Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Dia das mães

Dia das Mães

 

Para sempre

Por que Deus permite

Que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,

É tempo sem hora,

Luz que não se apaga

Quando sopra o vento

E a chuva desaba, veludo escondido

Na pele enrugada,

Água pura, ar puro,

Puro pensamento.

Morrer acontece

Com o que é breve e passa

Sem deixar vestígio.

Mãe na sua graça,

É eternidade.

Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

De tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

Baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

Mãe ficará sempre

Junto do seu filho

E ele, velho embora.

Será pequenino

Feito grão de milho

Para sempre,

Carlos Drummond de Andrade,

em Obras Completas, 1973

 

As mães não morrem

Em todo Dia das Mães, me vem à memória uma homenagem que era feita pela Escola Dominical de minha igreja, na década de 1950, quando eu era uma criança. Neste domingo especial, todos os alunos, alunas e visitantes recebiam ao chegar à igreja, um lacinho de fita vermelha ou branca, que era pregado no peito de um filho ou uma filha que chegava: vermelha, se a mãe fosse viva e branca, se já tivesse morrido. Durante toda a manhã de homenagens às mães, ficávamos com aquele lacinho. Íamos embora com ele e alguns até retornavam com o seu lacinho para o culto vespertino.

Eu, como sempre fui um "rato" de Escola Dominical, chegava antes do seu início. Neste dia de distribuição dos lacinhos, chegava mais cedo ainda, só para ser o primeiro a receber o meu, de cor vermelha, claro. Mas principalmente, para ver quem receberia o de cor branca.

Eu na minha perplexidade de criança, ficava ali parado, como que hipnotizado, tentando imaginar como alguém poderia viver neste mundo sem uma mãe. Para mim, era uma situação inconcebível: como um filho ou filha conseguia sobreviver sem o carinho, o amor, o cheiro e até as cobranças de uma mãe?

Nestas horas eu agradecia a Deus pela minha mãe estar viva e ao meu lado, mas ao mesmo tempo, orava penalizado por aqueles que recebiam o seu lacinho branco, que aos meus olhos de criança, adquiriam um tamanho muito maior, como um enorme laço branco tomando todo o peito de quem o recebia.

Crescendo, tomei conhecimento da história de Anna Jarvis, jovem norte-americana, que há mais de 300 anos, inconformada com a morte de sua mãe, escreveu cartas para os amigos, religiosos, políticos e pessoas influentes, até conseguir criar oficialmente em seu país o Dia das Mães, hoje a comemorada em todo o mundo e que é a segunda data de maior movimento comercial em todo o mundo.

O que levou Anna Jarvis a achar que os filhos não demonstravam amor suficiente para suas mães enquanto vivas? Algum remorso? Inconformidade? Ou apenas a necessidade de reafirmar a importância de sua mãe em formação afetiva, moral e religiosa e por isso, a homenagem em um dia do ano?

Com o tempo também aprendi a aceitar, como Drummond, que "mãe é eternidade" e que pela Graça de Deus, somos seu "grão de milho", semente do seu amor. Que mãe "é luz que não se apaga", presente naquilo que cremos, nas escolhas que fazemos, nas pessoas que amamos.

Daniel Evangelista de Souza

Igreja Metodista em Mantiquira-RJ


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