Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

concilio opinião fabio

Peço licença aos irmãos pastores, atores deste diálogo amigável, para intrometer-me. Agradeço à concessão certo de sua anuência, visto o mesmo ter sido travado em ambiente público ( http://www.metodista.org.br e http://www.metodistaecumenico.blogspot.com ) e com convites para opiniões posteriores.

Primeiramente eu não entendo as razões para as preocupações elencadas pelo rev. Jesué Silva. Todas as decisões do 18º Concílio Geral estão sendo aplicadas e respeitadas. A Igreja Metodista já se desligou das "instituições ecumênicas que contam com a presença da ICAR" em sua membresia: CESE, Koinonia, Diaconia, CONIC. Os metodistas que faziam parte destas associações já entregaram seus cargos, mesmo quando ocupavam presidência ou secretaria geral destas instituições. E desde então nenhum evento ecumênico patrocinado por estas instituições e/ou com a presença da ICAR tiveram a participação da Igreja Metodista.

Portanto, só posso considerar infundadas as preocupações do rev.Jesué. E se as preocupações são infundadas, mais incompreensíveis ainda são as qualificações dadas aos irmãos cuja opinião não foi prevalescente no 18º CG:

  a.. "E faço ao ver os comportamentos que evidenciam desacato às determinações Conciliares."
  b.. "Por que de repente as "decisões da Igreja" se tornaram relativas e passivas de tantas críticas?"
  c.. "Chamo a atenção de todos os murmuradores. Cuidado! Quem não sabe obedecer à autoridade também não pode exercê-la."
  d.. "Os murmuradores não passam de rebeldes por melhores que sejam suas intenções. E rebeldia é como o pecado de feitiçaria."
  e.. "Creio ainda, que essas críticas às decisões do Geral, estão colocando em risco perante membresia, a credibilidade em nossa Instituição maior. Depois não vai adiantar chorar."
Infundadas, incompreensíveis e profundamente insensíveis. O rev.Jesué, que agora admoesta tão duramente os irmãos com opinião diversa em relação à decisão tomada no 18º CG parece ter se esquecido que o direito à crítica, à opinião e à liberdade de expressão, desde que dentro dos limites da obediência instituicional (que nunca foi sequer ameaçada) são condições imprescindíveis ao processo democrático e conciliar. Este mesmo processo que possibilitou hoje a revogação de uma decisão tomada a vinte anos.

Esquece-se também que os irmãos que articularam a decisão tomada no 18º CG se valeram exatamente dos mesmos meios para verem o sucesso de sua causa: a crítica à posição da igreja, à articulação de pastores e leigos favoráveis à sua causa e à costura de apoio junto à delegação eleita. O rev.Jesué também demonstra não perceber que os meios usados hoje pelos chamados críticos ao processo conciliar, o uso de blogs, listas de e-mail, reuniões de leigos e pastores simpáticos à causa ecumênica, foram usados à exaustão pelos irmãos que tiveram sucesso no último CG. E o que mais espanta: embora assumissem posição democrática e respeitadora da opinião de onde quer que ela viesse, esses meios eletrônicos foram retirados do ar exatamente após seu objetivo ter sido alcançado.

Ao ver-me pessoalmente atingido, pois eu mesmo sou um crítico descontente (e ao mesmo tempo obediente) à decisão do CG, não consigo entender como o rev.Jesué não estendia sua reprimenda dura aos irmãos que se utilizaram exatamente dos mesmos meios que agora tem sido denunciados. Ou será que as críticas surgiram somente após o CG? Antes desse evento todas as determinações dos CGs, CE, COGEAM eram seguidas à risca e cegamente? Infelizmente não. Eu mesmo tive a oportunidade de ver centenas de páginas (se tivessem sido impressas - já que estavam restritas ao ambiente eletrônico da internet, deletaram-se) atacando decisões do Colégio Episcopal, atacando bispos pessoalmente por cumprirem as determinações conciliares, atacando instituições metodistas e lançando suspeitas sem prova ou sem indícios, sem dizer nomes mas dando a entender muita coisa. Espalhando boatos, fazendo tempestades em copos d'agua e criando climas histéricos que favorecessem aos tão propalados "ventos de mudanças".

Portanto, o que eu não consigo entender é a falta de critérios para as críticas do rev.Jesué. Antes podia. Agora não mais. E ao não poder mais, que as imprecações de maldições bíblicas caiam sobre as cabeças dos rebeldes feiticeiros!

O clamor por uma postura, feito pelo rev.Jesué, encontrou eco nas palavras do rev.Dino Ari Fernandes. Utilizando-se de sua famosa habilidade pugilistico-retórica, colocando sempre no corner defensivo os destinatários de suas palavras, o rev.Dino acrescenta dados que nos servem como reflexão sobre o resultado do processo conciliar:


  a.. "Creio que o bispo João Carlos, quando estiver à frente do Colégio Episcopal - pois foi designado presidente, mas, por enquanto sabe que estamos num momento de "aparência acéfala" - chamada de "transição" - agirá com pulso firme, mas com postura justa e equilibrada (...)"
  b.. "Certamente ele saberá ouvir o nosso clamor - (...) - e tomará medidas plausíveis, sempre contando com nosso apoio."
  c.. "João Carlos Lopes não irá também "DIVAGAR" - pois sua palavra é firme e resoluta !!!"
  d.. "MEDO ? - Ao que tudo indica, trata-se de ferramenta que não faz parte de seu arsenal..."
Causam-me espanto as palavras do rev.Dino por diversos motivos. Primeiramente ao invocar a acefalia da Igreja Metodista. Rev.Dino, a Igreja Metodista não está acéfala. Ela tem como presidente do Colégio Episcopal o revmo. João Alves de Oliveira Filho, que continua trabalhando frente à Igreja Metodista em todas as atribuições canônicas.

Em segundo lugar, ao conclamar postura "firme", "resoluta", "destemida", "plausíveis", "de pulso firme", contra aos rebeldes murmuradores. Conforme explanei acima, os que hoje impuseram sua agenda à denominação foram no passado, segundo o critério do rev.Jesué, por mim aplicado, rebeldes murmuradores também. Portanto, falta critério ao pedir a ação punitiva agora e não antes. Falta coerência ao condenar exatamente as mesmas coisas que antes praticava. Falta auto-crítica ao cobrar de forma tão taxativa o enquadramento às normas quando o passado recente mostra a recusa em encaixar-se às normas contra as quais a consciência previnira. E o que é pior, ao arrogar-se o direito à consciência no ato de recusa em seguir às determinações canônicas e conciliares, nega ao outro o mesmo direito.

Como terceiro motivo de reflexão, e porque não dizer, preocupação, causa-me estranheza o discurso ditatorial, a invocação ao braço punitivo da Igreja Metodista e a vontade de enquadrar nos rigores da lei aqueles que discordarem do atual pensamento hegemônico. Essa tendência anti-democrática preocupa, pois vem acompanhada de discurso belicoso e divisionista, chamando uns de lutadores pelo reavivamento e a outros de aproveitadores de benesses institucionais. Este mesmo discurso inflamado e estigmatizador sempre acompanhou a implantação de regimes de exceção, que aproveitam-se do medo infundado e histérico artificialmente inflado para impôr uma agenda restritiva às liberdades individuais.

Espero que meus temores sejam infundados como são os temores do rev.Jesué e do rev.Dino Ari Fernandes. Espero que medidas punitivas à participação de irmãos e irmãs metodistas em eventos ecumênicos não venham a se concretizar, embora diversas vezes insinuadas e conclamadas. Afinal de contas, a Igreja Metodista retirou-se da caminhada conjunta do CONIC e CESE, mas tentar impor a não participação de pessoas em eventos ecumênicos é uma interferência inadimissível na vida privada e na consciência das pessoas de forma que não vemos desde as épocas de conversões forçadas.

Em Cristo que sempre liberta.

Fabio Martelozzo Mendes
(leigo da 3ª Região Eclesiástica)

Fonte:
http://metodistaecumenico.blogspot.com


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