Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Dia das mães

O amor é sentimento que nos consome. O amor é virtude que quando toma forma, só pode ter um único, pequeno, mas sublime nome: Mãe. Falar de amor é falar de mães, falar de mães é falar de amor, falar de mães é falar de alegrias, sofrimentos, felicidade, mas também de dores, falar de mães é falar da vida, falar de mães é falar de flores... Estamos nos aproximando de mais um segundo domingo de Maio, portanto, dia das mães. Pelo avizinhar de tal data, pus-me a refletir sobre a importância dessas mulheres na vida de todas as organizações humanas. Aliás, sem elas não haveria organizações humanas, pois nem sequer humanidade haveria.

São mulheres que lutam, choram, sorriem, amam, oram e clamam. São Marias, Suzanas, Isabéis, Josefinas, Fátimas, Jéssicas, Elianes, Janaínas, são Terezas, são Auroras... são tantas mães por este Brasil afora. São elas: negras, brancas, amarelas, solteiras, casadas, viúvas, divorciadas, domésticas, advogadas, professoras, políticas, empresárias, senhoras do lar, pastoras, missionárias, episcopizas, revolucionárias.

Estão na terra, estão no ar, estão em quase todas as partes e lugares, na Igreja são maioria leigas, mas infelizmente, em algumas denominações ainda lutam pelo direito de pastorearem. Independente, da profissão, formação ou classe social, as mães possuem um atributo, um carisma sem igual: serem co-autoras da vida. Possuem o poder de com seus beijos e abraços fazer passar as dores sentidas. Suas lágrimas são bálsamos que curam e cicatrizam feridas.

Lembro-me de uma canção popular que diz assim:

Mãe, tu és para a poesia uma meta, a musa inspiradora do poeta. E eu usei todas as palavras que disponho, mas na maior frase que a ti componho, existe algo ainda por dizer. Mãe, tu tens para mim todas as virtudes, pois entregaste a sua juventude, pelo simples prazer de ter nome de mãe.

A canção citada, de autoria do cantor Amado Batista, traz muitas verdades explícitas, verdades inegáveis no que se refere a mães. Pois verdadeiramente, por mais que se fale, por mais que se rime, se escreva, pinte ou cante, por mais que se tentem tudo falar sobre mães, a respeito delas sempre existe algo ainda por dizer.

Até mesmo Deus o Criador do universo e Senhor de todas as coisas, para deixar bem claro o amor Dele por Israel, se comparou com uma mãe: "Porventura a mulher esquece a sua criança de peito, esquece de mostrar sua ternura ao filho da sua carne? Ainda que elas os esquecessem, eu não te esquecerei!". (Is 49.15) Tais palavras tanto do poeta secular, como do Poeta Sagrado, que pelo amor de mãe foram inspirados, dignifica e exalta sobremaneira essa figura, esse ser que carrega em si e transmite amor, carinho, segurança e ternura.

Foi esse sentimento de amor, que possibilitou ao sábio Salomão resolver seu primeiro grande enigma, demonstrando que recebera de Deus a sabedoria que lhe pedira. A verdadeira mãe preferiu ter seu filho longe dela, mas vivo. Mesmo sabendo que sofreria dia - após - dia sua ausência, mas o fato de saber que ele estava vivo em algum lugar já a consolava. (I Reis 3. 16 a 28).

Mãe é algo tão fundamental, imprescindível que para entrar de vez na história da humanidade e operar o plano da redenção, O Cristo pré-existente, o Filho de Deus precisou de uma mãe. (Lc 1. 26 a 35).

Uma jovem, chamada Maria, que aceitou o desafio de dizer sim a Deus, sendo por isso biblicamente chamada por todas as gerações de Bem- Aventurada, pois foi por Deus agraciado para ser a mãe do Salvador, do Verbo de Deus encarnado.

Essa mãe ao Messias embalou. Essa mãe os primeiros passos a Jesus ensinou. Essa mãe todas as coisas referentes a seu filho no coração guardou.

Essa mãe aos pés da cruz, chorando até o ultimo momento ficou, e vendo seu filho no madeiro dependurado, de seus lábios ensangüentados suas ultimas palavras escutou. Pois preocupado com a segurança daquela que o gerou, amou e cuidou, Jesus do alto da cruz, a Maria e a João o discípulo amado falou: Mulher eis ai teu filho, filho eis ai tua mãe. (Jo 19. 26, 27). Maria não é deusa, não é mediadora, não é co-autora da salvação, mas exemplo de amor, temor, de serva e de mãe.

O que faz de uma mãe, ser mãe, não é a capacidade de gerar, mas sim o dom de amarem incondicionalmente aqueles que gerou seja no ventre ou no coração. Este dom sublime, foi por Deus posto nelas, e é comumente chamado de: "instinto materno". Tal dom de amar está presente em quase todas as fêmeas da criação, dotadas por Deus da capacidade de gera filhos, seja do ventre ou do coração.

Certa vez, assistindo a um programa de TV, o repórter mostrou um fato emocionante. Um fato que demonstra que, amor de mãe é amor tal qual o amor de Deus que excede toda compreensão humana. Pois da mesma forma que Deus se encarnou, dando a vida por nós, muitas mães são capazes de arriscarem e até mesmo perderem a própria vida para salvarem os frutos de seus ventres.

Um celeiro de trigo de dois andares estava em chamas, o fogo havia começado na parte superior, chamaram os bombeiros, e com eles vieram também a Imprensa para fazer uma matéria sobre o dia - a - dia dos "heróis do fogo".

No alto do celeiro havia uma janela central tomada pelas chamas. Quando os bombeiros se aproximaram do celeiro, no chão, no rumo da janela estavam três gatinhos. Dois estavam incólumes, o terceiro possuía algumas queimaduras pelo corpo. De repente, uma bola de fogo caiu contorcendo-se aos pés do bombeiro. Ele, sob o foco da câmera, mas que depressa, com o extintor apagou o fogo. Bombeiro e repórter ficaram emocionados ao verem que a bola de fogo era a gata mãe, que para salvar seus filhos entrou quatro vezes no fogo. Porém, da quarta vez, mãe e filho morreram, ela morreu com o filhote na boca consumida pelo fogo do amor sacrificial.
O repórter perguntou ao bombeiro: - O que leva um animal a colocar a vida em risco, entrando quatro vezes no fogo para salvar seus filhos? O bombeiro, emocionado, aplicando os primeiros socorros nos filhotes vivos, disse: - Isto é amor, meu amigo, amor de mãe! Pois se isto não for amor, nada no mundo o é!

Posso ainda citar casos noticiados pela Mídia, demonstrando o quanto o amor de mãe é incondicional e inconseqüente, levando mães a porem em risco a própria vida: Um garoto de sete anos foi salvo pela mãe de morrer afogado em um poço em Franca, no interior de São Paulo. Gabriel Marcos Campos caiu no reservatório de água de aproximadamente quatro metros de profundidade enquanto sua mãe, Maria Jerônima Campos, 36 anos, pegava água de uma mina próxima ao local. Após momentos de pânico, Maria Jerônima, que não sabia nadar, pulou no poço e retirou o garoto com a ajuda de moradores. Gabriel e a mãe passam bem.

O amor é um sentimento singular que pulsa mais forte, se expressando no choro, no riso, na lágrima, na vida e mesmo na morte das mães. O amor é força motriz que faz com que simples e aparentemente frágeis mulheres enfrentem até mesmo o banditismo, a corrupção, frieza, inércia e omissão da justiça. Cito como exemplo o caso das Mães de Acari, que entraram em cena a partir do dia seguinte à noite de vinte e seis de junho de 1990, quando onze jovens pobres, em sua maioria negros moradores da favela de Acari na zona norte do Rio de Janeiro, foram seqüestrados de um sitio onde faziam uma festa. O amor de mãe serviu como combustível movendo as mães desses jovens, o amor fez com que elas sufocassem o medo, não se deixando intimidar pelas ameaças de morte, quando buscavam o paradeiro, ou ao menos o direito de porem em um caixão, aqueles que um dia, embalaram nos braços e colocavam em um humilde berço.

Foi o amor e sede de justiça em favor de seus filhos que as impediram de desistir, motivando as de suas dores tirarem forças, dando origem às "Mães de Acari". No ano de dois mil e três, Ednéia da Silva Euzébio, mãe de um dos jovens desaparecidos, foi assassinada em plena rua. Morreu buscando justiça. Morreu por amar. E o culpado, ou os culpados, tanto do seqüestro e provavelmente dos assassinatos dos jovens, bem como de Ednéia, até hoje não foram punidos. As mães de Acari, como as Mães da Praça da Sé, como tantas outras mães, são motivadas pelo peculiar dom de amar.

Talvez, você que lê este artigo se pergunte: Mas, e as mães que jogam os filhos nas latas de lixo, nas lagoas? As mães que abortam? As mães que Espancam? As babás que muitas vezes também são mães, mas, espancam filhos alheios?

Bem, a você, eu respondo que, no universo de amor, onde as mães brilham como estrelas principais, formando uma imensa constelação, tais relatos e fatos mostrados pela mídia não são regras, mas tristes exceções. Pois, nos corações daquelas que são mães de fato e não meras geradoras, a lei áurea é: simplesmente amar.

Dominadas por esse sentimento que as consomem, as mães são semelhantes à fênix, morrem a cada dia por amor, mas por amor renascem das próprias cinzas. Das cinzas do abandono, das quais muitas delas, depois de cumprirem sua tarefa de gerar, amar, cuidar e formar para a vida, quando se tornam avós recebem dos filhos e netos já criados o esquecimento nos asilos de pobres, ou clínicas de ricos. Ou muitas vezes sobrevivem imersas nas cinzas da tristeza, ostracismo e solidão, vitimas do esquecimento mesmo dentro do lar, sociedade e Igreja.

Agradeçamos a Deus por ter capacitado com o dom de amar aquelas que nos gerou no ventre ou no coração, nos levou nos braços, cujas mãos nas madrugadas balançaram nossos berços, cantando uma canção, fazendo nanar, perdendo seus sonhos, sua juventude, vigor e saúde, e até mesmo a própria vida, para cumprir o dom de simplesmente nos amar.

A todas vocês um feliz dia das mães.

Pr. José do Carmo da Silva (Zé do Egito) Igreja Metodista de Fátima do Sul - MS


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