Publicado por José Geraldo Magalhães em Música e Arte, Mídia, Destaques Nacionais - 31/10/2013
Conduzindo a liturgia metodista e a música cristã contemporânea
Sendo Liturgia e Música os elementos fundamentais do culto na caminhada cristã, em primeiro lugar devemos crer que Jesus Cristo na pessoa do Espírito Santo, quer que nós, discípulos e discípulas d’Ele, sejamos Seus servos, estejamos a serviço da Sua Igreja e produzamos verdadeiros frutos de arrependimento. Portanto, pensando dessa forma e bastante preocupado com a caminhada litúrgico-musical da Igreja Metodista é que escrevo esse texto para apreciação dos ilustres leitores.
A Igreja evangélica brasileira no decorrer desses últimos anos tem sofrido profundas transformações na sua composição litúrgico-musical. Há de convir que através de uma boa liturgia, somos levados no ponto culminante do culto de uma comunidade eclesial, que compartilha uma celebração comunitária, onde todos expressam sua fé em unidade, ouvem a mensagem salvadora e libertadora de Jesus Cristo oriunda da sua santa Palavra, oferecem ações de graça ao Deus trino, usufruem dos Seus meios de graça, dos sacramentos, celebram em conjunto com músicas e danças, louvam a Deus e, através dos laços do amor são fortalecidos. Todos esses benefícios oferecidos na liturgia do culto têm sofrido grandes modificações. Façamos uma breve análise das transformações sofridas no transcurso desses anos:
1 - Os cânticos mudaram. Nossa forma de cantar mudou. Surgiram novos estilos musicais que invadiram as igrejas evangélicas brasileiras. Os ministérios de louvor assumiram o leme da embarcação musical, trazendo cânticos modernos e utilizando instrumentos musicais de última geração. Muitos desses cânticos apresentam belas letras e melodias maravilhosas, porém devemos observar que alguns deles apresentam letras que, violam a essência da tradição wesleyana e possuem uma péssima fundamentação bíblico-teológica. Concordo plenamente que devemos acompanhar a modernidade, mas observo que algumas canções modernas, executadas pelos ministérios de louvor e por cantores (as) gospel, apresentam uma proposta fora daquilo que chamamos de música evangélica. Devemos acompanhar a modernidade, porém, sem perder a essência.
Vejo muitas letras que são superficiais e que apresentam uma mensagem de pouco compromisso com o reino, pouca santidade, pouco discipulado e pouca visão missionária, isso sem falar dos erros bíblico-teológicos, de concordância, etc. Sua essência é tão fraca que elas desaparecem rapidamente, ou seja, assim como elas vêm elas vão, porém, provocam um estrago nas mentes das pessoas. Esse fenômeno tem crescido muito no seio das igrejas locais. Fiquemos atentos!!
Somando a esse fenômeno musical que tem mudado nossas liturgias, temos também o surgimento de alguns vícios musicais, um deles é o "mantra gospel". Frases de músicas que são repetidas dezenas de vezes. Já testemunhei um cântico cuja frase "estou apaixonado" foi repetida 56 vezes. Também tenho observado pouca qualificação técnica. Pessoas despreparadas cantando e tocando nos púlpitos. Vejo pouco interesse nos ministérios de louvor em buscar um aperfeiçoamento técnico. Contentam-se somente com o feijão com arroz da teoria musical. Todo (a) cantor (a) ou instrumentista deve atualizar-se tecnicamente para melhor servir ao Senhor.
2 - Onde estão os nossos corais? Minha proposta para os corais é que, além das apresentações tradicionais, eles façam uma parceria com os ministérios de louvor, ou seja, os corais ficariam no fundo acompanhando as músicas desses ministérios. Aproveito esse momento, e até dou umas dicas para buscarem versões de grupos ilustres, tais como: Brooklyn Tabernacle Choir, Ministério Andrae Crouch, Prisma, Hillsong Live, ou até mesmo alguns cânticos clássicos, e alguns de Carlos Wesley, ficaria lindo, mas não é isso que eu vejo.
Nossos corais estão desaparecendo das Igrejas Locais. Hoje vemos as liturgias de muitas igrejas locais vazias sem uma diversificação musical, falta criatividade. Hoje tudo é cântico comunitário. Todo mundo canta junto e mais nada. Onde estão os corais, os duetos, os quarteto s, os coros masculinos, femininos e infantis da igreja? No meu entendimento, na liturgia de um culto deve haver lugar para todos os estilos, instrumentos e grupos musicais, desde que se tenha o cuidado na seleção da liturgia apropriada para cada culto.
3 - Onde está o(a) Pianista da Igreja? Aquele (a) que tocava lendo a partitura, que acompanhava a Igreja na execução dos hinos clássicos, que dava aulas de música para as crianças, juvenis e jovens da Igreja e passava de geração em geração os ensinamentos de um (a) ilustre profissional de música, onde ele (a) está? Percebo que alguns músicos das Igrejas locais não gostam de estudar. Precisamos entender que a escrita musical tem o objetivo de proporcionar ferramentas para que sua execução seja transmitida da maneira mais precisa possível.
No entanto, percebo que os nossos (as) pianistas estão desaparecendo lentamente das igrejas locais e sendo substituídos pelos tecladistas que só leem cifras. Daí vem a pergunta: quem dará continuidade ao trabalho que os(as) pianistas tem executado? Quem tocará as belas músicas dos hinários tradicionais? Quem ensaiará os corais? Aconselho ao tecladista que estude piano e aprenda a ler uma partitura. O piano é um instrumento completo; nele o músico poderá gerenciar com excelência toda a parte musical da Igreja. Também aconselho aos Pastores (as) que invistam na formação de novos (as) pianistas nas Igrejas Locais.
4 - Onde está o caráter do músico? Preocupa-me que, alguns músicos executam seus instrumentos e cantam para o Senhor, mas apresentam desvio de conduta, tais como prática de impurezas sexuais, uso de bebida alcoólica, palavrões, rebeldia contra o (a) Pastor (a), etc. Onde está o caráter cristão?
O Departamento Nacional de Música e Arte têm a proposta de trazer melhorias na qualificação dos músicos e artistas das nossas Igrejas Locais. Em 2012 realizamos na FaTeo, com o apoio do Colégio Episcopal e da Sede Geral, o Primeiro Encontro Nacional de Música e Arte da Igreja Metodista. Nesse evento, convidamos a nata da música metodista, tais como Soraya Junker, David Junker, Liséte Espíndola, Jonas Paulo, Yuri Steinhoff, Edison Davi, Walter Fidellis, Renilda Garcia, Eliézer Pessoa, João Marcos (Didio), dentre outros que contribuíram sobremaneira nesse evento ímpar. Temos ainda vários projetos a serem implantados tais como, a criação de um Site que oferecerá cursos de música, artigos ligados á música a arte, a formação do caráter do músico, etc. Atualmente cada Região possui um Departamento Regional de Música e Arte que, na pessoa do Coordenador poderá dar mais suporte na caminhada dos nossos músicos e artistas metodistas.
Concluindo, eu afirmo que tenho fé na caminhada litúrgico-musical da Igreja Metodista e creio que o Senhor tem uma história tão linda como a de Carlos Wesley para nós músicos e artistas metodistas. Vale a pena investir na música e na arte da igreja que tem o coração aquecido. Pastores e Pastoras podem acreditar porque eu acredito.
Rev. Edson Mudesto
Coordenador do Departamento Nacional de Música e Arte da Igreja Metodista
Professor de Música - edmud@uol.com.br
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