Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Centro de Memoria
Obras raras como uma Bíblia de Lutero do século 16, milhares de fotos, além de inúmeros livros e objetos que contam a história do protestantismo no Brasil são as atrações mais palpáveis do Centro de Memória Metodista, projeto oficializado no dia 23 de setembro. Mas quem esteve em seu lançamento no prédio Alfa da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo - este mesmo tombado como Patrimônio Histórico pelo Município e pelo Estado - descobriu que o acervo que está sendo cuidadosamente arquivado preserva também uma riqueza intangível: memórias das vidas que, de alguma maneira, tiveram a sua história ligada à história do metodismo no Brasil.
Rui de Souza Josgrilberg, reitor da Faculdade de Teologia, lembrou que o missionário metodista norte americano Daniel Parish Kidder, ao chegar ao Brasil, em 1837, subiu a Serra do Mar em lombo de burro e hospedou-se na "freguesia de São Bernardo", na casa de um sacerdote católico, antes de seguir viagem para São Paulo. "O início do metodismo guarda um vínculo com a região do ABC", disse ele. Kidder, lembrou Josgrilberg, não é apenas um pioneiro do protestantismo no Brasil, mas um nome obrigatório para os estudos de história brasileira, autor do clássico "O Brasil e os brasileiros".
Paulo Ayres, coordenador do Centro de Memória, destacou que o acervo atenderá não apenas a estudos da presença metodista no Brasil mas, também, será um centro de referência do protestantismo brasileiro. Ele desenvolverá três áreas de trabalho: 1) Arquivo Histórico do Metodismo Brasileiro, da UMESP e Fateo, e também de outras manifestações do protestantismo brasileiro, e do município de São Bernardo; 2) Museu Histórico do Metodismo, da UMESP e da Fateo; 3) Serviço de Digitalização, que desenvolverá a digitalização não só de documentos e literatura históricos, mas também a formação da biblioteca digital da UMESP e da Fateo.
Em seu discurso, Paulo Ayres fez questão de agradecer a todas as pessoas que tornaram possível a concretização de um sonho acalentado desde 2006, quando ele retornou de uma temporada de estudos na Drew University, dos Estados Unidos, que hospeda um rico acervo da história do movimento wesleyano. Ayres agradeceu especialmente aos trabalhadores que fizeram a reforma do prédio Alfa, ao diretor admistrativo Otoniel Ribeiro, que coordenou os trabalhos, e à coordenadora do biblioteca, Aparecida Comelli, e seus funcionários/as, em especial à Gláucia Regina Dias, que se dedica diretamente à minuciosa catalogação do acervo. "Assim como aqui encontramos obras raras, o Centro de Memória Metodista foi construído por pessoas raras. Embora não tombadas", completou, bem humorado, o professor Márcio Moraes, reitor da Universidade Metodista de São Paulo e diretor da Rede Metodista de Educação. "Todos nós que aqui estamos já fazemos parte do Centro de Memória", disse, agradecendo à presença dos(as) alunos, professores(as), diretores(as) e lideranças eclesiásticas, sociais e políticas ao evento. Moraes informou que o Centro de Memória também atuará como um prestador de serviço para outras unidades da Rede de Educação, uma vez que terá, quando estiverem finalizadas suas instalações, uma sala especialmente reservada para digitalização de documentos históricos.
O jornalista Ademir Médici, autor da coluna Memória, do jornal Diário do Grande ABC, lembrou que o edifício Alfa, que abrigou a primeira instituição de ensino superior da região, antecedeu a própria passagem da Via Anchieta que mudou a paisagem de São Bernardo do Campo na década de 50. E parabenizou a Faculdade de Teologia por destinar esse prédio, que formou tantas gerações de brasileiros, ao resgate da memória ligada ao Grande ABC. O bispo Stanley Moraes, representando a terceira geração de teólogos metodistas, lembrou que seu pai foi um dos primeiros alunos a residir no prédio Alfa, na década de 1940, pouco depois que o ensino teológico mudou-se da rua Cubatão, em São Paulo, para o praticamente deserto "Bairro dos Meninos?, em São Bernardo. Como secretário do Colégio Episcopal e em nome do Bispo Presidente da Igreja Metodista, João Carlos Lopes, Stanley Moraes confirmou o compromisso metodista em preservar e transmitir esta memória às próximas gerações. "O que o coração ama a memória não esquece", confirmava a liturgia preparada para o cerimonial e conduzida pelo pastor Luiz Carlos Ramos, com a participação da pianista Lisete Espíndola e Conjunto Coral Canto da Terra.
Após a cerimônia, os/as visitantes foram convidados/as a conhecer as instalações e ter uma prévia noção de como será o Centro de Memória Metodista quando for inaugurado, no dia 2 de setembro de 2010, durante a celebração dos 80 anos de Autonomia da Igreja Metodista. E entre livros, objetos raros e exclamações de surpresa e saudade, frutíferos contatos já foram se estabelecendo. Neusa Borges, Secretária de Cultura de São Bernardo do Campo, presente ao evento representando o prefeito Luiz Marinho, acenou com a possibilidade da formação de futuras parcerias na área da pesquisa histórica. O jornalista Ademir Médici, do Diário do Grande ABC, convidou a FaTeo a participar do 10º Congresso de História da Região do Grande ABC, que ocorrerá em novembro, na Universidade de São Caetano. E aproveitou a oportunidade para gravar o programa "Memória", que ele veicula pelo site do jornal Diário do Grande ABC. Ele lançou este programa no dia 9 de outubro de 2009, no site do jornal Diário do Grande ABC que, em sua versão impressa destaca o Centro de Memória Metodista como UM PRESENTE À MEMÓRIA NACIONAL.
Assista ao vídeo feito no Centro de Memória no site do jornal Diário do Grande ABC clicando aqui.
Na foto abaixo, o prof. Márcio Moraes, reitor da Umesp, proferindo discurso de abertura do Centro de Memória. Ao seu lado, da direita para a esquerda: Prof. Rui Josgrilberg, reitor da FaTeo; Neusa Borges, Secretária de Cultura de SBC; Lina Maria Gomes Lopes, vice-presidente do Conselho Diretor da FaTeo; Ademir Médici, jornalista do Diário do Grande ABC; Bispo Stanley Moraes, secretário do Colégio Episcopal da Igreja Metodista e Bispo Paulo Ayres, professor da FaTeo e coordenador do Centro de Memória.
Abaixo, visitantes conduzidos pelo prof. Otoniel Ribeiro, diretor administrativo da FaTeo, observam parte do acervo do Centro de Memória, que está em processo de catalogação: entre as raridades, um projetor de slides movido a fogo, um projetor cinematográfico da metade do século XIX e câmeras portáteis Kodak lançadas por volta de 1923.