Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
Chácara Flora
Para muitos metodistas - e também, para vários cristãos de outras denominações - Chácara Flora é um nome carregado de saudade. O local que sediou cursos e algumas das reuniões mais importantes da história da Igreja Metodista foi vendido. Em seu lugar, será construído um condomínio. Hoje, porém, sua memória permanece viva na Reitoria da Faculdade de Teologia da Universidade de São Paulo: uma sala inteira da antiga propriedade da Chácara Flora foi reconstituída com objetos originais e riqueza de detalhes.
O bairro da Chácara Flora era o endereço do belo casarão construído no início do século 20, com o apoio das mulheres metodistas dos Estados Unidos, para funcionar como um centro de formação de diaconisas e líderes leigas no Brasil. Com esse propósito, e denominado "Instituto Metodista", ele funcionou de 1950 a 1968. Nessa época, a Igreja passou a ordenar pastoras, e as alunas foram transferidas para a Faculdade de Teologia, em São Bernardo do Campo. Nos anos posteriores, a Chácara Flora foi um centro de formação do laicato, depois Sede Geral da Igreja Metodista e palco de grandes decisões do Colégio Episcopal, como a elaboração do Plano para Vida e Missão da Igreja Metodista.
Com o passar do tempo, porém, a propriedade tornou-se um verdadeiro "elefante branco": o bairro foi transformado numa zona estritamente residencial e a prefeitura passou a proibir a utilização da propriedade para fins comerciais. Contudo, mesmo após a venda, a Chácara Flora não se afastará dos objetivos para o qual foi criada: parte dos recursos obtidos com o imóvel serão destinados a projetos de capacitação de mulheres.
"Tivemos que vendê-la, mas não queremos perder a história rica que ela representa", diz o Rev. Rui Josgrilberg, reitor da Faculdade de Teologia. Ele conta que, desde que o Instituto Metodista deixou de funcionar, a Fateo ficou responsável pela guarda de seus arquivos. Diante da iminência de demolição do local, a Confederação Metodista de Mulheres solicitou à Faculdade que resgatasse o que fosse possível para a preservação da memória. Assim, objetos de decoração, espelhos, lustres, louças, armários e até mesmo portas e janelas de madeira foram retiradas da Chácara Flora e instaladas nas dependências da Reitoria, sob a supervisão do Rev. Otoniel Ribeiro, diretor administrativo da Faculdade. "O Otoniel só não trouxe as paredes", brinca Rui. Para garantir maior autenticidade à reconstituição, a sala original foi fotografada antes da retirada dos objetos. O trabalho primoroso de marcenaria ficou a cargo do acadêmico de teologia da 4ª Região, José Geraldo Magalhães Júnior e o acabamento por conta de Evaldo Villa Nova, estudante do segundo ano de teologia, pela 6ª Região.
A inauguração do novo espaço da Chácara Flora aconteceu após cerimônia realizada no dia 9 de junho, na abertura do Encontro Nacional de Capacitação para Mulheres Metodistas. Além das 85 participantes do evento, estiverem presentes à cerimônia de inauguração Joselanda Monteiro, vice-presidente da Confederação Metodista de Mulheres, e Odette Fillietaz, formanda da turma de 1953, representando a Associação das Ex-Alunas do Instituto Metodista. No audiovisual sobre a instituição, apresentado na cerimônia, Odete pôde recordar momentos e lugares queridos, como o chafariz do jardim, lugar preferido para as suas orações. Foi com lágrimas nos olhos que ela se dirigiu às pessoas presentes: "Não queremos deixar apenas o legado material, mas o legado de trabalho, de missão e de despertamento espiritual que aquele lugar simboliza".