Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

do ordinário para o extraordinário


Introdução:

Jesus foi um homem pertubador. Parecia que se divertia em deixar as pessoas em situações de constrangimento, de escolhas difíceis, situações em que era complicado de alguém sair, ou como dizem por aí, uma sinuca de bico. Ele fez isso com o jovem rico, com Nicodemos, com alguns que queriam segui-lo, pedindo para escolher entre uma coisa ou outra. Nós não gostamos quando alguém nos deixa nesse tipo de situação. É muito ruim quando temos que fazer escolhas e escolhas que teremos que carregar pela nossa vida inteira. Nos prendemos muito no "se eu fizer assim, como vai ser?" ou "se eu fizer do outro jeito, não será melhor?". E assim vamos tentando levar a vida e nossas decisões.

No entanto, não podemos fugir dessas escolhas, não podemos nos esconder das decisões que temos que tomar. Se não fizermos no momento em que surgem, teremos que faze-lo mais tarde ou então ficamos a vida inteira carregando o peso da omissão diante da vida e seus desafios. E algumas vezes, a própria vida cobra o que decidimos diante de determinados casos.

Jesus numa festa de casamento. Festas que podiam durar dias na época. E lá estava Jesus...diferente de João Batista que era um asceta, Jesus fazia questão de estar no meio de gente e bebia e comia, até que o chamavam de glutão e beberrão! Mas ali naquela festa o vinho havia acabado e corre a notícia entre alguns convidados...uma vergonha! Até chegar a mãe de Jesus...e ela comunica ao filho o que acontecia...Jesus dá uma resposta aparentemente ríspida...mas pede algo estranho: Para que enchesse as talhas da purificação de água. Não sei porque não questionaram o pedido ou evangelista não registra, mas fizeram assim. Ali naquele momento começa um grande conflito para os convidados. Não havia mais talhas para a purificação. Era tudo vinho, a água usada para purificar não existia mais...haviam se transformado em vinho. Jesus faz o desafio da água para o vinho, do ordinário para o extraordinário...um convite desafiador e ousado.


Da Água...

Não resta a menor dúvida da importância da água como elemento primordial para o sustento da vida. Não é preciso dizer de seu valor para o ser humano. Porém, gostaria de falar hoje não da importância da água, mas de algumas outras características própria. A água não tem cor, sabor ou aroma. Se há algumas dessas característica, então não está pura, está misturada com algum outro elemento ou contaminada. Sem cor, sabor ou aroma...se pensarmos bem, apesar de sua grande importância, a água é bem sem graça.

No ritual judaico, as talhas eram usadas para purificar. Antes de entrar na casa ou festa para comer era preciso lavar-se, mas não podiam enfiar as mãos dentro das talhas, era preciso que alguém que já estivesse purificado enchesse uma concha com água e derramasse sobre as mãos do outro, fora da talha, para que ele se purificasse. Era tradição. Quem não fizesse assim, não poderia se alimentar de forma alguma. Para isso servia água naquele casamento. Nada mais. Um ritual rotineiro e descabido de sentido. Tanto que Jesus atenta os religiosos para o fato de que "o que contamina o ser humano não é o que entra, mas o que sai de sua boca, porque as palavras saiam do coração..."

Portanto naquele momento, a água para aquelas pessoas que ali estavam era um símbolo do nada...o comum que faziam todos os dias...

Algumas vezes é assim que levamos a vida...sem cor, sem sabor, sem aroma...nada é novo...nada é atrativo...é simples rotina.

Preocupo-me muito em como tenho considerado a vida que me foi dada por Deus...onde tenho fixado meus valores?...onde tenho concentrado meus esforços?...o que realmente tenho valorizado como importante pra mim? Será que o que eu faço como obra do Reino, tenho feito como promoção para a vida ou tenho realizado como uma mera tarefa institucional? Ou ainda, será que faço tudo isso para que as pessoas me vejam como uma pessoa de bom coração e altruísta? Tenho feito a obra do Reino sem cor, sabor e aroma da água da purificação? A tradição é pra mim mais valiosa do que a vida? São questionamentos que tenho e que me inquietam...porque dependendo da resposta, estou tomando um caminho contrário ao caminho de Jesus, estou tendo uma visão da vida diferente da visão de Jesus...

Mas Jesus cria aquela situação difícil. As pessoas teriam que fazer uma escolha, pois não havia mais água nas talhas...elas estava cheias de vinho e vinho do bom!


...Para o Vinho!

Sem fazer qualquer apologia a bebida alcoólica, devemos reconhecer que o vinho tem um aspecto diferente da água: tem cor, sabor e aroma! Na Bíblia o símbolo do vinho é usado para representar algo novo e alegre. Esse sinal de transformação era por demais extraordinário, pois era uma transformação de elementos muito diferentes! Jesus estava numa festa que acabou o vinho e festa sem vinho não era festa... esta teria que acabar! O que fazer? Ora, estava ali algo comum, usado todo o dia...vamos fazer do que é comum o elemento diferente! Para festa continuar era preciso transformar o sem cor, sem sabor e sem aroma em cor viva, sabor doce e aroma agradável! O ordinário em extraordinário! Quem quisesse participar da festa teria que fazer a escolha: Purificação (ritual da lei) ou o bom vinho (vida nova)?

Talvez seja esse nosso problema: nos apegamos tanto a certas coisas, nos afundamos em mandos e desmandos...que esquecemos de olhar a vida. Esquecemos de dar prosseguimento ao sentido de viver...esquecemos que o bem maior no mundo é a vida. Gostamos de ser regidos por regras e regulamentos...na verdade, gostamos de algum tipo de tirania...e que as pessoas nos digam o que fazer...a conformidade com mediocridade, com a estagnação dos sentimentos. "A situação está feia mesmo, o nada que eu faço não vai fazer diferença".

E Jesus convida a um momento novo, a novos valores, novos sentidos para viver. Não a água da purificação, mas o vinho da transformação...com cor, sabor e aroma...este é o novo tempo...o tempo da diferença...da novidade...da esperança...da busca da alegria. Imagino a situação de quem estava chegando para a festa. Não tinham as talhas da purificação, mas viam a alegria daqueles que estavam saboreando o vinho novo e bom! E alguns olhavam sedentos para aquela cena, mas...não tinha água para purificar! O que fazer?

Por isso que eu disse no início que Jesus era um homem perturbador... Todas pessoas quietas, conformadas e acostumadas com a vidinha que levavam...mas então chega o nazareno e tira a tranqüilidade com propostas diferentes de se viver. E ainda hoje, Ele nos chama para que entremos na festa e bebamos o vinho novo e bom do evangelho...que caminhemos para uma nova perspectiva de vida...sem estarmos presos e presas no que a sociedade diz, no que as pessoas julgam e criticam...nos chama para transformamos a água sem cor, sabor e aroma em vinho, com cor, sabor e aroma. Dar um sentido real e digno para nossas vidas.

Conclusão:
Falamos muito da força da Igreja, credibilidade da Igreja, da honestidade do cristão...mas não vejo mudança...só vejo talhas da purificação e pessoas ainda lavando as mãos com medo da contaminação. Enquanto o bom vinho está esperando para ser degustado. Uma mudança só pode ser considerada mudança depois de mudar alguma coisa. Isso é lógica!

A maioria das pessoas julga os outros pelo que estes fazem; mas julgam a si mesma pelas suas intenções. Ter intenção de mudar não é mudar. Dizer que vai mudar, prometer mudar, tomar a decisão de mudar - Nada disso é mudar. As pessoas ficam presas a hábitos, a ordens e a comportamentos antigos mesmo que tempos depois tenham perdido sua utilidade. O tempo da água de purificação passou é hora de vivermos a novidade do bom vinho dado por Jesus.

"Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa". (Antigo provérbio árabe)

Antônio Carlos Soares dos Santos, pastor IM de Altamira


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