Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 03/07/2012
Bispo Adriel Maia comenta sobre os 30 anos do Plano para a Vida e Missão
Fui eleito ao episcopado da Igreja Metodista em plena efervescência da discussão e aprovação do Plano para a Vida e Missão da Igreja (PVM). Na ocasião, declarei ao 13º Concílio Geral o meu compromisso pastoral, à luz do documento que fora aprovado no exercício do governo da Igreja Metodista.
O PVM foi construído de forma participativa e, posteriormente, um proveitoso debate nas sessões conciliares. As Atas e Documentos desse conclave registram os passos metodológicos do processo de aprovação desse documento missionário da Igreja.
Na verdade, o presente documento foi construído na chamada década perdida pelos analistas sociais em função da crise da ditadura militar que assolou o nosso país por muitos anos, bem como outros países no contexto latinoamericano.
Portanto, um tempo de reconstrução democrática no nosso país. Nesse ambiente, a Igreja parou para fazer teologia e elaborou o PVM. Ou seja, fundamentos norteadores para uma ação pastoral, à luz da vocação histórica do povo chamado metodista em nossa pátria bem como em nosso continente. Tudo na Igreja Metodista é e existe para a Missão.
Com certeza, poderíamos sublinhar vários desafios contidos no documento em tela. No entanto, priorizarei dois. Primeiramente, um documento identificador do tom metodista no contexto brasileiro. Não há dúvidas que a partir dos Planos Quadrienais a Igreja Metodista, no Brasil, aprofundou temas de grande alcance para a eclesiologia (estudo da doutrina da Igreja) metodista.
Por exemplo, “Missão e Ministério” oferecendo Bases Bíblicas, Históricas e Teológicas do nosso modo de ser Igreja. Ressaltou a importância de um Plano de Ação Missionária para a Igreja. Ou seja, “Um Plano é feito a partir da realidade, que o torne um instrumento a serviço da missão.
O presente Plano é fundamentado com uma base bíblica, através de textos do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Tem uma indicação da herança histórica do metodismo, conforme encontramos na Constituição da Igreja Metodista. É um resumo de “As Marcas Metodistas”, documento produzido por John Wesley e uma análise contemporânea da Fé Cristã (Plano Quadrienal 1979-1982, item III, pg 7).
Do mesmo modo, o presente Plano Quadrienal dá uma guinada no conceito de missão:“tudo na Igreja Metodista é e existe para a Missão, que é a renovação do ser humano em Jesus Cristo, sua entrada no Reino, e o seu contínuo crescimento, de tal sorte que tenhamos não apenas “mais” pessoas cristãs, mas igualmente pessoas “melhores”, isto é, possuídas pelo Espírito Santo” (pg.11).
Pessoalmente, creio que precisamos desarquivar os nossos documentos missionários a fim de que eles possam chegar nas igrejas locais e, consequentemente, fortalecer a nossa identidade metodista nos termos dos nossos fundamentos de vida e missão. De igual maneira, precisamos colocar em prática a nossa riqueza documental.
Um segundo ponto, um documento balizador de uma Igreja de Dons, Ministérios e Discipulado. O Plano Quadrienal de 1979-1982 enfatiza: “todos os membros da Igreja pelo fato de pertencerem ao povo de Deus através do batismo, são ministros do evangelho. São chamados por Deus, preparados pela Igreja para, sob a ação do Espírito Santo, cumprirem a missão, em testemunho, serviço e evangelização”.
Está, aqui, uma importante linha do discipulado cristão: “são ministros do evangelho”, ou
seja, Dons e Ministérios no dia-a-dia da tarefa missionária da Igreja. Nessa mesma linha de
raciocínio o PVM ressalta: “há necessidade de estar em comunhão com Deus , ouvir e atender a sua voz e de se fortalecer no poder de Deus (Jo 1. 1-4; 1 Co 11. 17-34).
Há necessidade de conhecer a Igreja, especialmente a igreja local, descobrir suas possibilidades e seus dons e valorizar seus ministérios para alcançar a participação total do povo na missão (1 Co 12. 1-30; Ef 4.1-16). Outra chave ministerialimportante: “valorizar seus ministérios”. Por isso, o PVM inspira na colocação que Dons e Ministérios não é um programa. É um movimento conduzido pelo Espírito Santo cujas raízes encontram na Palavra de Deus, bem como nos documentos missionários da Igreja.
Devemos celebrar com gratidão a Deus a construção o trigésimo aniversário Plano para a Vida e Missão da Igreja (PVM), mas devemos reconhecer que ao longo dos anos temos nos afastado de seus fundamentos norteadores em nossa caminhada missionária.
Adriel de Souza Maia
Bispo Emérito da Igreja Metodista