Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 24/05/2012
Comissão de Anistia aprova indenização para metodista Anivaldo Padilha
Por unanimidade, a Comissão da Anistia aprovou hoje (22) a condição de anistiado político de Anivaldo Pereira Padilha, metodista, de 71 anos, pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele receberá mensalmente R$ 2.484 (equivalente ao salário de redator, que ocupava à época do exílio) e pagamento retroativo de R$ 229,3 mil.
"Anivaldo Padilha é uma homem de profunda experiência com Cristo. Como crente em Jesus encaminhou muita gente para ser anistiada, mas nunca olhou para o seu próprio sofrimento. Neste julgamento ele recebe uma justiça merecida. Foi redator da Cruz de Malta escolhido pela juventude metodista brasileira, confirmado pelos bispos da Igreja, e preso por denúncia mentirosa de líderes de sua própria Igreja. É um crente fiel na Igreja Metodista de Vila Mariana", diz o bispo Stanley da Silva Moraes, secretário executivo do Colégio Episcopal.
Sessão - Contando sua história na sessão pública, Anivaldo Padilha disse que não conseguiu dormir essa noite refletindo sobre o que passou. “Cada voto dos conselheiros é um tijolo a mais que colocamos na direção da consolidação da democracia brasileira”, afirmou.
Estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Igreja Metodista de São Paulo, ele tinha 29 anos quando foi preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em 1970, denunciado por um tio, oficial do órgão de repressão infiltrado na congregação.
Em 1971, com o cerco do regime militar, teve que se exilar, morando em países como Uruguai, Suíça e Estados Unidos, sem poder se despedir da mulher.
“Tive que deixar o país sem falar com minha companheira, grávida de 3 ou 4 meses. Só pude ver meu filho em 1979. Tão doloroso quanto a ditadura, foi ter deixado de conviver com meu filho, Alexandre Padilha”, disse. “Durante seis anos tive pesadelos todas as noites, [pesadelo] de estar sendo preso, torturado”, afirmou.
De acordo com Anivaldo Padilha, a superação do trauma foi difícil. “A única forma de vencer os torturadores, aqueles monstros, era por meio do perdão. A partir desse momento, os pesadelos pararam. Foi um processo terapêutico. Uma forma de mais uma vez me libertar da violência da ditadura”.
Durante sua fala, Anivaldo Padilha pediu para que a Comissão de Anistia encaminhasse o nome de seus perseguidores e torturadores à recém-criada Comissão da Verdade. “Não é uma questão de punir pensando no passado, mas punir pensando no futuro, porque os torturadores continuam aí”, disse.
Ao final dos votos dos conselheiros, o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, declarou Padilha anistiado e pediu desculpas formais, em nome do Estado brasileiro, por todas as torturas, o exílio, perda do trabalho e distanciamento do filho, a quem conheceu apenas nove anos após o nascimento.
Com informações Agência Brasil