Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 16/02/2011
Breve relato dos municípios atingidos pelas enchentes em Alagoas em 2010
De KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço
A situação dos municípios atingidos pelas enchentes em Alagoas em 2010 é preocupante, pois passados sete meses a realidade da população não foi alterada substancialmente.A reconstrução das cidades e, sobretudo das casas para população atingida, é uma realidade distante. Até o momento nenhum dos municípios concluiu a construção das casas e as pessoas continuam vivendo em situações de precariedade, seja em casas de parentes, seja nas barracas de lonas.
O município que está com uma situação mais avançada, onde as casas estão quase concluídas, é Murici, mesmo assim a entrega está prevista para novembro de 2011.
Em Santana do Mundaú, onde ACT Alliance apoiou com água, alimentos e colchões, sequer foi desapropriado o terreno. As casas foram iniciadas nos demais municípios, mas a previsão é de conclusão em 2012.
Os argumentos colocados pelo governo do estado e gestores dos municípios para essa morosidade são:
- Dificuldade em garantir terreno em áreas seguras
- Quando os terrenos foram mapeados demorou o processo de desapropriação das áreas.
- Dificuldade no processo de licitação para contratação das empresas
- Não tem mão-de-obra suficiente para atender as demandas de construção. Tem sido muito difícil encontrar pedreiros disponíveis no mercado.
A situação da população das barracas é de uma violação profunda aos direitos humanos. As pessoas, num clima tropical, têm quer viver com seus filhos naquelas lonas e a situação precária de moradia tem aumentado os índices de mortalidade, sobretudo em crianças, mulheres e idosos.
As famílias ainda foram submetidas a regras que vão de encontro aos modos de viver e morar. Exemplo: a alimentação é feita em cozinha coletiva e as mulheres, que culturalmente assumiam o papel de chefe da cozinha em suas residências, sobretudo para produzir do seu jeito alimentação para seus maridos e filhos, deixaram esta tarefa. As mulheres e as crianças ficam ociosas, vivendo num espaço pequeno, tendo que se adaptar forçadamente às regras coletivas.
Nosso apoio salvou vidas que agora se perdem na morosidade burocrática e no desrespeito humano.