Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
deputadores evangélicos desistem de reeleição
BRASÍLIA, Brasil, Agosto 14, 2006
Fonte: Agência Latinoamericana e Caribenha de Comunicação
Cinco deputados evangélicos, arrolados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o envolvimento de parlamentares na compra ilegal de ambulâncias, anunciaram, na semana passada, que não disputarão a reeleição, em outubro.
Os cinco desistentes são: José Heleno da Silva, eleito pelo Partido Liberal (PL) do Sergipe; Jorge dos Reis Pinheiro, contador e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), eleito pelo PL do Distrito Federal; Josué Bengtson, pastor da Igreja Quadrangular Brasileira, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do Pará; João Mendes de Jesus, economista e bispo da Universal, eleito pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Rio de Janeiro; e Marcos Antônio de Barros, chamado de Marcos de Jesus, radialista e pastor da IURD, eleito pelo Partido da Frente Liberal (PFL) do Pernambuco.
Na quinta-feira, 10, a CPMI que investiga a máfia das sanguessugas encaminhou relatório à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra 69 deputados e três senadores. Da lista dos deputados, oito são da bancada evangélica.
Mais de 90 deputados foram investigados. O relatório do senador Amir Lando absolveu 18 deputados da lista original e só indiciou aqueles contra os quais havia provas contundentes ou fortes indícios de envolvimento com a "máfia das ambulâncias". A Mesa Diretora deverá enviar a lista ao Conselho de Ética, que abrirá os processos de cassação do mandato.
A máfia das ambulâncias, como passou a ser chamada pela imprensa, foi desbaratada, em maio, pela Polícia Federal através da Operação Sanguessuga. Empresas mantinham lobby no Congresso Nacional voltado à venda de ambulâncias para prefeituras, superfaturadas até 110% acima do preço de mercado, com recursos de emendas do orçamento da União. As emendas eram apresentadas por deputados, que recebiam de 10% a 15% do valor da emenda a título de propina.
Além dos cinco deputados evangélicos que desistiram da reeleição, os outros três evangélicos arrolados no relatório da CPMI das sanguessugas são: Almir Oliveira Moura, radialista e ministro da Igreja Internacional da Graça, do PFL do Rio de Janeiro; Francisco de Almeida Lima, mais conhecido como Almeida de Jesus, servidor público e obreiro da IURD, do PL do Ceará; e Amarildo Martins da Silva, o pastor Amarildo, do Partido Social Cristão (PSC).
Com exceção de José Heleno da Silva, os outros sete deputados evangélicos têm passagens em pelo menos três agremiações partidárias. Almeida de Jesus e Marcos de Jesus já foram filiados em quatro agremiações políticas e agora militam num quinto partido. Dos oito, seis passaram ou estão no PL, quatro passaram ou estão no PFL e no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Os oito deputados encaminharam emendas ao orçamento para ações que poderiam contemplar a aquisição de unidades móveis de saúde, entre 2002 e 2006, num total de 43,5 milhões de reais (cerca de 18,5 milhões de dólares). Só o deputado e bispo João Mendes de Jesus apresentou emendas no montante de 8,9 milhões de reais (cerca de 3,78 milhões de dólares), seguido do deputado e pastor Josué Bengston, com 8,83 milhões de reais (cerca de 3,75 milhões de dólares).
O bispo João Mendes de Jesus é autor do livro "Servindo a Deus na vida pública", editado pela Universal. Na Comissão de Ética os deputados acusados de envolvimento em fraude na compra de ambulâncias vão ter amplo direito de defesa.