Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 08/06/2011
Avaliação Nacional aponta diagnóstico da Igreja Metodista
O Brasil é um país repleto de diversidade. Diferenças culturais que se refletem também na maneira de cultuar a Deus. Foi o que confirmou o resultado da última Avaliação Nacional da Igreja Metodista. A pesquisa foi feita em todas as Regiões Eclesiásticas. Durante três meses (março à maio de 2010), 478 questionários foram respondidos.
Um dos coordenadores da Avaliação, Rev. Jonadab Domingues de Almeida - secretário executivo do 19º Concílio Geral, explica que as questões foram respondidas pela liderança dos distritos das Regiões. Foram escolhidas três igrejas - de grande, médio e pequeno portes. Pastores/as, Colégio Episcopal e órgãos gerais como Cogeam – Coordenação Geral de Ação Missionária e as Federações dos Grupos Societários também participaram.
A pesquisa reflete o perfil da Igreja. É uma avaliação por amostragem. Não é detalhada, mas, o resultado mostra algumas áreas de preocupação e alguns pontos positivos. É um documento importante para saber como estão às regiões em relação a determinados assuntos”, declara o Rev. Jonadab.
Prática litúrgica – Um dos itens avaliados diz respeito a prática litúrgica, celebração de sacramentos e unidade da igreja. Foi o resultado mais satisfatório da pesquisa. No geral, 93,8% dos/as entrevistados/as disseram estar satisfeitos com a forma de culto da Igreja Metodista. No Nordeste do país, a pesquisa constatou os melhores percentuais. O posicionamento mais crítico em relação ao assunto veio do Colégio Episcopal – 60% demonstraram total contentamento.
Observando os dados, o professor de Liturgia da Fateo - Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, Dr. Luiz Carlos Ramos, afirma que a pesquisa apresenta um reducionismo do conceito de Igreja (eclesiologia), principalmente se compararmos esse quesito com os índices – bem inferiores – de itens como engajamento social, compromisso ético, etc. “Isso passa a ideia de que na opinião popular a igreja é culto. Ora, o culto é uma parte significativa da vida da igreja, mas a igreja é mais do que o culto. A missão se dá nos intervalos dos cultos”, argumenta.
Zelo Evangelizador – A preocupação com a expansão missionária também foi avaliada e o resultado aponta para um cenário preocupante. A média de satisfação foi de 47,5%, ou seja, menos da metade das pessoas que responderam ao questionário, compreende que a igreja tem como prioridade a evangelização.
“Há uma ênfase nos métodos evangelísticos, de crescimento, de ganhar almas, mas, a paixão – ou o zelo – acaba ficando em segundo plano. Estamos mais preocupados com a forma do que com o conteúdo”, comenta a Rev. Joana D’Arc Meireles, Secretária Executiva para a Vida e Missão da Igreja Metodista. Entre os/as pastores/as o melhor resultado, dentro desta temática, foi na 6ª Região (71%), o percentual mais baixo veio da 3ª Região Eclesiástica (23%).
Para o Bispo Emérito da Igreja Metodista, Paulo Ayres, a falta de fervor evangelizador explica porque a igreja não tem causado maior impacto transformador na sociedade. “No Brasil não temos visto o que o avivamento metodista na Inglaterra, sob a liderança de Wesley foi capaz de provocar - não somente levando multidões à conversão a Cristo, mas também a mudanças importantes e significativas na vida moral, social e política”, argumenta.
A pesquisa mostra ainda que a área de comunicação também precisa de investimentos. Metade dos entrevistados demonstrou insatisfação. “A igreja não está acompanhando as tendências. Isto não quer dizer que vamos agora avançar neste ramo de qualquer maneira. Temos que fazer uma discussão mais responsável sobre o tema. Nosso foco deve ser Missão. Não devemos copiar o que já existe, ao contrário, precisamos estudar algo nosso voltado para a expansão do Reino de Deus”, acrescenta a professora da Fateo Magali do Nascimento Cunha, doutora em Ciências da Comunicação.
Pontos fracos - A Avaliação Nacional revela outras deficiências. O índice mais baixo de sa-tisfação foi no tema: ética cristã e responsabilidade sócio-ambiental. De acordo com a pesquisa, 27,5% dos/as entrevistados/as disseram que a questão é trabalhada de forma plena e relevante. A maioria disse que a abordagem é razoável, insatisfatória ou inexistente. Neste quesito, o Rio de Janeiro aparece com os melhores percentuais. Em média, 47% dos/as pastores/as disseram estar preocupados com o assunto.
Na 2ª Região, o índice de preocupação com ética cristã e responsabilidade sócio-ambiental é de 37,5% entre a Clam. De acordo com o Bispo Luiz Vergílio, a Igreja Metodista precisa abrir os olhos para esta questão. “Penso que a discussão do novo Código Florestal determina que este tema seja incluído na agenda da Igreja, como temática a ser trabalhada no próximo período eclesiástico de forma imprescindível”, reforça.
Em relação ao discipulado, 50% dos questionários respondidos, demonstraram contentamento com a abordagem estabelecida nas Regiões. Entre as Clam`s os melhores resultados são da 4ª Região, com 75%. A Rema – Região Missionária da Amazônia apresentou o percentual mais baixo: 33% dos/as líderes disseram que a forma como o discipulado é trabalhado tem sido satisfatória.
Os dados da Avaliação Na¬cional vão embasar os relatórios do Colégio Episcopal e Cogeam, que serão apresentados no 19º Concílio Geral da Igreja Metodista. Além dos temas citados, a pesquisa apresenta informações sobre identidade, educação cristã, unidade, compreensão das cartas pastorais e outros assuntos.
Para o Rev. Paulo Dias Nogueira, pastor da Catedral Metodista de Piracicaba, pesquisas são sempre válidas para embasar pensamentos e ações. Ele acrescenta que a igreja precisa se conhecer para crescer e que, neste sentido, é necessário investir cada vez mais em informações mais detalhadas. “Todo o suporte estatístico deve impulsionar a igreja para a Missão. Nosso papel é expandir as fronteiras e desejamos é que as pesquisas mostrem sempre este avanço”, finaliza.