Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 05/01/2012
ENTREVISTA: Bispo Carlos Alberto fala com exclusividade ao Expositor Cristão
O novo bispo da Igreja Metodista Carlos Alberto Tavares Alves, nasceu em Itaocara, RJ, em 1945. Após 42 anos de ministério pastoral, vai presidir a Região Missionária da Amazônia nos próximos cinco anos. Em uma entrevista exclusiva ao Expositor Cristão, o novo bispo conta um pouco de sua história e compartilha os sonhos para a Igreja Metodista no norte do Brasil.
Expositor Cristão: No momento que o resultado da eleição foi anunciado no que o senhor pensou?
Aconteceu! Olhei para minha filha, ela olhou pra mim e disse: aconteceu! Dias atrás, uma série de coisas me atormentou - ansiedade, angústia, incertezas, coisas do homem mesmo. Eu tinha pedido que algumas irmãs da intercessão fossem orar comigo lá no gabinete. Elas foram de manhã e falei a elas das possibilidades, das expectativas. Então, ajoelhei-me, elas me cercaram, oraram e me banharam de lágrimas. Num dado momento, a líder da intercessão começou a fazer uma entrega.
Isso foi muito forte. Chorando ela disse: “Senhor nós estamos entregando o nosso pastor para a obra missionária”. Eu já tinha orado de madrugada, que é um hábito que eu tenho e estava em paz, mas, este momento, foi muito forte pra mim. Pensei comigo: ‘agora é só esperar a resposta final de Deus’. Foi algo muito forte, algo muito espiritual. Isso foi determinante!
Elas fizeram uma liberação do pastor, o envio. Sei que estou sendo enviado pela igreja, vou ter intercessores/as, cobertura da igreja e um núcleo de pastores que caminham com a gente. Naquele momento eu disse: aconteceu!
Expositor Cristão: Já tem planos para a Região Missionária da Amazônia?
Já começo sonhar com três ou quatro regiões na Rema, nem que sejam regiões missionárias. É isto que me move! Sonhos do que você pode fazer. Tem que ser investido muito no pessoal que está lá, não sei como está isso agora. É preciso firmar parcerias com igrejas grandes e outras regiões em curto prazo. Creio que minha região (1ª RE) vai me apoiar muito nesse sentido. Antes de acontecer a eleição aqui, já estive lá no mês passado e conversei com alguns pastores e eles disseram que estão abertos. Então, há um desejo, um ardor missionário em nossa região para que a Rema cresça cada dia mais!
Expositor Cristão: Na Rema são 28 igrejas e congregações e 35 pastores/as. Como o senhor olha para esses números?
Meu primeiro olhar é para a questão geográfica. Hoje em Rondônia a igreja está estabelecida, mas ela não está estabelecida no Pará. Belém tem 1,6 milhão de habitantes e tem uma Igreja Metodista com 50 membros. Manaus com quase dois milhões, é possível que tenha três igrejas com 600 membros. No Rio de Janeiro fui Superintendente Distrital na Região dos Lagos, que tinha 38 pastores e mais de nove mil membros.
Expositor Cristão: Como o senhor pretende trabalhar?
Meu ministério pastoral é de sonhos, de visões e caracterizou-se por implantação de igrejas. Em 15 anos conseguimos implantar 15 igrejas. A experiência da Igreja de Teresópolis, RJ, é muito forte porque saímos de uma avenida na saída da cidade, ou seja, saímos do templo e fomos para um galpão alugado. Depois de quatro anos compramos uma propriedade grande no centro da cidade e estamos na fase de conclusão do templo novo com capacidade para duas mil pessoas sentadas.
Fui Superintendente Distrita durante 27 anos e aprendi muito. Meu ministério sempre foi de evangelização, implantação de Igrejas, avivamento espiritual. Creio que na Região deve ter uns 40 pastores que Deus nos usou para levar para o ministério. A Igreja me deu muitas oportunidades. Fui membro do Conselho Diretor do Bennett, presidente e professor do antigo seminário Bispo César D’Acorso Filho e diretor do Núcleo de Formação. Em 2000 fui desafiado para implantar a Escola de Missões em Teresópolis. Começamos do zero e hoje é uma grande realidade. Fui pastor em Cabo Frio que já era uma igreja grande e quando saí tínhamos quase dois mil membros. Sempre trabalhei com crescimento de igrejas, implantação e treinamento de lideranças. Esse tem sido o foco do meu ministério. Espero usar essa experiência pra colocar a serviço da Rema naquilo que for possível.
Expositor Cristão: O senhor sempre visou a implantação de igrejas?
A visão de implantar igrejas é mais recente no meu ministério porque ele se caracterizou da seguinte forma: tinha uma igreja que estava ‘morrendo’, aí o bispo precisava de alguém para levantá-la e ele me nomeava. Houve uma divisão... o bispo me enviava. Ficava três anos em uma, quatro em outra. Sempre trabalhei com recuperação de igrejas que estavam com problemas. Quando fui para Cabo Frio, tive uma igreja mais consolidada e comecei a implantar igrejas. Implantamos em seis anos 12 igrejas. Seis por meio da igreja local e seis pelo distrito. Quando fui para Teresópolis consegui implantar mais três igrejas.
Expositor Cristão: Como foi o começo do seu ministério pastoral?
Minha primeira nomeação de tempo integral foi em 1970. Formei no curso básico de teologia da região e, naquela época, o pastor era consagrado como diácono. Vou completar 42 anos de ministério pastoral ativo na igreja. Depois da formação no curso básico fiz a complementação teológica no Seminário César Dacorso Filho, do Instituto Metodista Bennett e fui ordenado como presbítero. Eu tinha apenas 24 anos e já era diácono da Igreja. Naquela época era presbítero ou diácono. Fui nomeado para três Igrejas: Magé, Andorinhas e Suruí.
Meu chamado foi aos 17 anos em um congresso de juvenis. Senti um chamado muito forte. Terminei os estudos, fui para o seminário e na época tinha um emprego razoavelmente bom, mas abandonei e ingressei no ministério em 1970.
Ocorreu uma divisão na Igreja Metodista no Rio de Janeiro em 67 onde originou-se a Igreja Metodista Wesleyana. Essas três igrejas em Magé eram pequenas e foram prejudicadas. Foi um período muito difícil!
Tive que vender minha casa própria para me manter no ministério, porque na divisão, você recebia um pouquinho de cada igreja e a sede regional complementava. O subsídio pastoral era em torno de dois salários mínimos. No meu primeiro ano de nomeação nasceu minha primeira filha, fiz a opção de vender a casa para me manter no trabalho. Naquela época não é como hoje que tem ônibus para todos os lados.