Publicado por José Geraldo Magalhães em Expositor Cristão, Pastoral do Combate ao Racismo, Mídia - 19/11/2014

Consciência Negra: estatísticas demonstram de forma inequívoca que faltam oportunidades para mais de 100 milhões

Fonte: Eva Regina Pereria Ramão / Expositor Cristão Novembro
Referência nacional de combate ao racismo
 
 
Em 1971, o Grupo Palmares, de Porto Alegre/RS, lançou nacionalmente o dia 20 de novembro como uma data para lembrar e homenagear o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, assassinado nesse dia pelas tropas coloniais brasileiras, em 1695.  Segundo Lélia Gonzalez (citada por Oliveira Silveira em Vinte de Novembro: História e Conteúdo – 2011, p.4), “O 20 de novembro transformou-se num ato político de
 
afirmação da história do povo negro, justamente naquilo em que ele demonstrou sua capacidade de organização e de proposta de uma sociedade alternativa...” (1982, p.57).  Em 1978, O Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU), designa a data como Dia Nacional da Consciência Negra.
 
Em 10 de novembro de 2011, a data foi ofi cializada no Brasil através da Lei nº 12.519. Em muitos municípios é feriado. A data é dedicada à refl exões e análise da situação e inserção do povo negro na sociedade brasileira. Vivemos em uma sociedade onde não há democracia racial e as pessoas são discriminadas por serem negras. As estatísticas demonstram de forma ine- quívoca que faltam  oportunidades para mais de 100 milhões de brasileiros/as  alcançarem melhor condição de vida. O Censo Demográfico de 2010 mostra que embora tenha havido melhora em diversos indicadores sociais, ainda assim subsiste a situação de desigualdade entre brancos/as e os/as demais, negros/as, pardos/as e indígenas.
 
O analfabetismo tem mais incidência na população negra e parda. O índice de analfabetos/as ne- gros/as é o dobro da população branca. Constata-se a seguinte incidência de analfabetismo: 13,3% entre os/as negros/as, 13,4% entre os/as de cor parda e 5,9% entre os/as de cor branca. A média de anos de estudo dos/as brancos/as com 15 anos ou mais de idade é de 8,4 anos de estudo, enquanto negros/as e pardos/as tem em média 6,7 anos.
 
A desigualdade entre brancos/as e negros/as aparece também na ocupação, é reduzido o número de negros/as em posições privilegiadas. Negros/ as e pardos/as são em maior proporção, os/as empregados/ as sem carteira representam a maioria dos/as empregados/as domésticos/as. Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), 2013, do Ibge, os/ as trabalhadores/as de cor negra ganham, em média, pouco mais da metade (57,4%) do que ganham os/as trabalhadores/as de cor branca.
 
Diante desta realidade, temos que atentar que os discípulos e as discípulas de Jesus são chamados/as a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos (Lucas 9:2) e, para tanto, precisamos nos capacitar para desenvolver esta missão. Nos caminhos da missão iremos encontrar situações que evidenciam a morte. Precisamos ter os olhos e os ouvidos bem abertos para ver e ouvir o clamor do/a nosso/a próximo/a.  Devemos ser agentes de transformação da sociedade, testemunhando Cristo no dia a dia. Jesus deu a vida em favor de todos/as, para que tenham vida plena. Não fez acepção de pessoas. A Igreja Metodista, enquanto instituição, já deu o primeiro passo reconhecendo a existência do racismo e elaborando a carta pastoral “Racismo, abrindo os olhos para ver e o coração para acolher” e, nós, enquanto discípulos/as de Jesus, membros do corpo de Cristo, o que temos feito para combater o racismo e a discriminação? Precisamos refl etir sobre isso e partir para a ação.  É necessário implantar o programa antirracismo na Igreja Metodista, conforme aprovado no 19º Concílio Geral.
 
Deus abençoe a todos/as e os/as capacite para a missão. 
 
 

Tags: Expositor Cristão, Racismo


Posts relacionados

Expositor Cristão, por Sara de Paula

EC de maio: Família | Saiba como a pandemia afetou as famílias brasileiras

Não é a primeira vez que abordamos na matéria de capa o tema da família. Desta vez trouxemos uma abordagem diferente. Como manter os laços familiares em tempos de pandemia? Parte da pergunta já foi respondida na palavra episcopal desta edição, escrita pelo Bispo Adonias Pereira do Lago. 

Geral, Expositor Cristão, por Sara de Paula

EC de janeiro: a importância vital da unidade cristã

Em 2020 a Igreja Metodista em terras brasileiras trabalhará o tema da unidade. Já disponibilizamos na edição de dezembro o logo e todas as informações a respeito do tema. Nesta edição, abordamos a importância do Corpo de Cristo estar unido. Uma reflexão do Pastor Hernandes Dias Lopes a respeito da temática ajuda a ampliar os olhares ainda mais nesse sentido.

Pastoral do Combate ao Racismo, por Sara de Paula

Dia Internacional de Luta pela eliminação da Discriminação Racial

Igrejas Metodistas são convidadas a orar pela causa no dia 20 de março, domingo.

Destaques Nacionais, Pastoral Indigenista, Mídia, por José Geraldo Magalhães

Missão Indigenista Metodista: download dos vídeos para celebrar a semana dos povos indígenas

Foram 18 dias de viagens em três estados brasileiros: Roraima, Ceará e Mato Grosso do Sul. Tempo necessário para visitar as aldeias onde há missionários/as indigenistas da Igreja Metodista. Assita aos vídeos e conheça o trabalho invísivel da Igreja Metodista com os povos indígenas.

Expositor Cristão, por José Geraldo Magalhães

Expositor Cristão: Canal para o diálogo e unidade

Quando o Conselho Editorial do Expositor Cristão (EC) se (re)encontrou em fevereiro de 2013, certamente imaginava que havia muito o que fazer. Afinal, o centenário órgão oficial da Igreja Metodista, mesmo bem cuidado pelos editores/as e demais colaboradores/as ao longo dos anos, carecia de mudanças. fonte: Conselho Editorial /