Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 16/01/2013

[Artigo] Profetas, onde estão? Rev. Renato Saidel

PROFETAS,ONDE ESTÃO?

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram” Apocalipse 21:4.


Estamos vivendo o início de um novo ano. Neste momento, talvez você já tenha elaborado todo o seu projeto de vida para este ano. E olha que somos pródigos nisto! É o regime que nunca iniciamos; o exercício que desta vez acontecerá com uma frequência ideal, ler mais a Palavra, orar mais, jejuar mais, enfim, uma série de possibilidades, que eu creio que já devem ter sido formuladas na sua vida.

Mas eu quero me atrever a refletir contigo sobre algumas questões. Primeiro: estamos vivendo um momento chuvoso e estas chuvas são absolutamente necessárias, pois como tem sido noticiado fartamente em nossos meios de comunicação, os reservatórios de água das usinas geradoras de energia elétrica estão em um nível crítico, talvez o maior de toda a história.

Todavia, gostaria de refletir acerca do que temos vivido, não só em São Paulo, mas especialmente na região de Duque de Caxias no Rio de Janeiro, que são os estragos causados por conta das chuvas ocorridas nestes últimos dias.

Pessoas perderam suas casas, móveis, eletrodomésticos, roupas, documentos, enfim, todo o registro e a história de vidas que se perderam nas enxurradas.

Fico pensando em qual é o papel do Estado em tudo isso. Não só do poder municipal, mas dos poderes estadual e nacional, que são excelentes em seus discursos e em suas promessas de apoio, mas infelizmente, na maioria das vezes, não têm o mesmo empenho em cumprir as promessas executadas. Falo isso, porque se assim o fosse, a região de Teresópolis, por exemplo, não estaria sofrendo mais uma vez com as consequências das chuvas que infelizmente têm sido frequentes naquele lugar.

Outro pensamento que me vêm á mente é o papel da Igreja em tudo isso. Fiquei muito feliz, quando conversei com o Rev. Edvandro, Secretário Regional de Ação Social da Primeira Região Eclesiástica, quando o mesmo me noticiou que a Igreja Metodista em Xerém, o centro dos problemas em Duque de Caxias, tem tido um papel fundamental na alimentação, apoio e guarida de centenas de pessoas naquele local. Entretanto, minha reflexão vai um pouco além.

Ao refletir sobre este texto bíblico do livro de Apocalipse, estamos em um contexto de cumprimento da integralidade do Reino de Deus aqui na terra, momento em que a cidade Santa, a nova Jerusalém desce do céu, para que o Senhor possa habitar conosco por toda a eternidade, trazendo a promessa de enxugar dos olhos toda lágrima, o fim da morte, do luto, do pranto e da dor, porque as primeiras coisas passaram.

O cumprimento desta profecia sinalizará enfim, a integralidade do Reino de Deus aqui na Terra, momento em que viveremos a eternidade com o Senhor.

Só que, a maioria de nós vê este texto como uma promessa para o futuro, que alguns julgam ser próximo, outros remoto. Eu, de outro lado, me atrevo a perguntar: Só na volta do senhor é que todas estas promessas vão se cumprir? Ou melhor, qual é o meu papel enquanto cristão, que vivo entre o já e o ainda não? Será que não podemos viver já algumas destas promessas? Creio que sim.

Não estou tentando mudar o curso da história ou buscando um cumprimento escatológico das promessas do Senhor. O que eu questiono é qual o papel de cada cristão e da Igreja de Cristo frente aos sinais que o mundo nos traz. E essa pergunta me angustia. Fico assim, porque segundo minha percepção a Igreja de Cristo está perdendo o seu contexto profético, a exceção de alguns é claro. Deixamos de denunciar o pecado, de apontar as mazelas sociais, de cobrar dos nossos governantes que cumpram o papel a que se dispuseram quando se candidataram e o assumiram como obrigação quando foram eleitos.

Aliás, num mundo cada vez mais centralizado no “eu” percebemos que são poucos os que ainda se atrevem a olhar para o que acontece fora das quatro paredes de sua vida pessoal, ou de sua comunidade de fé.

Por isso que neste momento de planejamento, gostaria de lhe convidar a refletir um pouco mais sobre o que vemos à nossa volta: pessoas que moram sem o mínimo de dignidade, quando a moradia digna deveria ser um dos direitos fundamentais da humanidade, seres humanos que não tem o que comer em seus pratos, pessoas que moram em margens de rios, por não terem outra opção de moradia, pessoas que têm sido afetadas com desmoronamentos de encostas sobre suas casas. Homens, mulheres e crianças, aos quais se tem negado o seu direito fundamental de saúde, com um atendimento médico-hospitalar de qualidade, entre tantas outras injustiças sociais que vemos ao nosso redor.

Quero que entendamos que eu não estou afirmando que a Igreja deve deixar de buscar ao Senhor, de orar, jejuar, ler a palavra, não ter unção, ou receber da graça do Senhor, o que eu gostaria é que a Igreja pudesse recuperar este olhar, trazendo justiça social onde ela não existe, mas principalmente, exercendo seu chamado profético, no sentido bíblico

Isto é um desafio, para mim, para você, para nossa Igreja de Cristo e espero que tenhamos muitos testemunhos para compartilharmos das maravilhas que Deus fez através de nossas vidas, que seremos utilizados com certeza, como instrumentos de transformação deste mundo, no sentido de ser moldado ao padrão do Senhor, onde os olhos não lacrimejem tanto mais e onde haja menos luto, pranto e dor.
 
Uma semana Revitalizadora na sua vida,

De seu pastor e amigo,
Renato Saidel Coelho


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