Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

amor via aérea

Amor via aérea: o trabalho de voluntariado   

 

 Grupo de Voluntários em Missão que trabalhou em Pirajá, Salvador: membros de uma grande família metodista 

 

 

"Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou..." Atos 3.6     

 

Os dicionários dizem que voluntário é aquele que age por "vontade própria". Mas quem, por vontade própria, sairia de uma linda cidade européia ou do conforto norte-americano para carregar cimento ou limpar nariz de criança em algum recanto longínquo de um país do chamado "terceiro mundo"?  Os dicionários se esquecem de dizer que existe algo muito mais forte impulsionando a vontade humana nos vários trabalhos voluntários que estão sendo feitos atualmente no Brasil, por meio de convênios com a Igreja Metodista na Alemanha e nos Estados Unidos. O amor cristão tem impulsionado jovens, adultos e idosos para a atuação em projetos sociais brasileiros. Eles chegam aqui carregando apenas a vontade de ajudar e voltam para seus lares enriquecidos pela experiência da solidariedade.

 

A alegria que surpreende os alemães

A alemã Katrin Lengerer, 23 anos, veio ao Brasil para um período de seis meses, como integrante de um programa de voluntariado conduzido pela Igreja Metodista na Alemanha. Está em Vilhena, Rondônia, participando do Projeto Regional de Mulheres Gestantes e do Sombra e Água Fresca. Estudante de sociologia, Katrin ajuda na preparação dos lanches e conduz atividades de lazer. São atividades humildes, mas que certamente transmitem lições que ela jamais teria em sala de aula: "Aqui a vida é mais simples, mais fácil, com menos preocupações pelo futuro. As crianças são um exemplo. Enquanto nos preocupamos o tempo todo, elas são felizes apenas com o pão de cada dia", diz ela.

Martin Grütze também se surpreendeu com a alegria de viver demonstrada pelas pessoas que vivem nas favelas do bairro da Gamboa, Rio de Janeiro. Ele é voluntário no Instituto Central do Povo, onde fica até o final de agosto. "As pessoas aqui não têm dinheiro e estão sempre alegres, brincando toda hora". É bem verdade que o espírito brincalhão do povo carioca chegou a confundir várias vezes o jovem alemão, alvo fácil de piadas: "A língua é muito difícil e a cultura, completamente diferente. Eu nunca sabia quando estavam falando sério comigo ou quando estavam brincando",  conta Martin.

 

O triste contato com a violência

 

Para Simone Weight, de 22 anos, o choque cultural ocorreu logo ao chegar de Berlim. Numa visita à Florianópolis, uma pessoa que ela nunca havia visto na vida a levou para conhecer toda a cidade. O que para nós parece absolutamente normal, para Simone era novidade: "Um alemão não faria isso", ela diz. Atualmente, Simone está na cidade de Santo Antônio da Platina, Paraná, auxiliando no Projeto Bóia-Fria. Contudo, ao contrário de seus colegas voluntários, ela não tem uma experiência positiva para contar. Simone percebeu a pobreza em Santo Antônio da Platina não é tão pungente quanto em Moçambique (onde ela prestou serviço voluntário por um ano antes de vir para o Brasil), porém a desigualdade social é maior - e vem acompanhada de uma tristeza que ela não viu no rosto das crianças africanas: "As crianças aqui são muito carentes, a gente vê nos rostinhos delas. Elas são vítimas de violência e alcoolismo. Muitas apanham dos pais e aos 9 anos também já bebem. E até mesmo pessoas da Igreja têm receio de participar do projeto por medo da violência".

 

Americanos em missão

 

            Melhorar as condições materiais da comunidade é um dos objetivos dos metodistas norte-americanos que chegam ao Brasil pelo projeto Voluntários em Missão. Homens e mulheres de todas as idades, classes sociais e profissões chegam com disposição para construir igrejas, realizar EBFs, prestar assistência médica

          No final de maio e início do mês de junho a Comunidade Metodista em Pirajá, Salvador, Bahia, recebeu John, Brenda, Nicole, Nancy, Tom, Linda, Norman e Chuck para um tempo de comunhão e serviço. O Rev. Misael Gomes da Cruz, pastor da igreja se emociona e diz que os americanos vão deixar saudades. "Todos proporcionaram momentos de muita alegria, comunhão e serviço; permitindo-nos avançar no mínimo quinze anos no que sonhávamos realizar. O maior legado que eles nos deixaram não foi o cimento, o piso, o reboco, as tintas, as coisas materiais... Mas o extraordinário sentimento de que fazemos parte de uma família bem maior do que imaginávamos."

                                                                                                                                        Suzel Tunes

 

 

Caminhos de chegada e saída

Existem vários programas de voluntariado que atuam no Brasil. A Igreja da Alemanha apóia o envio de jovens estudantes. Os rapazes alemães podem, inclusive, substituir o serviço militar pelo trabalho voluntário. A Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos, desenvolve o programa Voluntários em Missão, que envia pessoas de todas as idades para projetos diversos, como construção de igrejas, realização de EBF?s, serviços médicos no Barco Hospital, etc. A Junta de Ministérios Globais (também dos Estados Unidos) envia voluntários para atuar em projetos em defesa dos direitos humanos. Atualmente, há duas pessoas trabalhando no projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo do Campo, São Paulo. "Na maioria das vezes, os participantes do grupo Voluntários em Missão   cobrem individualmente suas próprias despesas com  transporte, alimentação, hospedagem e ainda contribuem para um fundo de ajuda aos projetos nos quais vem trabalhar. "Há alguns casos em que a Igreja local que lhes envia contribui também para esse fundo, ou concede ajuda para diminuir as despesas de viagem, mas isso é quase uma exceção.", afirma Teca Greathouse, missionária da Igreja Metodista Unida nomeada para a Fundação Metodista de Ação Social e Cultural (BH), que tem atuado como intérprete de vários grupos que chegam ao Brasil.

 

 
  Simone (acima) e Katrin: elas vêm do mesmo país e chegaram ao Brasil com a mesma disposição em ajudar. Mas têm histórias diferentes para contar.  

 

 

 

 

 


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