Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 17/05/2013
Artigo Uma reflexão pastoral sobre a decisão do Ministro Joaquim Barbosa
O governo de Deus na história, a resolução do conselho nacional de justiça sobre uniões homoafetivas, e a participação da igreja na missão de Deus
"Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” Jó 42.2.
Ainda existem evangélicos e católicos; pastores e leigos revoltados com a atitude do Ministro Joaquim Barbosa, no tocante, a resolução aprovada na data de 14/05/, pelo Conselho Nacional de Justiça. Tal resolução obriga os cartórios de todo o Brasil a realizarem as uniões homoafetivas, transformando uniões homossexuais estáveis em casamentos, equiparando-as, ao casamento civil heterossexual.
Na busca de algo para compartilhar no Brasil Metodista dei uma varrida na blogosfera gospel. Também, li algumas postagens e comentários evangélicos no Facebook, alguns dentre os quais diziam que, Sodoma e Gomorra haviam sido instauradas de forma legal no Brasil, que tal ato do CNJ decreta o fim da família, da Igreja.
Confesso que já faz já um bom tempo que deixei de me preocupar com tais questões. Não mais me preocupo, não por ser favorável a prática dos atos homossexuais, mas por crer que cada um faz de sua vida o que quer. E que todo comportamento, seja hetero ou homossexual só pode ser mudado pelo Espírito Santo. Em relação à prática passiva e ativa da homossexualidade, em virtude de minha formação religiosa, eu as tenho como incompatíveis com a minha visão das Escrituras, da Bíblia Sagrada, a qual é normativa de minha religião cristã, livro, em cuja mensagem se fundamenta minha consciência, fé e prática.
Deixei de me preocupar com tais questões, por ser convicto de que a Igreja de Cristo permanecerá. O Evangelho ela sempre viverá e pregará. A ela, o Espírito Santo dia-a-dia continuará a acrescentar todos quantos em Cristo estão predestinados a no Reino entrar. Não é por força nem por violência, (tampouco por decreto imposto pela maioria), mas sim pelo agir do Espírito Santo (Zacarias 4:6).
Decisões tais como a tomada pelo CNJ, mesmo que se tornem Lei, disso gostemos ou não, servem para regulamentar a sociedade, sociedade a qual não se baseia em fundamentos bíblicos, e na qual as vozes da Igreja evangélica e católica não são únicas, e não podem calar as outras, assim como, não deseja serem caladas, a exemplo do que ocorreu com os evangélicos no passado, quando os primeiros missionários protestantes aqui chegaram.
Foi graças à proclamação da República e a separação entre Igreja e Estado, que nós, os crentes, outrora perseguidos, obtivemos liberdade de culto, para construção de nossos templos, podermos casar no civil, enterrarmos nossos mortos em lugares comuns a todos... Por mais que o cristianismo seja maioria, no Brasil não vivemos em uma Cristocracia, mas sim em uma sociedade plurireligiosa, que possui a forma política de governo democrático. Sociedade que por ser plural deve receber do Estado apoio em sua pluralidade.
Discordo das postagens que vaticinam o fim da Igreja, ou dá família, pois sendo elas criadas por Deus, Ele mesmo assegura sua existência. “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” Salmos 115.3: “Eu sei que tudo o que Deus faz dura para sempre; não podemos acrescentar nada, nem tirar nada. E uma coisa que Deus faz é levar as pessoas a temê-lo.” Eclesiastes 3.14. "Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” Jó 42.2.
Deus tem o controle, ainda que os homens possuam a liberdade de governo. Não temo leis, uma vez que, a História Eclesiástica mostra que, nem o sangue dos mártires derramado nos primeiros séculos da Igreja foi capaz de extinguir o povo do Senhor. Nem as piores perseguições levadas a cabo por sistemas sob o governo de homens tais como: Nero, Trajano, Decio, Valeriano, Galério, Dioclécio, Maximiano, Maximino..., foram capazes de prevalecer e vencer a Igreja de Cristo. Não será agora, na atualidade, a aprovação de leis que favoreçam gays ou heterossexuais que deterá a obra de Deus na terra.
O Estado é laico isso é fato. E, é melhor que ele siga em sua laicidade, sempre aberto, tal qual um guarda-chuvas, dando proteção e liberdade de consciência, expressão e culto a todos os brasileiros, sejam tais cidadãos: heterossexuais, homossexuais, homens e mulheres, negros, índios e brancos, ricos e pobres, protestantes e católicos, religiosos, irreligiosos, agnósticos e ateus.
A Igreja por ser direcionada pelo Espírito seguirá pregando o Evangelho. Nos cristãos, pessoas de dupla cidadania, terrena e celestial, prosseguiremos ensinando a nossos filhos biológicos e espirituais a como viverem em uma sociedade que possui valores que nem sempre são nossos valores, mas com os quais temos que conviver, e ainda que não os aceitemos como compatíveis com nossa consciência, fé, prática e anúncio, devemos respeitar quem os vive e pratica. Com base na promessa, sob o governo soberano de Deus, o qual reina em nossas consciências, continuaremos na pregação do Evangelho, pois nada pode silenciar o Espírito de Deus.
Acima de tudo, anunciemos as Boas Novas em sua essência principal, a qual é o amor em verdade, e a verdade em amor, dando: “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus.” (Mt 22,15-22 / Mc 12,13-17 / Lc 20,20-26)
Nossa participação na missão de Deus em seu propósito de salvar o mundo ocorre em uma sociedade cada vez mais plural, cujos valores nem sempre são nossos valores, porém é em meio a tal sociedade que devemos viver e pregar o Evangelho. Não temo leis aprovadas ou não aprovadas, pois no cumprimento do IDE, ou cremos no soberano senhorio de Deus, o qual possui o domínio da História e a conduzirá até o final por Ele estabelecido, ou rasgamos a Bíblia e paramos de falar que Ele Reina e é Senhor.
A Igreja é guardada por Cristo, quando no início da expansão da fé cristã, Paulo perseguia aos seguidores do Caminho, Jesus tomou as dores para Ele, e interveio. (At. 9) Na atualidade a situação não é diferente, mesmo que um dia nos seja tirada a liberdade de expressão e exercício da fé cristã, nada poderá deter o Evangelho, pois o Autor dele vive, o Autor dele intervirá, pois o Autor dele é Senhor.
Reverendo. José do Carmo da Silva – Mano – Zé do Egito