem para o cumprimento das determinações do Plano Nacional Missionário, aprovado no último Concílio Geral da Igreja (2011).

Como projetar uma Escola Dominical eficaz?
AF: O que é uma Escola Dominical eficaz? Acho que essa é uma pergunta que também precisa ser feita. O conceito que adoto para eficaz tem a ver com a proposta de uma Escola Dominical que represente e atenda às demandas da comunidade onde ela acontece. Nesse sentido, uma Escola Dominical eficaz precisa surgir do comprometimento comunitário na organização da mesma.

Ouvir a comunidade, acolher suas expectativas e necessidades é o primeiro passo para a tão sonhada eficácia. Além disso, a periódica formação de professoras e professores, o acompanhamento pastoral da equipe pedagógica, um material de qualidade e balizado nas doutrinas da igreja, na minha concepção, são determinantes para uma Escola Dominical que seja antes de mais nada, um espaço prazeroso de ensino e aprendizagem da Palavra de Deus.

Como está sendo a repercussão da nova fase das revistas da Escola Dominical?
AF: O retorno tem sido o melhor possível! Todas as críticas e sugestões que chegam a nós entram no nosso processo de avaliação e construção dos materiais. Além da preocupação com um con­teúdo de qualidade desejamos um material visualmente atrativo para os/as leitores/as. É nesse sentido que trabalhamos!

Algumas pessoas se valem do discurso de que uma revista única não abarca todo território nacional. Isso é verdade. Não discordo. No entanto, mais do que a revista o diferencial encontra-se na professora e no professor. Educadoras e educadores dedicados, com a graça de Deus e sob a orientação do Espírito Santo, seguramente serão instrumentos de facilitação da aquisição do conteúdo proposto nas revistas de Escola Dominical e contribuirão para a conexidade e crescimento da Igreja. Costumo dizer que a revista está aqui para servir-nos e não ao contrário.

Muitas pessoas são responsáveis pela elaboração desse material e grande é o desafio. Escritoras e escritores  das diversas regiões eclesiásticas, a equipe de redação (Profa. Telma Cezar da Silva Martins; Revda Lidia Maria de Lima, Rev. Marcelo Alves da Silva e Rev. Edemir Antunes), as revisoras Profa. Neusa Cezar e Profa. Celena Alves, a equipe de diagramação sob a coordenação do Prof. Wilson Alixandrino, o Rev. Eber Borges, como coordenação nacional de Educação Cristã e o Bispo Luiz Vergílio, designado como assessor do DNED. Aproveito este espaço para agradecer as pessoas que por nós intercedem a Deus e solicitar aos leitores e leitoras que ainda não o fazem, que tenham essa equipe em suas constantes orações.


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