Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
brigas conjugais fazem mal ao coração
Tara Parker-Pope
Discutir é uma parte inevitável da vida de um casal. Agora, entretanto, os pesquisadores estão colocando a briga conjugal sob o microscópio, para ver se a forma como a pessoa briga com seu cônjuge pode afetar sua saúde.
Estudos recentes mostram que a freqüência e o assunto das brigas dos casais, em geral, não importam. Em vez disso, são as nuances das interações entre homens e mulheres e como reagem e resolvem o conflito que parecem fazer uma diferença significativa na saúde do casamento e do casal.
Em um estudo, perguntou-se a quase 4.000 homens e mulheres de Framingham, Massachusetts, se ventilavam seus sentimentos ou ficavam quietos nas discussões com seus cônjuges. Notavelmente, 32% dos homens e 23% das mulheres disseram que, em geral, engoliam seus sentimentos durante uma briga conjugal.
Manter o silêncio em uma briga não provocou efeito mensurável na saúde dos homens. Mas as mulheres que não se expressavam nas brigas apresentaram quatro vezes mais chance de morrer durante o período de 10 anos do estudo, assim como mulheres que não diziam aos seus maridos como se sentiam, de acordo com artigo publicado em julho na Psychosomatic Medicine. O fato de a mulher declarar estar em um casamento feliz ou infeliz não mudava seu risco.
A tendência de engolir sentimentos durante uma briga é chamada de auto-silenciamento. Para os homens, pode ser simplesmente uma decisão calculada e inofensiva de manter a paz. Mas quando as mulheres ficam quietas, isso tem um preço físico surpreendente.
"Quando você suprime a comunicação e os sentimentos durante o conflito com o marido, faz algo muito negativo com sua fisiologia e, no longo prazo, afeta sua saúde", disse Elaine Eaker, epidemiologista em Gaithersburg, Maryland, principal autora do estudo. "Isso não significa que as mulheres devem começar a jogar pratos nos maridos, mas é preciso haver um ambiente seguro, em que os dois possam se comunicar igualmente."
Outros estudos chefiados por Dana Crowley Jack, professora de estudos interdisciplinares na Universidade Western Washington em Bellingham, Washington, ligaram o auto-silenciamento a inúmeros riscos psicológicos e físicos, inclusive depressão, distúrbios alimentares e doença cardíaca.
Manter o silêncio durante uma briga com um cônjuge é algo "que todos temos que fazer algumas vezes", disse Jack. "Mas nos preocupamos com as pessoas que o fazem em uma forma mais extrema."
O tom que os homens e mulheres assumem durante as discussões com um cônjuge também pode afetar sua a saúde. Pesquisadores do Utah filmaram 150 casais para medir o efeito que o estilo da discussão conjugal tinha sobre o risco cardíaco. Os participantes tinham quase 60 anos, estavam casados em média por mais de 30 anos e não tinham sinais de doença cardíaca. Os casais receberam assuntos estressantes para discutir, como dinheiro e tarefas domésticas, e os comentários feitos durante as discussões que se seguiram foram categorizados como calorosos, hostis, controladores ou submissos. Os participantes também passaram por avaliações cardíacas para medir o cálcio na artéria coronária, indicador de risco de doença cardíaca.
Os pesquisadores descobriram que o estilo de briga detectado nas sessões de vídeo era uma forma poderosa de prever risco de doença cardíaca subjacente. De fato, a forma como o casal interagia era tão importante como fator de risco cardíaco quanto se fumavam ou se tinham altos níveis de colesterol, disse Timothy W. Smith, professor de psicologia da Universidade de Utah, que apresentou o estudo no ano passado à Sociedade Psicossomática Americana.
Para as mulheres, se o estilo de discussão do marido era caloroso ou hostil tinha maior efeito na saúde cardíaca delas. Smith observou que, em uma briga sobre dinheiro, por exemplo, um homem dizia: "Você conseguiu passar em matemática na escola?"
Enquanto outro dizia: "Ainda bem que, mesmo não sendo tão boa no controle do livro de cheques, você é boa em outras coisas." Nas duas trocas, o marido estava criticando as habilidades de gerenciamento de dinheiro da mulher, mas o segundo comentário envolvia certa afetividade. No estudo, um estilo carinhoso de discussão por qualquer um dos dois diminuiu o risco da mulher desenvolver doença cardíaca.
O estilo de discussão afetou homens e mulheres diferentemente. O nível de calor ou hostilidade não teve efeito na saúde cardíaca dos homens. Para eles, o efeito na saúde surgia se, na discordância com a mulher, houvesse uma batalha por controle. E não importava se era ele ou a mulher quem fizesse os comentários controladores. Um exemplo de um estilo de discussão controlador apareceu em um vídeo de um homem que discutia com sua mulher sobre dinheiro: "Você realmente deveria me ouvir nisso", disse a ela.
O que é particularmente notável sobre o estudo é que homens e mulheres preencheram questionários sobre a qualidade de seus relacionamentos, mas suas respostas não foram boas para prever o risco cardiovascular. A diferença no risco apresentou-se apenas quando a qualidade do estilo de briga do casal foi avaliada.
"Os desacordos em um casamento são inevitáveis, mas (o que faz diferença) é como você se conduz", disse Smith. "Você consegue discutir de uma forma que suas preocupações são abordadas, mas sem causar danos ao mesmo tempo? Essa não é uma meta fácil para alguns casais."
Tradução: Deborah Weinberg
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