Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 21/01/2011

Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa

Hoje, 21, é celebrado o Dia Nacional de Combate a Intoletrância Religiosa.  Embora muitos digam que no Brasil não existe esse tipo de preconceito ou intolerância, alguns líderes religiosos afirmam que existe sim.  É o caso do pastor Luiz Alberto Barbosa,  secretário-executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), para ele “é um mito [dizer] que não há discriminação e intolerância no Brasil. Essa intolerância se inicia na própria família e perpassa todo o dia-a-dia, chegando ao campo profissional. É necessário conhecer, respeitar e dialogar”, disse.

A perseguição religiosa, que constitui um caso extremo de intolerância, consiste no maltrato persistente que um grupo dirige a outro grupo ou a um individuo devido à sua afiliação religiosa. Usualmente, a perseguição desta natureza floresce devido à ausência de tolerância religiosa, liberdade de religião e pluralismo religioso.

Abaixo você verá trechos da reflexão da coordenadora da Pastoral Nacional de Combate ao Racismo, Diná da Silva Branchini.

"... Nós metodistas, de acordo com o Cânones 2007, acreditamos num Deus criador, Pai de toda a família humana: fonte de todo o amor, justiça e paz; em  Jesus Cristo, Deus filho, amigo e redentor dos pecadores, senhor e servo de todos o homens;  no Espírito Santo, Deus defensor, que conduz os homens livremente à verdade, convencendo o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Cremos que não existe nenhum valor acima da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus. (Cânones IM 2007,50-51).

Em Mt 23. 23-24,Jesus Cristo adverte que a justiça, a misericórdia e a fidelidade são mais importantes do que o cumprimento da lei religiosa. Isto pode ser entendido e ampliado no conceito de amor que, para Cristo, é a lei maior que sela a nossa relação com Deus - o amor a Deus se concretiza no amor ao próximo.  E, próximo é a pessoa - ou grupo de pessoas - que está em nosso alcance para compartilhar experiências de solidariedade, companheirismo, paz e luta pela justiça. Não importa se é conhecida ou desconhecida, da família, do mesmo grupo religioso, como também de diferente aparência, etnia, religião ou filosofia de vida.

A Igreja Metodista defende, também, a “liberdade de expressão legítima de convicções religiosas”, como uma das formas de expressão plena de cidadania. (Cânones, 56)

Embora as orientações bíblicas e visão metodista de respeito e fraternidade humana  como expressões do amor divino, observamos, com indignação, que o campo religioso é gerador de  conflitos, separações, guerras e crueldades. O Brasil é um país onde predomina a diversidade religiosa, porém o desrespeito entre os grupos beira a selvageria e vandalismo, havendo grupos que ousam impor e determinar a opção religiosa a outras pessoas. Ainda domina o conceito racista de demonização das crenças de outros grupos, principalmente das religiões afro-brasileiras.

Em Lucas 9. 49-50,Cristo foi radical quando um de seus discípulos quis impedir outra pessoa de expulsar demônios, justificando “Porque ele não era um dos nossos”. Cristo impediu e argumentou, “quem não é contra você, é a favor de você”.

Por isso nos conclamamos a todos os homens e mulheres de bem, cristãos, evangélicos, não cristãos, sem religião, para que possamos ter um ato de reconhecimento e arrependimento pelas vezes que reproduzimos idéias e atitudes que negam a nossa fraternidade, tolerância e respeito para com todas as pessoas que não professam a nossa fé. Pelas vezes que nossa visão racista ajudou a difundir o preconceito contra as religiões de matrizes africanas.

No espírito de busca da verdade, da justiça e da paz partilhamos com todas as pessoas que se abrem para o encontro da diversidade e do respeito, os  sentimentos e atitudes  em prol da  fraternidade e paz entre os grupos religiosos.  Não podemos mais apenas assistir a violência, mortes, exclusões e racismo religioso. Este Dia Nacional de Combate a Intolerância religiosa nos desafia ao ato de arrependimento pelas vezes que reproduzimos idéias e atitudes intolerantes e preconceituosas e  nos incomode a ponto de nos colocarmos na posição de  somar esforços com todos e todas que querem construir um mundo de diálogo e de paz. A começar pela religião. A começar por mim".

Diná da Silva Branchini

Pastoral Nacional de Combate ao Racismo,
Ministério AA-AFRO-3RE, da  Igreja Metodista

 


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