Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Bíblia para as crianças

 

Diante de tantos atrativos nos meios de comunicação dispersando a atenção das crianças e envolvendo-as com surpresas as mais variadas, é preciso esforçar-se para despertar seu interesse pelo estudo da Bíblia. Como promover isto? Como prender a atenção da criança e ajudá-la a colocar em prática o que aprendeu? Algumas pistas poderão nos auxiliar:

   

  1. A criança precisa familiarizar-se com a linguagem bíblica e, por isso é necessário que, em algum momento, ela ouça o relato como ele está registrado.
  2. As palavras do texto precisam ser compreendidas. Não adianta continuar contando o encontro de Jesus com a mulher samaritana se ela não souber o que é cântaro, por exemplo; ou o que significa samaritano.
  3. É necessário contextualizar o fato bíblico. Por exemplo: quando Jesus quis ensinar sobre a necessidade de não cultivarmos a ansiedade, procurou mostrar coisas concretas para as pessoas que lhes fizessem pensar: E dizia: -"Vocês percebem que as aves do céu não se preocupam com o alimento de que necessitam e nem os estocam?"
  4. As situações apresentadas na Bíblia precisam ser trazidas para os nossos dias e comparadas. Ao narrar o encontro de Davi e o Gigante Golias, por exemplo, além da explicação de quem eram os filisteus e os israelitas, e as causas da guerra travada entre eles, é necessário dar a idéia do tamanho do gigante, sua força, suas armas, relacionando isto com algo concreto assimilável para os pequenos como: o gigante era tão alto e forte que seu tamanho podia ir do chão dessa sala até no teto! Já pensaram no tamanho dos seus braços, na sua força? Sempre que possível, levar figuras ilustrativas, flanelógrafos, ou solicitar que desenhem algum personagem da história.
  5. Promover dramatizações dos textos. Sugestão: Leia a narrativa do "Cego de Jericó" (Mc 10.46-52). Pergunte quem gostaria de fazer o papel do cego, de Jesus, da pessoa que vai chamar o cego. As outras crianças farão o papel da multidão que dizia ao cego: -"Cala a boca! Não perturbe ou não amole o Mestre!" Providencie um tapa-olho ou lenço para o cego e também um pano para ser a capa de seus ombros. Conte o contexto da vida de uma pessoa com alguma deficiência naquele tempo. Ela não podia trabalhar, nem ir ao templo de Jerusalém e era considerada pecadora (ou maldita). Vários textos bíblicos podem ser dramatizados com a participação ou não de todas as crianças como as Parábolas (Lucas 15; Lc 18.1-14 e 15-17; Lc 10.25-37), a oferta da viúva pobre (L 21.1-4); Uma lição de humildade (Jo 13.12-17).
  6. Fazer a leitura compartilhada do texto como o de Lc 8.22-25. Alguém faz o papel de narrador, outra pessoa lê as falas de Jesus e os demais,   o que os discípulos disseram.
  7. Providenciar algumas coisas como uma cestinha com pães, uma vassoura ou lanterna, uma moeda. Escrever no quadro ou cartaz os textos bíblicos que mencionem esses objetos e permitir que as crianças façam a correspondência. Aumentar a dificuldade de acordo com o grupo. (Jo 6.1-13; Lc 15.8-18; Mt 22.15-22),
  8. Sempre que possível, mostrar algo concreto que as crianças possam pegar, sentir, cheirar ou degustar para introduzir um assunto como uma flor, o sal, o mel, um espelho, lâmpada, dinheiro, moedas, pedras ou rochas e areia, sementes, e outras coisas como um sapato bem pequeno ou bem grande por exemplo. Solicitar que andem com ele pela sala. Peça-lhes para dizer se sentiram conforto ou bem estar. Imaginem se tivessem de andar por muito tempo? Explicar que muitas vezes não entendemos as reações das pessoas porque não estamos no seu lugar. Quem sabe elas estão com sapatos de tristezas, de dor, de preocupações ou de raiva de alguém? Por isso Jesus ensinou: "Não julgueis e não sereis julgados." (Mt 7.1).
  9. O uso de histórias bíblicas em vídeo só tem sentido se puderem ser recontadas pelas crianças e retiradas as dúvidas ou mal entendidos. Elas não devem interferir totalmente no imaginário infantil ao ponto de não permitir alternativas para o desfecho ou ações. Uma sugestão é brincar com elas sugerindo que dêem outro final possível para o Filho Pródigo, por exemplo, se ele não houvesse se arrependido. E se o irmão tivesse entrado para a festa também?
  10. Não se pode esquecer que as crianças têm dificuldade de entender conceitos como os de respeito, reverência, adoração, confissão... e uma sugestão é levá-las a uma "excursão" pelas dependências do templo mostrando-lhes a cruz e o seu significado, quem esteve crucificado ali por nós, porque ela está vazia agora. Explicar a razão do púlpito, do genuflexório, dos elementos da Ceia e o que eles nos fazem recordar. O papel dos instrumentos musicais no louvor e adoração, qual a utilidade dos aparelhos de som e como usar os microfones.
  11. As crianças de cidades grandes muitas vezes não conhecem o que sejam ovelhas, porcos, galinhas com seus pintinhos, diferentes aves e pássaros, flores, plantas, árvores, serpentes, peixes que são mencionados em textos bíblicos. Ajudará bastante a promoção de passeios ao Jardim Zoológico, ao Jardim Botânico ou a outros lugares onde poderão estar em contato direto com alguns dos elementos que serão citados nas lições.
  12. As pessoas responsáveis pela ministração das lições devem se preparar não só em oração, mas providenciar, com antecedência, o que precisará usar para que as aulas sejam agradáveis, interessantes e tenham valido a pena participar.
  13. Um jeito de facilitar a memorização de um texto é contá-lo de maneira compartilhada. O texto é lido e explicadas as palavras menos conhecidas. Na Pesca Maravilhosa (Jo 21.1-14), o coordenador/a inicia a primeira sentença e após, cada criança acrescenta os fatos ocorridos em seqüência até o final, com suas próprias palavras. Assim: "Um dia, depois que Jesus já havia sido crucificado, sepultado e ressuscitado, os seus discípulos resolveram ir pescar". Então Simão disse: ... (Permitir que uma criança fale). E o que aconteceu? As outras crianças vão acrescentando cada fato observando-se a que horas ocorreu, onde, como, o não reconhecimento de Jesus, a obediência dos discípulos, a surpresa da pesca, o final da narrativa com o lanche preparado por Jesus.
  14. Para a conclusão dos estudos podem ser usadas orações comunitárias nas quais as crianças expressam gratidão: -"Senhor, eu te agradeço porque...."; de súplicas: "- Senhor, eu te peço que...." ; de compromisso: "Senhor,  ajude-me a ser mais..."
  15.  Há que se ter muito cuidado na apresentação de Deus para os seus pequeninos. Deus deve ser apresentado não como alguém que castiga, ou fica sempre de olho para ver se estamos fazendo algo ruim. É necessário apresentá-Lo como alguém que nos ama como Pai e como Mãe. Algumas crianças são órfãs de um dos pais ou pertencem ao grupo de famílias desestruturadas. Elas precisam ter a segurança que Deus tem seus nomes gravados nas palmas de Sua mão e nunca as esquecerá (Is 49.15-16), ainda que um de seus pais o faça.
  16. Procurar guardar o nome de cada criança e descobrir os problemas que lhes afligem fazem parte da função dos educadores cristãos. Jesus conhecia as pessoas e também nos conhece e sabe de nossas limitações. O importante é fazer tudo o que nos é possível porque um dia Ele nos escolheu e temos respondido afirmativamente ao Seu chamado.

Que Deus nos abençoe!

 

Zélia Santos Constantino


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