O número de parlamentares evangélicos no Congresso Nacional, em 2007, será a metade do que é hoje. Mas isso não significa necessariamente um protesto do voto evangélico contra a corrupção. A conclusão é do sociólogo Alexandre Brasil, professor da Universidade Federal do Rio e estudioso do tema religião e política. A bancada evangélica passa a ter no máximo 30 integrantes. Antes eram 61. Destes, apenas 12 se reelegeram. Dos evangélicos supostamente envolvidos nos escândalos das sanguessugas e do mensalão, no máximo dois conseguiram votos suficientes para permanecer no Congresso Nacional. Segundo Alexandre Brasil, muitos evangélicos, apesar de não-eleitos, obtiveram grande quantidade de votos e ficaram com a primeira, segunda ou terceira suplência. A soma dos votos em evangélicos da lista de supostos envolvidos por todo o Brasil, e por estado, se comparados com a votação anterior, pode revelar que, na verdade, a influência do noticiário negativo foi muito pequena. Reforça esta tese, a existência de alguns evangélicos não envolvidos em denúncias ou suspeitas que também obtiveram grandes votações, mas não conseguiram ingressar na Câmara. Também determinante para a redução da bancada, segundo o sociólogo, foi o o fato de a Igreja Universal enfrentar uma aparente desmobilização na área de campanhas políticas e ter negado a candidatura de última hora a parlamentares que tentariam a reeleição. Outra análise do professor Alexandre é sobre o futuro da bancada. Quem vai liderar a partir do ano que vem? O atual líder, Adelor Vieira, de Santa Catarina, não foi reeleito. Um grande número de integrantes com mais tempo de Casa também não estará no Congresso. Um vácuo de liderança se abre. Walter Pinheiro (PT-BA), um dos evangélicos mais votados do Brasil, com 200 mil votos, e Robson Rodovalho, que tem tentado articular algum movimento nessa área de união de forças políticas com o Fórum Nacional de Ação Social e Política (Fenasp), são peças importantes neste sistema. |