Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Diaconato Metodista

 

 

 Na segunda fase do 18º Concílio Geral, realizado de 12 a 14 de outubro na Universidade Metodista, aprovou-se uma proposta de organização e regulamentação da Ordem Diaconal. A decisão foi quase unânime: houve apenas um voto contra e uma abstenção. Dentre os delegados que apoiaram a proposta, apenas dois diáconos: Livingstone dos Santos Silva, da 1ª Região, e Jane Menezes Blackburn, da Remne. Eles foram eleitos para a comissão de Organização e Regulamentação do Diaconato e realizarão seu trabalho com base nas orientações definidas pelo "Fórum para um Diaconato na Igreja Metodista", um evento promovido pelo Colégio Episcopal no ano de 2003. 

 

Mas, afinal, o que é diaconato?

 

A palavra originada do grego diákonos pode ser traduzida por servo (ajudante, aquele que ministra ou distribui, auxiliar, assistente). É, portanto, em sua origem, uma função destinada ao serviço, natureza essencial da Igreja. Jesus veio ao mundo como aquele que serve. Ministério, do latim ministerium, nada mais é do que a tradução latina do grego diakonia. Portanto, todo ministério é diaconal. Na Igreja Metodista, geralmente o diácono ou diaconisa serve em um ministério especial na área regional, como assessoria a projetos sociais, pastoral carcerária, pastoral da terceira idade, trabalho com mulheres ou crianças, etc. Para isso, recebe anualmente, designação do bispo ou episcopisa da Região e presta relatório ao Concílio Regional.

 

No "Fórum para um Diaconato", três pontos importantes foram destacados com relação ao exercício deste ministério na Igreja Metodista: deve ser um ministério leigo; deve estar voltado para o serviço a partir de demandas específicas e deve ser exercido por pessoas preparadas para atender a essas necessidades.

 

Duas vidas e um mesmo propósito

 

Jane e Livingstone são dois bons exemplos desse perfil. Jane foi consagrada diaconisa em 1988 e exerce seu trabalho ligada à Região Missionária do Nordeste (na Igreja Metodista, a diaconisa ou diácono vincula-se à região eclesiástica ou missionária na qual serve e não à igreja local). "Em 1980, quando ingressei na Igreja Metodista, era o tempo em que a Igreja estava começando a se organizar em dons e ministérios. Começamos a refletir sobre o papel do leigo, da leiga, pastor/a, etc. e ficou claro para mim que minha área de atuação na Igreja era o serviço diaconal". Jane serviu à Igreja nessa área paralelamente ao seu trabalho profissional como psicóloga até 1995, quando se aposentou e passou a dedicar tempo integral ao diaconato. "Desde 1998 atuo numa instituição chamada Diaconia, formada por onze igrejas evangélicas, que desenvolve trabalhos na área de ação social".

 

Jane conta que sua principal dificuldade é o fato de haver poucas pessoas nesse ministério com as quais possa compartilhar experiências e somar esforços. "O papel da diaconia ainda é pouco conhecido pelas igrejas em geral. A ação diaconal muitas vezes é incluída no planejamento como um apêndice na missão da Igreja, quando na minha percepção ela é parte integrante da missão e é a própria identidade da Igreja. Nem tudo na Igreja é diaconia mas o serviço diaconal tem sua identidade na fé cristã", afirma ela. Segundo Jane Menezes, a ação diaconal é, às vezes, limitada a uma ação assistencial, sem levar em conta os aspectos prático, comunitário e  profético. "A espiritualidade não pode ser separada de outras áreas, como afetiva ou intelectual, porque somos pessoas inteiras e agimos com tudo o que somos. Se somos cristãs e cristãos, a espiritualidade é parte de nós e está conosco em tudo o que fazemos. Um risco que corremos sempre é nos entusiasmarmos demais com o trabalho e não mantermos o equilíbrio entre ação e vida devocional, leituras, lazer, convivência com a família e amigos/as, etc"

 

Livingstone, diácono desde 1983, também considera que a Igreja Metodista não investiu no diaconato nos últimos anos. "No  Concílio éramos apenas dois.  Mas é  importante destacar que existe um número razoável de profissionais exercendo o trabalho diaconal sem serem diáconos ou diaconisas. A Igreja agora estará dando abertura para estes profissionais e nossa esperança é que no próximo Concílio sejamos um grupo de peso na Igreja, não só pelo número, mas, principalmente, pelo trabalho".

 

Bacharel em História e Direito, mestre em Educação e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Livingstone atua na coordenação dos Núcleos de Capacitação Missionária da 1ª Região Eclesiástica. "Entendo que a Igreja precisa atuar nas várias esferas  da  atividade humana  e  mesmo com profissionais preparados em suas próprias instituições", diz ele. "Muitos são os profissionais - médicos, advogados , psicólogos,  assistentes sociais, administradores, comunicadores, educadores, etc - que  gostariam de dedicar seu trabalho especializado no progresso do Reino. Pelo menos na 1ª RE  temos cerca de  dez  candidatos ao diaconato, à  espera de sua  regulamentação e organização. É uma outra visão de Igreja, aquela que se preocupa  com o "lado de fora". Afinal não é esta  a visão  metodista wesleyana?"

 

Se você quiser obter mais informações, leia o livro Para um Diaconato Metodista Hoje: Memória do Fórum sobre Ministério Diaconal, da Editeo. Informações: (11) 4366-5983.


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