Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 10/11/2010

Centro de Memória Metodista tem uma Bíblia em Braille de 1900

Centro de Memória Metodista tem uma Bíblia em Braille de 1900

Aluno da FaTeo se emocionou ao ler o Evangelho de João produzido pelo Instituto Benjamin Constant em 1900, poucos anos depois que o sistema Braille havia sido inventado

Visitei o recém-inaugurado Centro de Memória Metodista e me emocionei. No último dia seis de novembro estive no Centro de Memória Metodista, no prédio Alfa da FaTeo, onde se reúne um grande acervo documental da história do protestantismo brasileiro, com um objetivo muito específico: conhecer e confirmar a veracidade de um volume da Bíblia Braille de 1900.

Ao ler tão precioso material e confirmar sua datação não pude deixar de me emocionar, pois esta obra é realmente raríssima: afinal Louis Braille publicou seu método em 1826. Então, essa Bíblia é certamente uma das primeiras a ser produzida em Braille. Vale acrescentar um detalhe: provavelmente trata-se de um “manuscrito” em Braille... Isso mesmo, pois naquela época não havia impressora para este método de escrita; então provavelmente o trabalho foi feito a mão, ou, na melhor das hipóteses, feito com uma máquina bastante rudimentar, o que certamente demandou um esforço muito grande por parte do Instituto Benjamim Constant, que a produziu em 1900. Pude verificar que o texto está escrito em “Braille antigo”, com a grafia da época, como o uso de dois “L” na palavra “elle”.

“Agora a cegueira não é mais uma desgraça”! Foi a frase dita por D. Pedro II ao ver José Alvares Azevedo, o primeiro cego brasileiro a ler e escrever usando o método Braille. Diferente dos dias atuais, quando os/as deficientes visuais possuem ótimos programas de computadores e assim podem ler diversas versões da Bíblia disponíveis na Internet, em 1900 quando este volume da palavra de Deus foi editado não havia escola para 80% dos cegos. Penso que se pudéssemos conversar com alguém daquela época ao poder ler as escrituras ele também diria: “agora Deus também fala a língua dos cegos”. Ao tocar naquela preciosidade lembrei-me com lágrimas quando, em 1998, li pela primeira vez a Bíblia em Braille, mais especificamente a primeira carta de Paulo aos Coríntios.


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