Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 05/10/2010

A criança na missão de Deus

Jan Greenwood

Apenas três versículos nos falam de uma menina -- a empregada da esposa de Naamã (2Rs 5.1-3). Uma menina cujo nome não sabemos, mas cujo exemplo muito nos ensina. Como não era chamada de jovem, provavelmente tinha menos de doze anos; era “apenas” uma criança.

Como essa menina poderia ser útil à esposa do comandante do exército do rei da Síria? Ela parecia muito próxima da dona da casa, pois conversava com ela. Supomos que se ocupava com o atendimento pessoal da senhora, arrumando sua roupa, escovando seu cabelo, cuidando de suas unhas e mãos. Era próxima o suficiente para perceber a tristeza e a preocupação daquela mulher com a terrível doença do marido.

Como teria sido para a nossa garotinha ser violentamente arrancada de sua casa e de sua terra e arrastada para um país estrangeiro? Como teria sido para uma menina de uns 9 anos ficar longe dos pais de repente? Ou, quem sabe, guardar no coração a dor de seus gritos quando foram mortos pelos invasores? Será que ela guardava rancor, mágoa, desejo de vingança?

Tudo indica que não. Com a simples frase “se o meu senhor procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra”, ela mostra um coração puro, incrivelmente vazio de amargura, hostilidade ou ódio.

Também nos surpreende o “insight” dessa menina, seu discernimento em perceber a tristeza da senhora e a crença pessoal de que um profeta de Israel poderia ajudar. Ela mostra uma confiança absoluta em Deus. Mesmo numa cultura adversa, em que a religião falava de outros deuses, e não do único e verdadeiro Deus, ela guardava no coração tudo o que tinha aprendido sobre o Senhor da aliança.

A nossa menina não fez seminário nem curso de missões, mas aqui está ela fazendo missões! Ela serve a uma senhora, mas acima de tudo ao Rei dos reis, cumprindo o propósito que sempre foi explícito para o seu povo -- fazer o nome de Deus conhecido por todos os povos.

Dessa história podemos tirar algumas lições:

1. Devemos aprender com as crianças: “A criança pode nos ajudar a resgatar e preservar virtudes dadas por Deus que ainda estão presentes nela, como a capacidade do perdão, o amor sincero, a amizade fácil, a espontaneidade, a dependência e a humildade”.1

2. As crianças têm lugar na missão de Deus: “Na história das missões, outras visões moldaram, de forma inconsciente, a vida e a proclamação do reino de Deus. De certo modo, poder e status foram mais valorizados do que o dom do amor e do servir”.2 O que essa história nos mostra é exatamente isso -- na missão, o amar e o servir levam à salvação.

3. É importante ensinar as crianças sobre Deus, instruí-las em suas leis, ajudando-as a entender o seu amor não somente por suas famílias, mas também por todas as famílias da terra.

4. Não devemos desprezar a capacidade das crianças de levar outros à fé e à salvação. Devemos dar-lhes oportunidade para falar, testemunhar e até pregar. Por isso devemos orar por elas e com elas, reconhecendo o seu papel no reino dos céus.
Deus já fez um compromisso de ensinar as crianças: “Todos me conhecerão, ‘desde o menor’ até o maior” (Jr 31.33-34). E nós? Seremos seus cooperadores?


• Jan Greenwood é coordenadora de pessoal da Interserve Brasil-CEM (Centro Evangélico de Missões), em Viçosa, MG.

Notas
1. FASSONI, Klênia, DIAS, Lissânder, PEREIRA, Wellington, org. Uma criança os guiará. Viçosa: Ultimato, 2010. p. 17.
2. Idem, ibidem, p. 37.

Postado por Diana Gilli


Posts relacionados

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães