Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

amas caminho para a missão

A criação de uma personalidade jurídica pode ajudar a Igreja a obter parcerias para trabalhos sociais. Mas precisa ser bem planejada.

No conceito metodista de missão, fé e obras não se separam: atos de piedade promovem a nutrição espiritual e resultam nos atos de misericórdia, a expressão do amor divino no serviço ao próximo. A Igreja organizada numa estrutura de Dons e Ministérios pode aproveitar os talentos de cada membro e, de maneira voluntária e informal, fazer muito por sua comunidade.Contudo, nem sempre a Igreja local dispõe de recursos e pessoal suficientes para o trabalho. Para projetos mais ambiciosos, o estabelecimento de parcerias e convênios com órgãos públicos e organizações não governamentais pode se tornar uma necessidade. E, nesse caso, o caminho é: estabelecer uma Amas, Associação Metodista de Ação Social.

"No Brasil, como a Igreja é separada do Estado, o governo não pode repassar verbas para Igrejas. Já a Amas, estabelecida como pessoa jurídica (uma organização não governamental) não enfrenta esse obstáculo e pode ampliar sua atuação", explica Keila da Silva Guimarães, secretária executiva nacionalda Coordenação Nacional de Ação Social da Igreja Metodista. Um bom exemplo é a Amas da Igreja Metodista Central de Santo André. Sete anos antes de sua implantação, a Igreja já desenvolvia um projeto social de restauração de dependentes químicos, o Revide (Restaurando vidas de dependentes químicos e co-dependentes). Prestavam assistência com palestras e programas de reabilitação. A instituição da Amas também motivou maior participação dos membros da Igreja. "A Amas iniciou um processo de atuação mais dinâmico e envolvente de muitas pessoas em nossa Igreja.", reforça José Borges, presidente da Associação.

Atualmente a Igreja Metodista conta com cerca de 120 associações registradas em todo o país.Elas se organizam em um conselho nacionalchamado Cogimas, Conselho Geral das Instituições Metodistas de Ação Social, presidida por Elenice Callaú, da 5ª Região, e têm perfis bem distintos, de acordo com as necessidades específicas da comunidade na qual se inserem. Entre as várias associações, há creches, instituições que trabalham com educação infantil, assistência a idosos, instituições de recuperação de dependentes químicos e até atendimento médico e odontológico, como o Barco Hospital da Região Missionária da Amazônia.

Passo a passo

Qualquer igreja pode possuir uma entidade de ação social. O primeiro passo para a criação de uma Amas é fazer um levantamento das características da comunidade local, problemas em comum e recursos que podem ser utilizados.

Depois do levantamento, vem o processo burocrático, pois a Amas tem que ser registrada como uma "pessoa jurídica". José Borges lembra-se (sem saudade!) como foi: um período cheio de reuniões e papéis a preencher. "A primeira coisa que fizemos foram reuniões com a CLAM, Coordenação Local de Ação Missionária, para apresentar o projeto à igreja local. Depois do projeto ser aprovado, foram feitas várias reuniões para elaborar o Estatuto e o Regimento Interno, que foi encaminhado ao Cartório de Títulos para ser registrado."

Por fim, é necessário definir se a Amas terá funcionários regularmente contratados ou contará apenas com o apoio de pessoal voluntário, seja da comunidade ou da igreja local. Essa é uma decisão estratégica, que pode definir o sucesso ou fracasso do projeto. A Amas de Piracicaba, especializada em tratamento odontológico, optou pelos funcionários contratados. Mas também conta com o apoio da Universidade Metodista de Piracicaba, que oferece mão de obra especializada. "Contamos com bolsistas cedidos pela Unimep", afirma o diretor, Antonio Massola Neto.

Amas é bom, mas não é obrigatória.

A Amas pode ser um bom caminho para a viabilização de projetos sociais, mas não é o único. "Se a igreja local consegue desenvolver seus projetos de ação social com recursos próprios, ou em parceria com outros órgãos metodistas que financiam projetos na área social, tudo bem", tranqüiliza a presidente do Elenice .Um exemplo é o Projeto Sombra e Água Fresca da Igreja Metodista de Nilópolis, Rio de Janeiro. Lá ele funciona só com o Ministério de Ação Social. "Uma Amas nos exigiria documentos, pessoal e mobiliário que na época em que iniciamos o projeto não poderíamos conseguir. Mas continuamos com o serviço. O trabalho tem sido feito com parcerias com a comunidade: escola, médico, educadoras da própria igreja local. Os projetos são temporários, de acordo com a necessidade da comunidade e as oportunidades que surgem. Por exemplo, este mês estaremos cedendo o nosso espaço para dois cursos profissionalizantes patrocinados pela Secretaria do Trabalho", afirma a Rev. Joana D?Arc, pastora em Nilópolis. Com mais ou menos recursos, mas contando com criatividade, ética, responsabilidade e, sobretudo, fé, o importante é que a missão seja feita. É o que nos lembra Elenice: "Como cristãos e metodistas, nossa tarefa é conseqüência do grande amor que Deus tem para cada um de nós. Queremos que as pessoas sintam-se valorizadas e amadas por Deus".

Não fique com dúvida!

Antes de organizar uma Amas, busque todas as informações disponíveis. A Coordenação Nacional de Ação Social publicou em 2004 uma cartilha ensinando como criar uma instituição social. O material faz um apanhado da legislação brasileira com os documentos da Igreja Metodista e responde às perguntas mais freqüentes, como aspectos de trabalho, elaboração de projetos e documentação. Você pode procurar a cartilha nas sedes regionais ou na sede nacional (Tel. 11-6813-8600). O texto completo da LOAS -- Lei Orgânica das Assistências Sociais - pode ser obtido em vários endereços da Internet, como no site do Conselho Regional de Serviço Social do Estado de S.Paulo (www.cress-sp.org.br). Outra boa fonte de informação é o site da ABONG, Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (www.abong.org.br), criada em 1991 parapromover um intercâmbio entre entidades, buscando a solução de problemas comuns.


Posts relacionados

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães