Publicado por Sara de Paula em Destaques Nacionais - 14/08/2018

As eleições e o povo chamado metodista

As eleições e o povo chamado metodista
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O voto é, ao mesmo tempo, um direito individual e uma manifestação de desejo comunitário. Por meio dele, expressamos nossas aspirações para o nosso País, Estado e Cidade. Quando olhamos o voto a partir de nossa perspectiva cristã, podemos encará-lo como expressão da paz, da justiça e da verdade que buscamos como princípios do Reino de Deus. Os candidatos e candidatas que os recebem devem, sob a nossa análise, ser pessoas capazes de realizar a defesa intransigente da dignidade da pessoa humana, da preservação de toda a criação, da transformação de nossa sociedade para melhor e da garantia de direitos em todos os segmentos sociais, com maior ênfase sobre as pessoas menos favorecidas e, portanto, mais necessitadas, representadas pela categoria bíblica dos órfãos, estrangeiros e viúvas. Cada voto é o acolhi­mento de ideias, programas partidários, alianças e pessoas. Por isso propomos, de modo prático, algu­mas orientações para o povo metodista no exercício de sua cidadania. Para isso, usaremos a sabedoria de sete provérbios bíblicos para nossa reflexão.

1. Mais vale o bom nome do que muitas riquezas (Provérbios 22.1)

Conheça a vida e o caráter de quem se apresenta como candidato(a). Precisamos analisar as princi­pais linhas de ação e compromissos do partido e a natureza das alianças estabelecidas para cumpri­mento do programa. “Candidatos [e candidatas] que a cada eleição se apresentam de maneira dife-rente, fruto de estratégias de marketing e alianças comprometedoras não são dignos(as) de nosso apoio. De igual modo, ninguém deve receber nosso voto simplesmente por expressar uma religiosidade evangélica. Antes, devemos recordar que ‘a fé, se não tiver obras, por si só estará morta’ (Tg 2.1)” [Carta Pastoral sobre as eleições, 2010].

2. Ao que cuida em fazer o mal, mestre de intrigas lhe chamarão (Provérbios 24.8)

Estas eleições se caracterizarão por uma grande briga por espaço nas redes sociais. Para desquali­ficarem-se mutuamente e, principalmente, afetar o grupo das pessoas indecisas quanto ao voto, certamente que muitos candidatos e candidatas, e até mesmo pessoas que lhes são simpatizantes, recorrerão ao expediente das famosas fake news (notícias falsas). Não se deixe levar por intrigas nem contribua para que elas se espalhem. Evite compartilhar notícias sem checar as fontes e muito cuidado com vídeos, que podem ser completamente editados. Nada disso contribui para a democracia. Compartilhe informações consistentes sobre os(as) candidatos(as), que permitam a percepção de sua coerência política, sua integridade ética e moral, sua capacidade de dialogar com a sociedade e sua sensibilidade aos problemas e demandas sociais.

3. O que anda em integridade será salvo (Provérbios 28.18)

“Exerça um voto ético, comprometido com o Rei­no de Deus, pois a vontade soberana do Senhor deve ser vista e sentida na vida de todos os seres humanos. E ainda, o voto ético não se destina a políticos des­comprometidos, e sim aos que são ‘sal da terra e luz do mundo’. Ele não é vendido ou trocado por bens materiais, mas ‘traz vida em abundância’. Não se deixa levar pelas aparências, e sim, fortalece a verdade que liberta. Ele é consciente e traz à memória o que nos pode dar esperança de uma sociedade cidadã” [Carta Pastoral sobre as eleições, 2010].

4. Informa-se o justo das causas dos pobres, mas o perverso de nada disso quer saber (Provérbios 29.7)

Se você pensa em votar em candidatos(as) que já exerceram mandatos anteriores, procure conhecer profundamente a maneira como atuaram em situ­ações determinantes, na aprovação de projetos nos diversos níveis e, conforme sua análise, conclua quais devem ou não ser reeleitos(as).

5. Muitos buscam o favor daquele que governa, mas o que confia no Senhor está seguro (Provérbios 29.26)

Escolha candidatos e candidatas cujos valores e histórico de vida se aproximem àqueles que o Evangelho de Cristo aponta como características da boa autoridade e da promoção da justiça. Nosso discernimento precisa ser exercido com seriedade para escolher quem melhor corresponda à nossa esperança de um país mais justo, com crescimento e desenvolvimento para todas as pessoas, especial­mente quem mais precisa. Coloque-se em atitude de oração durante o tempo das eleições. Esta é uma ação humana, mas certamente Deus quer nos inspirar nas melhores escolhas. A responsabilidade pelo país que construímos é nossa, mas Deus deseja abençoar nossa nação e pode fazer isso nos inspirando não apenas no voto, mas nas ações cidadãs de cada dia.

6. Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda (Provérbios 26.20)

Tanto o corpo pastoral quanto os membros das igrejas possuem o direito à opinião e à livre manifes­tação de suas preferências quanto a candidatos(as) e partidos. É um direito constitucional, inclusive. No entanto, o exercício deste direito deve respeitar a máxima bíblica do amor e do respeito entre irmãos e irmãs. A lei assegura que as igrejas não podem ser espaço de promoção de candidatos nem currais eleitorais. Portanto, o púlpito está vedado à propaganda política de qualquer candidato(a), embora outros espaços de debates possam ser abertos, desde que respeitem a variedade das posições existentes, sempre no espírito democrático de ouvir posicionamentos diferentes. As redes sociais de pastores e pastoras e de metodistas não expressam o pensamento da denominação como um todo. Ocorrendo em paz, o debate poderá nos ajudar não apenas no voto, mas no crescimento da consciência cidadã e democrática.

7. Praticar a justiça é alegria para o justo (Provérbios 21.15)

A despeito de descrédito ou desconfianças que alguém possa ter em relação à política partidária, a busca de uma sociedade mais justa, mais solidária, requer perseverança e continuidade histórica na luta por tais ideais. Assim, entendemos que o exer­cício do voto é uma das garantias permanentes da construção de um Estado democrático de direito. Portanto, recomendamos aos irmãos e irmãs não deixarem de votar, e que não anulem seu voto!

Nós, bispos e bispas da Igreja Metodista, reafir­mamos nossa fé no Reino de Deus e na sua justiça, pela qual cremos que o poder do Espírito Santo nos dará, a nós, metodistas, visão aguçada e coração quebrantado para exercermos, como Igreja, nossa ação política neste ano eleitoral, de modo a exaltar e engrandecer Àquele que governa eternamente.

Ó Deus, dá aos que governam os teus juízos, e a tua justiça aos filhos dos que governam. (Salmo 72.1)
 

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