Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

bispo josué fala sobre evasão


Esclarecimentos sobre evasão de membros da Igreja Metodista no Estado de Minas Gerais e Espírito Santo


Tenho acompanhado em veículos de comunicação informações que envolvem a evasão de membros de algumas igrejas metodistas nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo estas informações a evasão se deu em função do ecumenismo com a Igreja Católica, pois tal situação estaria trazendo muitos transtornos para o povo metodista destes dois Estados.

Lamentavelmente, esta informação não corresponde com a verdade dos fatos. Em maio de 2002 publiquei uma carta pastoral tratando do assunto e para dar esclarecimentos à Igreja sobre as verdadeiras razões de cinco pastores deixarem, por livre e espontânea vontade, a Igreja Metodista e fundarem suas próprias igrejas.

Estes pastores fundamentaram seu desligamento no ecumenismo, na maçonaria e na itinerância pastoral. Além destes motivos, questionavam o batismo infantil e o sistema de governo episcopal. Era certo também que os mesmos exerciam um ministério personalista, fato este que levou membros a seguirem-nos no desligamento da Igreja Metodista e na fundação de novas igrejas. Muitos destes membros já deixaram as igrejas que ajudaram fundar e se integraram em outras igrejas evangélicas. Alguns membros retornaram para a Igreja Metodista e alguns acabaram deixando de freqüentar qualquer igreja.

Estes atos causaram dor e desesperança. Alguns perseguiram aqueles que são metodistas convictos e desejaram permanecer na Igreja Metodista. Ainda hoje assediam membros de nossas igrejas metodistas, mesmo tendo firmado compromisso com o bispo de que não tomariam tal atitude.

Como pastor e bispo da Igreja Metodista na Quarta Região Eclesiástica (Minas Gerais e Espírito Santo), esclareço aos irmãos e irmãs que os pastores que assim procederam, deixaram o ministério pastoral por livre e espontânea vontade e, mesmo após muito diálogo com o fim de demovê-los desta atitude de afastamento, não houve deles a disposição em permanecer e acatar os desafios missionários e pastorais que a Igreja Metodista lhes apresentava. Não dispostos, recusaram a nomeação pastoral entregando suas credenciais de pastor metodista.

Lamento que ainda impere a idéia de que o ecumenismo foi o motivo para a evasão de membros. Isto não é verdade. O ecumenismo foi um dos motivos, mas não o principal. Lamento a informação sobre o número de membros que deixaram a Igreja Metodista. Com toda certeza não chegou ao patamar que alguns afirmam. Lamento que esta idéia anti-ecumênica seja divulgada como sendo a de todos os membros, pastores e pastoras da Quarta Região Eclesiástica. Não o é, pois a grande maioria dos membros em nossas igrejas locais não participam destas preocupações. Reconheço que há pessoas, leigos e clérigos, que fazem restrições ao ecumenismo, sobretudo com a Igreja Católica, mas isto não pode ser colocado de forma genérica, como alguns estão fazendo.

Em que pese a evasão de membros e as questões ecumênicas apresentadas pelos dissidentes e pelos que veiculam estas idéias, a Igreja Metodista na Quarta Região não deixou de crescer, pelo contrário, as igrejas que sofreram evasão estão em pleno desenvolvimento, assim como as demais. As estatísticas assinadas pelos pastores e pastoras evidenciam este fato e a motivação que encontro nas visitas que realizo às comunidades locais deixa claro que há entre nós um despertamento missionário saudável e frutífero e, conseqüentemente, um crescimento equilibrado.

Aproveito também para lamentar o crescimento de idéias estranhas, muitas delas oriundas do âmbito dos movimentos neo-pentecostais, e que acabam sendo introduzidas em nosso meio. A Igreja Metodista é pentecostal, no sentido de que ela é movida pela ação e pela dinâmica do Espírito Santo de Deus. Mas ela não segue o curso dos modismos denominados de neopentecostais, que apresentam eclesiologias, práticas ministeriais e ações pastorais que não combinam com a identidade doutrinária e a confessionalidade que fundamentam a organização da Igreja. Modismos que transformam o culto em uma busca desenfreada por bênçãos e experiências emocionais ao invés de ser expressão de serviço, de dedicação e de adoração a Deus ou movimentos como G-12 e suas variações, onde impera a promoção de conceitos doutrinários diferenciados daqueles que são confessados pela Igreja e marginaliza as pessoas que não participam de seus encontros, são maléficos e divisionistas. Além destes, outras tendências que surgem como ondas que vêm e vão embora, mas que deixam marcas na vida daqueles/as que foram alcançados/as por tais práticas.

Sobretudo, lamento que a Igreja acabe por perder seu sentido de laós, povo de Deus que, sendo sal da terra e luz do mundo, deve influenciar a sociedade a fim de que o respeito, a paz, a solidariedade e a justiça estejam presentes como sinais de que o Reino de Deus está entre nós.
 

Bispo Josué Adam Lazier
Presidente da Quarta Região Eclesiástica

LEIA TAMBÉM: A Igreja local é uma comunidade de resistência.

 


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