Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Encontro de Santidade Wesleyana também aconteceu em Brasília DF
Ontem, 21, aconteceu o encontro de Fraternidade Wesleyana na Igreja do Nazareno Central de Brasília com os seguintes participantes:
• Igreja do Nazareno – Rev. Luiz Carlos
• Exército de Salvação – Rev. Arli Krema
• Igreja Comunidade Cristã Casa de Davi – Rev. Bruno Pedroso
• Igreja Metodista – Rev. Misael Lemos
• Igreja Metodista Livre - Rev. Willacy; Samuel; e Vicente
• Igreja Metodista Wesleyana – Iankee Berget
O pastor Roger Terra da Igreja Metodista Ortodoxa não pôde participar do evento, mas justificou. Abaixo você tem a reflexão do pr. Levi Silvestre
Santidade
Até “pouco tempo” ouvia-se dizer que João Wesley não foi um teólogo e, sua contribuição para a teologia era praticamente nenhuma. Por quê?
Ora! Porque os católicos romanos apresentam São Tomaz de Aquino; os protestantes Martinho Lutero; os Reformados na Europa e o equivalente a eles (Presbiterianos e Calvinistas diversos) apresentam João Calvino... e aí vai. Todos teólogos sistemáticos, ou seja, produziram vastos tratados teológicos, sumas teológicas e etc..
Nosso João Wesley não foi um teólogo sistemático. Na verdade os irmãos Wesleys foram teólogos práticos. Por isso, podem ser chamados de evangelistas, pregadores e, até de ativistas (nomenclatura que jamais aceitariam).
Sobre isso:
A teologia wesleyana avessa á especulação, é compreendida como teologia prática. Inserida na comunidade de fé, Põe-se no caminho da salvação a serviço da transformação do ser humano e do mundo, conforme o propósito de Deus revelado em Cristo. Seu objetivo supremo é promover a santidade de coração e vida e estender a todos os domínios da realidade, na força do Espírito, a nova criação. Sua motivação mais profunda pode ser resumida na frase, repetida inúmeras vezes nas obras de John Wesley: “a fé que atua pelo amor” (cf Gl 5.6). Por essa razão, a reflexão teológica, na perspectiva wesleyna, não se encontra atada à mera confissão de princípios ortodoxos. Antes, procura manter-se em sintonia com a vida e a história, valorizando a experiência, porém, sem desrespeitar os demais referenciais teológicos, como as Escrituras, a tradição, a razão e a criação. Tal característica explica, ao mesmo tempo, sua funcionalidade e sua resistência a todos os esforços no sentido de enquadrá-la num sistema.[1]
A teologia da santidade é livre. Não se enquadra em sistemas teológicos. Esse é o grande fio condutor que deve nortear toda discussão bíblica a partir dos Wesleys. É uma teologia a caminho como explica o professor Josgrilberg:
A teologia de John Wesley é, geralmente, descrita como uma teologia da graça. (...) porém, podemos, sem prejuízo, descrevê-la como uma “teologia da salvação” ou, para enfatizar mais ainda o aspecto existencial do caminhar, como uma “teologia do caminho da salvação”. Não podemos esquecer, de outro lado, que salvação e graça são correlatos. (...) devemos argumentar em favor de uma teologia que começa com a situação humana, nossas práticas e nossas necessidades pessoais e sociais que acabam envolvidas pela graça divina. (...) Wesley antes de refletir sistematicamente a teologia, experimenta sentimentos, angústia, preocupação profunda que afeta seu projeto de vida. (...) Wesley se desloca para uma questão mais abrangente e mais humana, que serve de leito por onde corre a graça: isto é, partimos de baixo, de nossa humanidade sofrida e contingente, de nossas questões, de nossas experiências e necessidades. A teologia da graça aparece já em resposta a uma questão que Wesley coloca para si e para Deus. (...) É a vida como caminho e a salvação como modo de viver o caminho que fornecem a chave para se compreender a teologia da graça em Wesley. (...) E essa motivação pode ser resumida como a do caminho da salvação pela fé, mediante a graça. A motivação originária estaria no primeiro termo dessa expressão.[2]
Os Wesleys e todos os wesleyanos partiam da realidade da vida. Todo trabalho era mudado, toda reflexão alterada, se necessário, diante das necessidades do dia a dia da comunidade assistida pelos pastores.
Fé e Graça são pressupostos da teologia wesleyana. Pressupostos práticos e não acadêmicos. Isso implica em exigência de santificação. Todos/as que aceitam positivamente a mensagem da cruz o fazem movido de fé verdadeira e recebem a graça de Deus em sua plenitude.
Entendo a graça de Deus em sua plenitude como um chamado à santificação. Para Wesley a graça santificadora é tão importante que gasta a vida toda meditando sobre o tema.
• Graça Preveniente – vem antes, é universal;
• Graça Justificadora – acontece na conversão (novo nascimento e regeneração);
• Graça Santificadora – acontece como processo durante toda a vida do crente em Jesus Cristo.
A origem do grupo, de irmãos de tradição wesleyana, em busca de um modo de ser cristão no presente século tem como base a santificação. O grupo, assim como o nosso, iniciou seus trabalhos (salvo engano) em fevereiro de 2006, com um manifesto (Manifesto de Santidade). Tinham algumas preocupações importantes, dentre elas: “Qual a mensagem que podemos transmitir ao nosso mundo hoje?” Observaram que a igreja de Jesus Cristo estava atravessando um momento crítico por isso apresentam-nos o seguinte:
Deus é santo e nos chama a sermos um povo santo.
Deus , que é santo, tem um amor abundante e fiel por nós. O santo amor de Deus nos é revelado na vida e ensinamentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Deus continua a agir, dando vida, esperança e salvação através da habitação do Santo Espírito, conduzindo-nos à vida santa e amorosa de Deus.
Deus nos transforma, livrando-nos do pecado, idolatria, servidão e egoísmo para amarmos e servirmos a Deus, aos outros e para sermos mantenedores da criação. Portanto, nós somos renovados à imagem de Deus como revelada em Jesus Cristo.
Separado de Deus, ninguém é santo. Os santos são separados para o propósito de deus no mundo. Capacitados pelo Espírito Santo, os santos vivem e amam como Jesus Cristo. A santidade é tanto um dom como uma resposta renovadora e transformadora, pessoal, ética e missionária. Os santos de Deus seguem a Jesus Cristo ao engajarem-se nas culturas do mundo e trazerem os povos a Deus.[3]
A mensagem é de santidade. O princípio é o próprio, pois, Deus é Santo! Somos chamados/as a trazer os povos a Deus. Recapturá-los à santidade “sem a qual ninguém verá a Deus”. Para isso, o melhor conhecimento, a melhor teologia, reflexão, seja o que for, é a caminhada com o povo que sofre no dia a dia. Essa é a nossa tradição “teologia do caminho”. Vou encerrar com mais uma citação do manifesto. Devemos:
• Pregar a mensagem transformadora da santidade;
• Ensinar os princípios do amor e do perdão de Cristo;
• Viver vidas que reflitam a Jesus Cristo;
• Liderar um engajamento com as culturas do mundo; e
• Partilhar com outros para multiplicarmos seu efeito pela reconciliação de todas as coisas.[4]
Que a Paz de Cristo Jesus reine abundantemente em nossas vidas e na vida dos irmãos e irmãos de nossas Igrejas Locais.
Pr. Levi Silvestre
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[1] RENDERS, Helmut. Andar como Cristo Andou: a salvação social em John Wesley. São Bernardo do Campo, SP: Editeo, 2010. p. 17.
[2] [2] JOSGRILBERG, Rui de Souza. In: Caminhando – Revista da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista/UMESP. São Bernardo do Campo: EDITEO, Ano VIII, Nº 12, 2º Semestre de 2003, p. 103-106.
[3] MANIFESTO DE SANTIDADE. Projeto de Estudo Wesleyano e de Santidade. Azusa, Califórnia, fevereiro de 2006.
[4] Idem. Manifesto de Santidade, 2006.