Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 03/11/2011
Artigo: Os sinais da graça na Palavra de Deus
"Por que pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós é dom de Deus.” Efésios 2:8-9
Geoval Jacinto da Silva
Sinais são símbolos que apontam caminhos para serem seguidos, ou cuidados que precisam ser observados para evitar acidentes. Geralmente os sinais têm representação de sua origem indicando sua fonte de origem. Neste artigo a preocupação é indicar brevemente, por questões de economia de espaço, alguns sinais da graça de Deus presentes na Palavra entendendo que a graça dá como resultado a comunicação do amor de Deus que possibilita a salvação para todos aqueles que aceitam e crêem na sua graça.
No entendimento do livro do Gênesis a obra da criação é marcada com indeléveis formas em que Deus vai se revelando e se comunicando com a sua própria obra. Nessa comunicação, a partir da criação do universo em sua totalidade já se estabelece a graça. A graça divina é a manifestação perfeita de Deus, é, presença de Deus no mundo e na vida do ser humano.
O ser humano não reúne condições para receber a graça. Então logo se conclui que a graça é iniciativa de Deus em favor do ser humano, isto é, favor imerecido. Portanto, “a graça divina não se separa de Deus, mas é uma relação pessoal que Deus estabelece entre si mesmo e os seres humanos, ele os encara com favor e com bondade” (Von Allmen, 1972, p.158).
A iniciativa da graça é de Deus, é uma iniciativa própria e sem reservas porque na iniciativa da graça está o amor de Deus que ama o universo e por amar ele oferece sinais concretos de seu amor para o ser humano preservar a obra criada. Desta forma se percebe os sinais da graça de Deus na Palavra através de atos concretos como indicados na tradição do Antigo Testamento, da seguinte forma:
A obra da criação. Ao criar o universo com todos os elementos presentes, seres racionais, irracionais e a natureza ele sinaliza seu amor pela obra criada e oferece os sinais de harmonia que deve haver em toda obra da criação, “e viu Deus que isso era bom” (Gn 1.12). Não é uma criação desordenada é ordenada, criada a cada dia em um processo harmonioso e perfeito, não é obra terminada, ele continua em processo de criação, através do ser humano, que é obra de suas mãos: “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33.9). Desta forma, podemos entender que o universo existe pela graça de Deus e que sem ela não haveria vida alguma.
Na libertação do povo do Egito. A narrativa do livro do Êxodo sobre a libertação do povo de Israel no Egito indica uma iniciativa peculiar de Deus em favor de seu povo. Assim como Ele cria, ele também resgata o povo, para manter a promessa outrora feita a Abrão: “se tu uma bênção” (Gn 12.2). A iniciativa do resgate é do amor de Deus expresso através da graça em direção ao povo, “ele ama o povo de Israel por nada, sem mérito algum por parte deste” é uma relação de amor de descendência: “Porquanto amou seus pais, e escolheu a sua descendência depois dele, e te tirou do Egito, ele mesmo presente e com a sua grande força” (Dt 4.37).
Desta forma “percebe-se que a eleição de Israel repousa sobre a graça de Deus”, o povo não tinha mérito algum: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito”. Saberás, pois que o Senhor, teu Deus, é Deus fiel que guarda a aliança e de misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos (Dt 7.7-9). Graça é presença viva do Senhor, que possibilita sonhar, ver e esperar o “celeste porvir”.
Na tradição do Novo Testamento graça é o resultado da aproximação de Deus com o ser humano. É o Deus pastor que vem ao encontro da obra de sua criação. Essa aproximação é a encarnação do amor de Deus na pessoa do Senhor Jesus Cristo. O Evangelho de João afirma que a essência do “logos” da palavra é graça e diz: “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (Jo 1.16). Como resultado desta encarnação, estão presentes três elementos intimamente relacionados: “a graça, a verdade e a glória de Deus na vida e ministério do Senhor Jesus. “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).
Esses atributos relacionados a Jesus Cristo, são manifestações de sua graça com a única finalidade de oferecer ao ser humano a libertação de seus pecados, justificação e redenção, permitindo que o ser humano se torne nova criatura pela graça de Deus. Com o Senhor Jesus é inaugurado uma nova época e aqueles que nele crêem participam de um mundo novo, onde a morte dá lugar à vida eterna e o pecado à justiça.
Agora surge um reino de graça, que sucede o reino do pecado. Vivenciar a graça de Deus a cada dia é o desafio que o crente em Jesus Cristo é vocacionado a experimentar. Pois é ela que sustenta a prática da vida cristã e nos faz entender que só através da graça somos salvos e isto é dom de Deus!
Geoval Jacinto da Silva