Publicado por José Geraldo Magalhães em Destaques Nacionais - 10/10/2013
A criança faz parte do Reino de Deus e da Igreja
Criança como parte do Reino de Deus e da Igreja
Imaginem uma pessoa criada na Igreja Metodista que já passou por todas as coordenações possíveis para trabalhar com crianças. Ela passou nas coordenações dos ministérios de trabalho com crianças da Igreja Local, Distrital, Regional. Agora ela assume a coordenação do Departamento Nacional de Trabalho com Crianças da Igreja Metodista (DNTC). Rogéria Valente Frigo é da 1ª Região Eclesiástica. Ela é casada com o Zenézio José Frigo e relata a trajetória ministerial, a expectativa de somar esforços junto às coordenadores regionais e, sobretudo, os desafios e uma mensagem aos pastores e pastoras da Igreja.
1 – Fale um pouco de sua experiência com crianças antes de assumir o Departamento Nacional de Trabalho com Crianças?
Fui criada na Igreja Metodista e tenho orgulho de contar que meu primeiro passeio depois de nascida foi à Escola Dominical, desde então, essa tem sido a rotina de todos os meus domingos como aluna ou professora ao longo de todos os anos. Minha primeira responsabilidade de serviço na igreja local foi como secretária da Sociedade de Crianças. Deus tem me permitido servir à Igreja em diferentes ministérios e, em todos eles, o que mais marca é que sempre tenho recebido mais do que ofertado.
Minha experiência de trabalho com crianças vem desde a adolescência: fui professora da Escola Dominical da igreja local e também em uma de nossas Congregações, fui Diretora local de Crianças (naquela época era assim que nos chamavam). No final da adolescência fui Diretora Distrital de Crianças. Anos mais tarde voltei a Equipe Regional como assessora e depois Coordenadora do Departamento Distrital de Trabalho com Crianças. Assumi a Coordenação do Departamento Regional de Trabalho com Crianças na 1ª Região (Estado do Rio de Janeiro) em maio de 1999. Na ocasião, Rosete de Andrade, era coordenadora e teve que deixar por assumir a coordenação nacional. Meu compromisso com ela era de fechar o seu mandato, mas quis Deus que eu permanecesse até o presente ano.
2 – E como foi à experiência de passar pela coordenação no Estado do Rio de Janeiro?
Coordenar o Trabalho do Departamento Regional na 1ª Região foi uma experiência extremamente enriquecedora. Cresci e amadureci ao longo desses anos. Tínhamos uma assessoria muito comprometida que se reunia regularmente para refletir sobre a caminhada. Estávamos sempre avaliando e planejando, dividindo tarefas e produzindo. Nunca me senti caminhando sozinha, era realmente um trabalho de equipe – uma equipe que nutria um sincero amor fraterno entre seus componentes e isso fazia diferença no resultado do nosso trabalho.
3 - Quais são as expectativas ao assumir o DNTC?
Entendo que o Departamento Nacional de Trabalho com Crianças é o órgão da Igreja Metodista responsável por apoiar e dinamizar o trabalho com crianças na Igreja Metodista brasileira em cada uma de suas Regiões Eclesiásticas e Missionárias. Esse procedimento irá garantir a capacitação de pessoas que trabalham com crianças, o atendimento à criança nas igrejas locais e, por meio delas, promover e apoiar a produção de materiais que subsidiará o trabalho nas igrejas locais.
Minha expectativa é estar somando esforços com o pessoal que trabalha com crianças no sentido de fazer chegar às crianças um trabalho de qualidade. Entendo que não existe Igreja Nacional, Regional e nem Distrital, mas, sobretudo, o trabalho acontece na Igreja Local, da qual somos membros.
Para quem atua na estrutura da Igreja precisa trabalhar no sentido de facilitar a missão lá onde ela acontece – na igreja local. Acredito que é no dia a dia com a criança que se constrói a sua história de fé, que se amadurece a relação com Deus. Então, precisamos de pessoas que sejam genuinamente intimas de Deus, que saibam se relacionar com crianças, que amem esse trabalho. Penso que investir em capacitação, provocar momentos em que essas pessoas se reúnam para conversar sobre a sua prática, avaliar e planejar pode fazer diferença.
4 – Qual sua preocupação atualmente e que precisa ser melhorado no trabalho com as crianças?
Preocupa-me que tenhamos tão pouco tempo com nossas crianças semanalmente para nos dedicarmos a sua educação da fé. É preciso aproveitar melhor esse tempo e que essas oportunidades possam não voltar a se apresentar. A criança é a igreja de hoje, do presente. Ela só permanecerá amanhã ao sentir-se acolhida hoje. Portanto, esse compromisso com a educação da fé da criança é de toda a comunidade. Anseio ver o pessoal que trabalha com crianças capacitado, pastores ministrando para as ovelhas filhotes e comunidade de fé cumprindo o compromisso sacerdotal assumido no pacto batismal.
5 – Já que falamos de preocupações, na igreja metodista batizam-se crianças, há uma valorização delas junto ao Departamento Infantil nas igrejas locais. Em seu ponto de vista, o que pode ser feito para melhorar a participação das crianças nos cultos metodistas?
As crianças estão presentes no meio da congregação e isso é muito bom. Preocupa-nos quando elas são tiradas para outros espaços impossibilitando a igreja de conviver com elas: aprendendo com elas e ensinando-as. Elas precisam estar ali participando da família (famílias têm crianças), e a igreja precisa estar habituada a tê-las por perto. Elas vão participar do culto: cantar junto da comunidade, ouvir os testemunhos, aprender com os exemplos dos adultos – isso vai fazer com que ela se sinta parte da família.
Aos poucos ela vai aprender a participar dos momentos cúlticos – isso faz parte de seu processo de crescimento. O que observamos é que muitos pais não querem gastar um pouco do seu tempo educando as atitudes de seus filhos e se ninguém disser a elas como desejam que elas se comportem naquele ambiente elas não vão adivinhar. Deixam-na soltas “atrapalhando” a atenção dos adultos. Esse procedimento pode ocasionar o mesmo pensamento dos “discípulos de Jesus” que desejaram que elas fosse retiradas dali, pois o que estavam ouvindo era precioso demais para crianças.
6 – O que pode ser feito quando isso ocorrer?
As crianças precisam ser ensinadas, acolhidas, amadas. A comunidade de fé precisa se apresentar como família e assumir seus compromissos diante da criança da sua comunidade. Levá-las para outros espaços em longo prazo pode ser perigoso. A criança que não convive com a comunidade não se sente parte dela. Quando chegam os difíceis dias da adolescência, ela precisa de referenciais de pertença; a igreja não terá oferecido esses referenciais e o adolescente não reconhecerá aquele grupo como sua família. Trabalhar com as crianças pode ser trabalhoso, mas é gratificante. É importante dar mais atenção a elas, por exemplo, na chegada à Igreja a maioria das pessoas cumprimenta aos adultos e ignoram as crianças. É preciso se dirigir a elas também porque elas também fazem parte da comunidade. Temos que crer que a Bíblia é verdadeira quando nos afirma que eles não se perderão se caminharmos com eles nos caminhos do Senhor. Considerar que ela está presente é um bom começo.
7 - Que mensagem você deixaria aos pastores e pastoras da Igreja Metodista?
O trabalho com crianças é o trabalho desenvolvido na fonte das águas. Se envenenarmos a fonte das águas comprometeremos toda a vida do rio. Ou seja, se comprometermos a visão que essa criança construirá sobre Deus, estaremos comprometendo toda a sua caminhada de fé. Nosso compromisso é que nenhum desses pequeninos se perca. Se escolhermos para o trabalho com crianças nosso melhor pessoal e nessa equipe investirmos o melhor dos nossos esforços, certamente iremos garantir que esses pequenos não só permaneçam no Evangelho, mas que venham a ser uma geração de restauradores de ruínas. Precisamos de nossos líderes nesse processo. A amplitude da visão de nossos pastores e pastoras acerca do trabalho com criança vai interferir significativamente no desenvolvimento das ações dos ministérios locais de trabalho com crianças.
Estamos certos de que a cada passo percorrido temos sido acrescidos em fé e na graça de nosso Senhor. Que Deus esteja nos abençoando e que saibamos nos manter no centro da vontade de Deus. Orando para que nossos esforços cheguem às nossas crianças.